REVISTA DO ANO TAURINO 2023 DO BARREIRA DE SOMBRA (7)
MATADORES DE TOIROS E ASPIRANTES A NOVILHEIRO
Neste capítulo, os que mais vimos tourear foram Manuel Dias Gomes, Alejandro Talavante e João Silva “Juanito, no que se refere a matadores de toiros e Tomás Bastos na categoria de aspirantes a novilheiro.
Vejamos então o que escrevemos sobre as suas actuações.
Manuel Dias Gomes
25.04 – Sobral de Monte Agraço - Manuel Dias Gomes foi o autor dos melhores lances de capote frente a um novilho rematado e que teve algumas condições de lide e que o diestro soube aproveitar para uma faena de classe, de com alguns muletazos de muito boa execução e, no conjunto, de muito mérito e qualidade.
07.09 – Lisboa, Campo Pequeno - DIAS GOMES COLOCA A CARNE NO ASSADOR E MARCA IMPORTANTE ACTUAÇÃO EM LISBOA
Manuel Dias Gomes também entrou pela porta da substituição (de Cayetano) e marcou importante presença com duas faenas de grande valor e com a televisão a mostrá-lo a todo o Mundo. Mostrou qualidade, desenvoltura, toureio do bom com o capote e triunfou em Lisboa porque colocou a “carne no assador”, mostrando arte e valor. O seu primeiro, de Varela Crujo teve qualidade e permitiu uma faena de muleta de classe, por ambos os pitóns, variada e aproveitando ao máximo o que o toiro deu. Terminou mostrando valor, pelas curtíssimas distâncias entre e os pitóns do toiro, como faria no final da lide do sétimo, de Calejo Pires e que era bastante exigente mas com qualidade. De novo o seu fino toureio presenteou o público com boas séries, templadas e com profundidade em muitos dos muletazos. Mostrou o quão injusto ter tão poucas oportunidades dada a sua classe e toreria.
01.10 – Vila Franca de Xira - O matador Manuel Dias Gomes, recebeu o seu primeiro, de Assunção Coimbra e que foi mansote, com bonitas verónicas a que responde “Cuqui” com um quite por chicuelinas. Bandarilharam, e bem, João Pedro Açoriano e Miguel Silva, que saudaram. Faena de muleta com classe e saber por ambos os pitóns mas sem romper em êxito pois o toiro foi-se apagando e o toureiro teve de porfiar para lhe sacar os muletazos. Manso sem remissão o que segundo, de Calejo Pires que desde que saíu à arena procurou fugir da luta indo para terrenos do sector 5 e foi aí que Dias Gomes tentou, com valor, sacar-lhe os poucos passes que permitiu.
Alejandro Talavante
04.03 - Olivença - Talavante é um prodígio com a mão esquerda e desenhou momentos sublimes em ambos os toiros. Bem de capote, teve uma excelsa faena de muleta frente ao quinto da ordem, iniciada de joelhos e com 2 cambiados “por la espalda” que fizeram soar olés. Em ambos os toiros, os seus naturais foram de escândalo pela sua profundidade, pela envolvência e ligação e foram do que de melhor se viu em toda a tarde. Foram momentos magníficos que o mau uso da espada travou na concessão de troféus no primeiro e que a benevolência do presidente transformou em duas orelhas no segundo após pinchazo e estocada.
05.10 – Vila Franca de Xira - Alejandro Talavante foi igual a si próprio. Bem de capote em ambos os toiros, teve uma primeira faena de sonho, de classe e arte, com muletazos largos e profundos e sacando todo o partido das nobres investidas do de Cuvillo. Os olés começaram a fazer-se ouvir como há muito se não ouviam em Vila Franca, vindo do mais profundo do sentimento dos bons aficionados, que ainda há alguns. Grande faena e público de pé. Não teve um segundo oponente tão bom mas voltou a empregar-se e com afinco e pundonor toureiro tirou-lhe tudo o que havia para lhe tirar e o público reconheceu a sua entrega.
João Silva “Juanito”
06.08- Abiúl - JUANITO SAIU EM OMBROS E DOIS TOIROS REGRESSARAM AO CAMPO
Juanito lidou o terceiro da tarde, um toiro de 4 anos e muita presença que se revelou de enorme qualidade, classe e nobreza e que o toureiro soube entender desde cedo. Boas verónicas, chicuelinas e rebolera e tércio de bandarilhas bem preenchido por Pedro Noronha (2 bons pares). A faena de muleta teve classe por ambos os pitóns, muletazos largos e de bom traço, templando e mandando. Houve variedade e qualidade no seu toureio, dando 2 aclamadas voltas à arena, a segunda na companhia do ganadeiro Carlos Falé Filipe. O sexto da ordem era imponente também e teve qualidade, melhorando e crescendo após o bom quarto par deixado por João Oliveira (que teve mais dois também bons). Faena de muleta brindada a João Queiróz. Qualidade, suavidade, variedade e público na mão por essas séries de muletazos bem desenhadas e pela variedade. Saiu em ombros.
12.09 – Moita - Juanito exibiu-se a contento de capote frente ao 3º da noite, de Calejo Pires e que cumpriu. Esteve Juanito bem de muleta pelo lado direito, com algumas boas séries e depois pelo lado esquerdo não houve tanta potabilidade nas investidas do toiro. Teve um final de faena arrimadíssimo e deu volta sob fortes aplausos. O seu segundo, também de Calejo Pires, precisava ter levado uma varita já que por vezes as suas investidas eram algo descompostas, mostrando mais génio que bravura. Faena a cumprir mas sem grandes cometimentos.
Tomás Bastos (aspirante)
02.07 – Vila Franca de Xira - VILA FRANCA ESGOTOU COM MORANTE E A APRESENTAÇÃO DE TOMÁS BASTOS
Comecemos pelo fim, pelo sétimo exemplar, e pela apresentação em Vila Franca de mais um toureiro desta terra que, se a sorte ajudar e não houver precipitações, pode ser um caso sério. Genética não lhe falta, postura toureira também não e a sua atitude, de novilheiro, justifica o apoio do público. Desde que abriu o capote e lanceou à verónica com parcimónia e bom gosto, que se percebeu ao que vinha Tomás Bastos. Com as bandarilhas esteve francamente bem e nem sequer a voltareta no 3º par, que repetiu com entrega total, o fez mirar-se. A faena de muleta teve bons pormenores por ambos os pitóns. Nota-se que está placeado e quando o erale de Calejo Pires começou a investi com alguma brusquidão, manteve o ritmo, mandou e “meteu” no bolso o público que, por várias vezes o aplaudiu de pé. Bela estreia em arenas portuguesas e podemos dizer que Vila Franca volta a ter um toureiro.
12.09 - Moita - Noite histórica a protagonizada pelo benjamim dos novilheiros sem picadores, Tomás Bastos, autor de uma extraordinária e aclamada faena e premiada com a saída em ombros pela Porta Grande da “Daniel do Nascimento”. Foi arte pura, foi perfume de raras essências, foi profundidade dos muletazos, foi tourear como só os eleitos, os predestinados, o podem e conseguem fazer. E colocar todo o público de pé, a aplaudir o seu labor, foi algo de mágico e de histórico que fez abrir de par em par a Porta Grande. Foi o sonho transformado realidade na intuição e habilidade toureira de um jovem que é de Vila Franca e se chama Tomás Bastos, fazendo ressurgir o slogan de sue tio-avô José Júlio e que percorreu o mundo taurino. Enhorabuena Tomás e que Deus te acompanhe nesta caminhada, longa e cheia de espinhos, mas também de muitos momentos mágicos como aqueles que proporcionastes na noite de terça-feira na Moita.
05.10 – Vila Franca de Xira - Que grande tarde, que transbordar de emoções, que classe, que toureiria, aquela com que nos brindou Tomás Bastos a nova coqueluche, o novo ídolo dos aficionados portugueses e que nos faz acreditar que sim, que é possível, que teremos de novo uma grande figura do toureio. Obrigado Tomás pelo que me emocionei, pelos olés que se soltaram do fundo das entranhas, e por me teres transportado para outros tempos e outra dimensão. Foram momentos mágicos, os da primeira lide, frente a um bravo novilho de La Cercada e a saída em ombro é o corolário e prémio máximo à tua atitude, ao teu toureio que, e também no segundo novilho, foi de muita classe, assim como os pares de bandarilhas. Não adianta descrever as faenas ao pormenor, porque a maioria decorreu sob o signo do “pormaior”, da arte, da classe, da pintureria e do toureio do caro, daquelas raras essências. Se procuravam, encontraram! Olé Tomás Bastos.