NOVA E INTERESSANTE OBRA SOBRE A TAUROMAQUIA
“O Processo Civilizacional da Tourada: Guerreiros, Cortesãos, Profissionais… e Bárbaros?”
Este livro desafia a sabedoria convencional acerca das corridas de touros. Com uma abordagem inovadora, a partir da obra de Norbert Elias, defende que a tourada é o resultado da interação entre as transformações da sociedade e as decisões que visam criar regras sobre a lide do touro. No decurso da história, a corrida de touros civilizou-se, ou seja, pacificou-se, no sentido em que foi aumentando o nível de autocontrolo na conduta e nas emoções quer dos toureiros quer do público. Tal não significa que a violência tenha desaparecido, mas sim que adquiriu novas faces e contornos. Este percurso histórico, desde o século xv até à atualidade, é reconstruído nestas páginas analisando a corrida de touros em Portugal através do prisma da regulação da violência, da sua exposição pública e da sua relação com os padrões de comportamento e de sensibilidade da população…
O Processo Civilizacional da Tourada: Guerreiros, Cortesãos, Profissionais… e Bárbaros?”, é um livro da autoria de Fernando Ampudia de Haro, e editado pela A Imprensa de História Contemporânea (IHC), editora universitária do Instituto de História Contemporânea.
O livro assenta num estudo sociológico e histórico acerca da tourada portuguesa, para perceber como se configura historicamente e de acordo com as transformações que sofre a sociedade onde se enquadra.
“Durante os dois últimos anos, ao regressar a casa após as minhas aulas, encontrei com frequência um grupo mais ou menos numeroso de pessoas concentradas na Praça do Campo Pequeno , em Lisboa. Lançavam gritos de protesto contra a tourada que iria ter lugar nessa noite. Ocupavam um espaço delimitado por barreiras metálicas sob a vigilância de vários polícias e exibiam cartazes denunciando aquilo que, na sua opinião, era um ato de crueldade e cobardia para com os touros que seriam lidados. Surpreendia -me sempre o vigor e a intensidade da sua reivindicação, além da sua resistência: já longe, e a jantar com a minha família, ainda era possível ouvi -los. Ao mesmo tempo, os espetadores que assistiriam ao espetáculo conversavam fora antes de entrar na praça. Pela sua atitude, não pareciam excessivamente incomodados com o protesto. Cumprimentavam -se à espera de aceder ao recinto para mais uma noite de cavaleiros e forcados. Os que aguardavam pela chegada de alguém, fumavam, caminhavam erraticamente ou submergiam o olhar nos écrans dos seus telemóveis.”, pode ler-se na introdução do livro da autoria de Fernando Ampudia de Haro.
Sobre o autor:
Fernando Ampudia de Haro é professor na Universidade Europeia, em Lisboa. Doutorado em Sociologia pela Universidade Complutense de Madrid, é investigador no CIES-IUL e tem publicado na área da sociologia histórica, nomeadamente Las bridas de la conducta: una aproximación al proceso civilizatorio español (2006).
IN, https://imprensa.ihc.fcsh.unl.pt/ampudiaf2020/