PONTE DE LIMA 09/SETEMBRO/2018 - FEIRAS NOVAS… COM ‘VELHAS’ LOTAÇÕES ESGOTADAS… E UMA ANIMADA TARDE DE FESTA DOS TOIROS
Tarde de sol, quente, mas agradável, Ponte de Lima, voltou a encher o gosto de quem gosta de uma genuína e gostosa romaria à moda do povo do Norte, ou não fosse esta simpática e abençoada terra um oásis de referência no municipalismo, tão caro, aos políticos de fora, e aos ‘empregados’ em Lisboa.
Cordial no receber, próprio das gentes do Norte, hospitaleira e amiga do seu amigo, coisa que nem todos sabem entender, acolher, e desfrutar, por educação, mau feitio, ou simplesmente por urbanismo tacanho, pedante e pretensioso, Ponte de Lima, tem das tradições, e usos e costumes, aquela natural simplicidade que chega a ser uma ‘ofensa’. Não será por acaso que é uma das terras onde a juventude citadina mais ocorre, se acolhe e, onde enche e preenche tempos de lazer, encontro e convívio.
Pois neste domingo, soalheiro de início de Setembro, tempo de colheitas, Ponte de Lima voltou a ter as suas Feiras Novas, uma celebração à vida, ao trabalho, à alegre confraternização e, como é tradicional, a Festa dos Toiros, a Tradicional Tourada, foi um dos muitos e diversos modos de a desfrutar.
Com o aviso de ‘não há bilhetes’, Lotação Esgotada, às 18 horas, sob a direcção e condução de um representante da Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC), o senhor Francisco Calado, com a colaboração na parte veterinária do senhor dr. Carlos Santos, teve início a Tradicional Corrida de Toiros à Portuguesa. As rezes a serem lidadas eram da ganadaria São Trocato, e actuariam os cavaleiros de alternativa, Tito Semedo e Filipe Gonçalves, bem como a cavaleira praticante, Soraia Costa que, conjuntamente com os Grupos de Forcados - Amadores de Lisboa e Coimbra, (capitaneados respectivamente, por Pedro Maria Gomes e Pedro Silva), compunham o cartel.
Tito Semedo, a cumprir esta temporada 25 anos de alternativa, cumpriu a sempre ingrata tarefa de abrir praça, e criar ambiente. Conseguiu-o, com uma lide a mostrar, ao São Trocato que lhe couve em sorte, que sabe mandar, e como o fazer a contento. Boas preparações e cravagem a preceito, foram um bom augúrio do espectáculo que estava em expectativa. E se na lide do seu primeiro esteve bem, com ferros onde último curto merece destaque, um quiebro em preparação, terreno e execução emotivos, na lide do seu segundo voltou a alegrar a concorrência, e a mostrar por cá anda. Pegou o 1º., à 4ª. Tentativa, e a sesgo, Manuel Távora Correia, dos A. Lisboa, o 2º., 5º. da ordem, teve na cara António Galamba, dos A. Lisboa, que resolveu a papeleta, com uma boa pega à 1ª.
Filipe Gonçalves, que ainda cravou dois compridos no seu primeiro, o 2º. Da tarde, viu ter de ser recolhido o São Trocato, por fraquejar das patas dianteiras, agravadas por impensável má lide dos bandarilheiros, pouco cuidadosos, ou inábeis, na apreciação e ajudas realizadas. Assim, correndo turno, e com a concordância das partes, empresário, ganadeiro e Comissão de Festas, foi possível não defraudar os espectadores e aficionados, permitindo que o cavaleiro, Filipe Gonçalves, que por aqui tem uma enorme popularidade, mostrasse a sua mestria. E Filipe Gonçalves não perdeu a oportunidade, quer na empolgante lide ao seu primeiro/bis, quer no último, uma lide que redondeou com entrega, e um desfilar de montadas em diferentes e variadas sortes. Pegou o primeiro, à 2ª. Nuno Costa, e o 2º. À 1ª. Nuno Afonso, ambos dos A. Coimbra. Nuno Afonso, que despiu a jaqueta de ramagens, cerimónia que decorreu após a boa, bonita e rija pega que acabara de concretizar, viu o público, e os companheiros envolvidos com emoção nesta despedida.
Soraia Costa, já refeita, como só os ‘toureiros’ o sabem ultrapassar, após o percalço sofrido em Baião, teve uma boa lide no seu primeiro, com entrega, entendimento, desenho de sortes e cravagem, uma lide a mais e com muito mais saber e querer. Animada e acarinhada pelo respeitável, a menina do Norte, tem humildade no aprender, e sabe ouvir no entender. Não teve na sua segunda prestação o mesmo nível alto que atingiu na primeira, mas deixou afición e agrado, aliás, manifestação que o público mostrou e demonstrou. Pegou o seu primeiro, à 1ª. André Macedo dos A. Coimbra, e o 5º., Renato Avelar dos A. Lisboa, à 2ª. aguentando com firmeza o desvio do toiro, até a intervenção das ajudas.
Tarde de toiros animada, participada, que é uma coisa sempre complicada de entender por certas gentes que não se entendem como tudo o demais, quer na Festa dos Toiros, quer do viver e sentir das gentes que por cá vivem, Ponte de Lima esgotou os lugares disponíveis por quem gosta da Festa, e tem nas sua Feiras Novas, um momento de convívio e animação único, agregador, em Liberdade.
Uma necessária e merecida palavra de admiração e estímulo para o organizador desta celebração da Tourada nas Feiras Novas, Pedro Pinto. O seu trabalho, empenho e ânimo, por certo que perdurarão, e não serão esquecidos, na memória dos responsáveis da organização das Feiras Novas, em Ponte de Lima. Parabéns.
Texto e foto: José Andrade