“O ESPETÁCULO PODE FERIR A SUSCETIBILIDADE DOS ESPETADORES” - COMO É QUE PASSOU NO REGULAMENTO DO ESPECTÁCULO TAUROMÁQUICO?
De acordo com o Decreto Lei 89/2014, Regulamento do Espectáculo Tauromáquico, na alínea j do nº 1 do artº 22º , é obrigatório colocar a seguinte frase: “o espetáculo pode ferir a suscetibilidade dos espetadores”. Na televisão significa ter de colocar bola vermelha no canto superior direito do ecran. Violência, obscenidade, pornografia… por exemplo. Mas todos estes três tipos de conteúdos nos entram em casa, a qualquer hora do dia e sem qualquer menção especial como aquela que exige o RET, via televisão e sem que saibamos o que vem a seguir, ao contrário de quem vai ao espectáculos dos toiros.
Todos nós sabemos que o espectáculo tauromáquico tem imagens fortes, momentos em que algumas pessoas podem ser sugestionadas mais facilmente que outras. Mas todos sabem ao que vão pois hoje em dia informação não falta, alguma dela até vinda dos antis que fazem questão de sublinhar a presumível violência contra os animais e o sangue que as farpas provocam. Mas daí até ferir a susceptibilidade dos espectadores… Então não é uma incongruência permitir que assistam ao espectáculo crianças e adolescentes? Se estiverem acompanhados de adultos já não há problema.
Quando foi discutido o actual RET, várias foram as entidades ouvidas e, penso eu, consideradas as suas opiniões pelo legislador que elaborou este Decreto Lei. Será que os anti têm mais peso que os aficionados? Ou foi uma desatenção dos representantes da lusa tauromaquia que permitiu que, entre os disparates plasmados na lei, este fosse um dos mais violentos ataques contra a imagem que a tauromaquia sempre fez questão de projectar, referente a todos os seus ancestrais valores?
Cada vez se limita mais o acesso dos jovens ao meio tauromáquico, inclusive no acesso à profissão. E os representantes da lusitana tauromaquia continuam sem «colocar a boca no trombone» e denunciar estas tentativas de por a + b impedir que os jovens assistam ao espectáculo, que pensem que é de obscenidade ou de violência extrema, e que possam aceder, desde pequenos, á aprendizagem das diversas vertentes da tauromaquia, sejam elas o toureio a cavalo, o toureio a pé, os forcados, etc…
Não vi ninguém preocupar-se, de viva voz, e dando essa preocupação à estampa durante toda esta temporada, e procurando dar eco das suas acções para impedir essa limitação que poderá ser consagrada na lei que visa delimitar o acesso às profissões e que tem vindo a ser discutida na Assembleia da República.
Vão deixar que tudo se passe entre corredores e gabinetes da Assembleia da República e venha a ser conhecido só após a publicação em Diário da República???