LISBOA: NOITE PARA A HISTÓRIA: ENORME TRIUNFO DE MIGUEL MOURA. CORRIDA MEMORÁVEL
Praça de Toiros do Campo Pequeno – Lisboa – 08/09/23 – Corrida de Gala à Antiga Portuguesa
Director: João Cantinho – Veterinário: Jorge M. Silva – Lotação: cheia
Cavaleiros: Luís Rouxinol, Pablo Hermoso de Mendoza, Duarte Pinto, Miguel Moura, Luís Rouxinol Jr, Guillermo Hermoso de Mendoza
Forcados Amadores do Aposento da Moita e Cascais
Ganadaria: António Charrua
NOITE PARA A HISTÓRIA: ENORME TRIUNFO DE MIGUEL MOURA. CORRIDA MEMORÁVEL
A noite de sexta-feira, 8 de Setembro, ficará para a história não só pelo extraordinário ambiente, por ter sido de Gala à Antiga Portuguesa, pela homenagem à família Domecq, pelo excelente curro de toiros de António Charrua, mas acima de tudo pelo histórico triunfo de Miguel Moura na lide do 4º da noite, com o público de pé a cada ferro e duas aclamadíssimas voltas à arena, e ainda, porque foi um êxito a transmissão da Onetoro TV para todo o Mundo. Êxito do empresário Luís Miguel Pombeiro e Campo Pequeno de novo na ribalta do mundo taurino.
Depois das sempre bonitas cortesias à antiga portuguesa, abriu praça o cavaleiro Luís Rouxinol com uma actuação de mestre, desde logo no 1º comprido e na forma como recebeu o imponente Charrua e que foi um bom colaborador para o êxito do cavaleiro de Pegões. Bons ferros curtos, preparações e remates bem medidos, numa actuação rematada com um bom par de bandarilhas com o toiro nos médios e um ferro de palmo.
Em segundo lugar actou Pablo Hermoso de Mendoza que a todos deliciou com a sua brega de classe e suavidade, com remates preciosos das sortes, bons ferros curtos numa lide muito aplaudida pelo público pela qualidade que teve. Quarto e quinto curtos de muito boa nota e um sesgo rematado como mandam as regras marcam esta exibição frente a um bravo toiro de Charrua, premindo-se o ganadeiro com volta à arena na companhia do rejoneador navarro.
O terceiro da noite, outro bom toiro, coube a Duarte Pinto que lhe deu boa lide, fiel ao seu conceito clássico e lidando só com um cavalo. Foi uma actuação de muito bom tom do cavaleiro de Paço de Arcos, com sortes frontais bem executadas e rematadas, sublinhada com aplausos do público.
O triunfo da noite, e da temporada lisboeta, foi assinado por Miguel Moura. Que valentia para aguentar o parón do enorme toiro na entrada na arena e, ainda assim, cravar um ferro em sorte de gaiola dos melhores que vi. Público de pé e a música devia ter tocado logo nesse momento. Lide sempre em alto nível, quer na brega quer na abordagem das sortes, excelentemente desenhadas e com cravagens ajustadas, de onde se destacam 1º e 3º em sortes frontais de grande impacto e com o público rendido, de pé, em fortíssimas ovações. Lidou um bom toiro e deu duas aclamadas voltas à arena.
Luís Rouxinol Jr sacou o melhor partido das boas investidas do quinto da noite desde que o recebeu à porta gaiola e lhe cravou dois compridos. A série de curtos, escolhendo bem os terrenos, foi de muito boa nota e o segundo curto foi o seu melhor. Rematou com dois de palmo sob os aplausos do público.
Finalmente, Guillermo Hermoso de Mendoza que lidou o toiro de menor qualidade dos seis Charrua. Uma lide bem medida e que agradou ao público mas sem poder redondear o triunfo que almejava. Boa presença nesta corrida.
Para pegarem os seis imponentes Charruas, saltaram á arena os Grupos de Forcados Amadores do Aposento da Moita e de Cascais, também eles ao elevado nível da corrida. Pelo Aposento da Moita abriu praça o cabo Leonardo Mathias com uma boa pega ao primeiro intento, seguido por João Freitas, muito bem e à primeira e Martim Cosme à segunda tentativa. Pelos Amadores de Cascais foram caras Afonso Cruz, bem à 1ª e com boa 1ª ajuda, Rui Grilo à 2 e que esteve enorme na 1ª tentativa e a encerrar praça Carlos Dias à 1ª.
Os toiros de Charrua, cujos pesos oscilaram entre 554 e os 684 kilos, tiveram trapio e muito boas condições de lide, com destaque para o segundo que mereceu a chamada do ganadeiro à arena.
Dirigiu o espectáculo João Cantinho, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva. No início do espectáculo guardou-se um minuto de silêncio pelo falecimento da mãe do cavaleiro Rui Salvador e homenageou-se a família Domceq (Ávaro, Luís e António) pela sua trajectória no mundo taurino e equestre.
Texto: António Lúcio