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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

O PÚBLICO, ESSE GRANDE JÚRI - LISBOA, 27/08/2020

28.08.20 | António Lúcio / Barreira de Sombra

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Praça de Toiros do Campo Pequeno - 27/08/2020 - Corrida de Toiros

Director: Ricardo Dias - Veterinário: Jorge Morerira da Silva - Lotação: quase cheia (95 % do total permitido)

Cavaleiros: João Moura Caetano, João Moura Jr, João Ribeiro Telles

Forcados Amadores de Évora e Aposento da Moita

Ganadaria: Francisco Romão Tenório

O PÚBLICO, ESSE GRANDE JÚRI

Noite fresca nesta última quinta-feira de Agosto. Apesar dos actos de vandalismo que aconteceram nessa madrugada contra o Monumento que é a Praça de Toiros do Campo Pequeno e de a PSP ter permitido que a manifestação dos anti-taurinos estivesse a menos de 50 metros da entrada principal, o público aficionado respondeu de forma clara e inequívoca com uma excelenet moldura humana que quase encheu por completo a lotação possível e autorizada pela DGS, não respondendo aos impropérios daqueles que se dizem na vanguarda civilizacional mas são capazes de perpetrar atentados como todos pudemos ver nas imagens que foram difundidas.

Depois da justíssima homenagem a D. Francisco Mascarenhas pelos seus 75 anos de alternativa e ao Grupo de Forcados Amadores do Aposento da moita pelos seus 45 anos de existência, arrancou a corrida propriamente dita, sujeita a regras nalguns casos pouco compreensíveis e que serã objecto de análise num próximo artigo de opinião. Foram dois momengos importantes como o foi a estrondosa ovação quando Moura Jr depois de brindar a sua lide a António Telles e Diego ventura o fez também a seu pai o maestro João Moura que se encontrava no lado oposto da praça. Uma das maiores ovações da noite a provar que o grande público tem memória.

Todos sabemos que os "Murubes" na sua fase actual transmitem muito pouco. São nobres e suaves, investem pelos mínimos tal como a sua casta e bravura. Mostraram, vários deles, a falta de som, de picante, o que faz toda a diferença para a emoção que o toiro tem de transmitir. Em meu entender, e cada vez acho que entendo menos, os toiros de Romão Tenório, bem apresentados, não trouxeram a bravura e a emoção que a corrida impunha e merecia.

E o público, esse grande júri, esse que tudo decide e sustenta o espectáculo tauromáquico, reagiu com fortíssimos aplausos a dois momentos da Moura Jr no seu primeiro e á fase finald a sua lide ao quinto da noite, como reagiu também de forma expressiva e sem margem para dúvidas a dois ferros de João Ribeiro Telles em cada um dos seus toiros. E é isso que, a meu ver, mais importa realçar.

Moura Caetano teve algumas hipóteses com o que abriu praça e bem se esforçou no que foi quarto, manso perdido, e que não lhe permitiu mais que cumprir dignamente a papeleta.

Houve momentos de grande nível em dois curtos de João Telles em cada um dos seus toiros, com batidas ao pitón contrário que resultaram muito bem e fizeram o público levantar-se dos seus lugares, creditando-se com um dos triunfadores da noite. Teve um percalço num remate com o cavalo a tropeçar e cair á mercê do toiro mas, felizmente, sem consequências.

Moura J tem dois curtos de muito boa nota no seu primeiro e um comprido de grande nível em sorte de gaiola a abrir a lide ao quinto da ordem. Destaque maior para a forma superior das duas "mourinas" com que rematou a sua lide e a forma como as rematou e que foi de elevado nível fazendo soar a ovação da noite. E quando o público reage assim...

Dois Grupos de Forcados encarregaram-se de pegar os seis "Romão Tenório": Amadores de Évora e Aposento da Moita. Pelos alentejanos de Évora abriu praça o cabo João Pedro Oliveira com raça e determinação à 1ª, seguido por António Alves que só consumou à 3ª e Ricardo Sousa também à 3ª. Ripostaram os do Aposento da Moita com o cabo Leonardo Mathias numa boa cara á 1ª, seguido por Martim Cosme Lopes também ao primeiro intento, assim como João Ventura.

Na direcção de corrrida esteve Ricardo Dias assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva. Guardou-se um minuto de silêncio em memória do campino Carlos Custódio.

Texto e foto: António Lúcio