OS MEUS VOTOS PARA 2020
Dois mil e vinte é um ano redondo. E, apesar dos pesares, espero que o seja para nossa tauromaquia em todos os aspectos porque se tratará de um ano essencial para mostrar a sua força, a sua vitalidade, a sua força, a sua resiliência e capacidade de adaptação às novas realidades, a capacidade de se reinventar em cada momento ou não fosse ela a Arte das Artes.
Todos nós esperamos, ano após ano, que apareça um novo Messias, salvador da arte, capaz de congregar milhares de apóstolos em seu redor e de dar um novo alento, um novo sentido, uma nova vida ao que é a nossa paixão e, quiçá, uma forma de religião.
Não sou muito de acreditar no regresso de D. Sebastião numa manhã de denso nevoeiro no rio Tejo. Aí só ouço as buzinas dos barcos que o sulcam entre as duas margens. Acredito sim que um grupo de toureiros devidamente acompanhados pelos seus apoderados e em competição séria na arena, poderá fazer toda a diferença. Ainda que por vezes acompanhados por alguns dos mais antigos de alternativa.
É necessário que Duarte Pinto, Salgueiro da Costa, Moura Caetano, Marcos Bastinhas, João Moura Jr, Miguel Moura, Luís Rouxinol Jr, Francisco Palha, João Ribeiro Telles, António Prates, por exemplo, sejam figuras centrais da nova temporada e se enfrentem aos Teixeiras, Silvas, Murteiras, Sãó Torcato/P.Barreiros, Palhas, Vale Sorraia e outras ganadarias das que potenciam os triunfos pela seriedade e pelo que exigem dos toureiros e da emoção que transmitem para as bancadas e façam o povo acreditar que vale a pena ir ver essas corridas…
Juntem-se-lhes Manuel Telles Bastos, Rui Fernandes, Filipe Gonçalves e outros já mais veteranos e teremos competição a sério. Claro que não poderei deixar de referir a inclusão de cavaleiros mais jovens como os praticantes Soraia Costa, Mara Pimenta, António Ribeiro Telles filho, Manuel Oliveira, Correia Lopes ou Ricardo Cravidão, entre outros, para que o futuro esteja assegurado.
No toureio a pé, e com escassas oportunidades, os miúdos que andam nas escolas de toureio não encontram a necessária moralização e se alguns ao fim de algum tempo optam por passar à categoria de bandarilheiros, outros pura e simplesmente desaparecem.
Os nossos matadores continuam na luta com Nuno Casquinha a ser o mais representativo e o que mais toureia. Lutando no Perú para depois tentar aproveitar as poucas oportunidades em Espanha e França e por cá vai dando cartas nas praças por onde passa. Juanito foi o último português a tornar-se matador e teve uma interessante temporada 2019. Manuel Dias Gomes aprimorou a sua arte e duende, e António João Ferreira mantém acesa a chama e esperam todos eles e nós também uma oportunidade em Madrid, que bem a merecem para mostrar o seu real valor, pois por cá, com toiros de 4 anos e sem picar, já há muito que o confirmaram.
Nos forcados o futuro está mais que assegurado, com a quantidade e qualidade de jovens forcados e a afirmação de muitos outros. É a verdadeira semente de esperança pela sua entrega em cada pega, como se fosse a última, e por esse momento único da corrida de toiros em *Portugal, a pega.
E no capítulo do elemento essencial, o toiro, então aí estamos mais do que garantidos com a qualidade, a bravura, a raça, a classe dos toiros portugueses. Ganadarias para todos os gostos, são elementos essenciais para que da diversidade de encastes e de comportamentos, nasça a luz e se faça a festa.
Faço votos de 2020 seja uma temporada de enorme qualidade e que os maus ventos sejam afastados para bem longe.
António Lúcio, 29/12/20019
Foto: António Veladas