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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

UMA TEMPORADA DE ADIAMENTOS OU UMA TEMPORADA ADIADA?

07.07.21 | António Lúcio / Barreira de Sombra

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Como já escrevi mais do que uma vez, não serão fáceis os próximos tempos, vítimas da incompetência e incapacidade de uns quantos que nos governam, da sua arrogância e prepotência, e, por outro lado, vítimas da falta de civismo e de responsabilidade de muitos outros que não entendem que a sua liberdade de fazer disparates e de não respeitar regras básicas não os prejudica apenas a eles como a toda a comunidade.

Estamos nisto da pandemia há 16 meses. Contratam-se e despedem-se profissionais de saúde como quem vai á loja da esquina comprar meio quilo de cebolas. Quando mais falta fazem, despedem-se… A máquina burocrática do Ministério da Saúde e da DGS impede comunicação e decisão a tempo e horas, situação em que o Governo e os interesses instalados são cúmplices. Está mais do que visto que não adianta fechar um sector ou uma área só porque sim, pois não houve festejos populares de Santo António em Lisboa e os números dispararam desde então para níveis preocupantes…

Pois bem, vacine-se e em força, contratem enfermeiros para a tarefa, recrutem-se farmacêuticos capacitados para a função de vacinação, militares e Cruz Vermelha. Abram-se mais postos de vacinação e com horários alargados. A Covid, tal como a gripe e algumas outras doenças vão tornar-se endémicas, vão precisar de medicação específica como de vacinação, e não conseguiremos no curto prazo voltar a valores de zero casos. É uma dura realidade mas é uma realidade com que há que saber lidar.

Proíbem-se os espectáculos tauromáquicos e outros espectáculos culturais apenas porque sim. Porque não há evidências de qualquer surto ocorrido nas corridas de toiros do ano passado e deste… Porque até a IGAC destacou no seu relatório anual a qualidade e o cumprimento das regras por parte dos intervenientes e dos espectadores das corridas de toiros.

Então proíbe-se porquê? Tem a DGS ou o Ministério da Saúde dados que desmintam o facto de não ter havido um único surto ou casos positivos entre intervenientes e espectadores das corridas de toiros e de outros espectáculos culturais? Não têm, seguramente. E por isso dizemos que a Cultura é Segura e que proibir as corridas de toiros em alguns locais é um acto discricionário, desprovido de bases científicas e apenas por uma ditadura do gosto é possível que tal aconteça.

Por causa das constantes alterações das regras, da falta de rigor científico de algumas delas (tem de se provar que há surtos ou casos positivos numa actividade para a limitar), da dependência da vontade política de alguns decisores ligados à DGS ou ao Ministério da Saúde, a temporada 2021 tem sido marcada por constantes anulações e adiamentos de espectáculos com tudo o que de negativo isto traz para as actividades culturais e todas as outras que nelas têm parte importante do seu sustento.

De adiamento em adiamento, esta temporada corre o risco de ser uma temporada adiada. O grande público vai estar à espera até à última hora para decidir se vai a uma corrida com medo de que a mesma seja adiada ou cancelada á última hora. Projectos adiados, vida adiada como tem sucedido nos últimos 16 meses. E quando alguns pensavam quem a partir de Abril/Maio tudo isto voltaria ao normal, sempre disse e escrevi que era esperar para ver.

E continuo a afirmar que a solução não está em fechar por fechar, proibir por proibir como muito gosta o Governo de Costa e com a oposição (?) a nada dizer porque quando se votaram os estados de emergência quase todos disseram que sim. Teremos de ser mais conscientes e respeitadores das regras do uso de máscara, de distanciamento social, de higiene maior do que nunca, de procurarmos a vacinação (ainda que não seja totalmente eficaz como já se viu), abrindo as portas da cultura, e outras, a todos. Não se pode proibir uma peça de teatro, um concerto musical, uma corrida de toiros e manter abertos centros comerciais onde muitos milhares de pessoas se cruzam durante todo o dia e até fazem enormes filas à porta das lojas.

Aqui sim, deve aplicar-se claramente o slogan TODOS DIFERENTES TODOS IGUAIS!!!

Texto e foto: António Lúcio