HOJE TOUREIO EU… A PRIMEIRA ABORDAGEM À TEMPORADA 2024 DO BARREIRA DE SOMBRA
Como habitualmente, terminada a temporada taurina nacional, é tempo de abordar o que foi a temporada do “Barreira de Sombra” e do António Lúcio. Desde logo, mais um ano em que não marcámos presença em muitos espectáculos taurinos, onde quisemos acompanhar mais de perto alguns com toureio a pé. Não foi uma grande temporada, de êxitos retumbantes como gostaria de ter assistido e onde, uma vez mais, não se vislumbrou uma estratégia do sector para o revitalizar e trazer de novo à ribalta como sucedia há 35/40 anos atrás. Mas, se calhar, tal como escreveu o grande poeta Luís Vaz de Camões, «mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» e oque é certo é que a tauromaquia não tem a importância económica que poderia e deveria ter (basta ver os números do INE relativos a 2023.
Ora se actividade não gera proveitos económicos… está tudo explicado.
Proveitos económicos gerou-os Santarém, com uma boa gestão da Associação Sector 9, com casa esgotada com antecedência no 10 de Junho na única vinda a Portugal de Roca Rey. E também o Campo Pequeno que viu esgotar com antecedência a corrida da despedida de Pablo Hermoso de Mendoza. E ainda há registar algumas boas lotações, próximas do cheio, em várias praças. E o toureio a pé voltou a mostrar que, quando se reúnem aliciantes, pode levar gente às praças como foi o caso da Nazaré e de Vila Franca.
Mas nisto de aliciantes muito haveria para dizer ou para escrever. Já quase tudo foi inventado e se queremos que os espectáculos tenham características únicas, não podemos andar a repetir nomes em corridas que distam 30 kms em linha recta umas das outras e continuarmos a assistir às trocas de artistas que nada acrescentam, as trocas, ao interesse do grande público. Se calhar há que agarrar em meia dúzia de artistas, colocá-los a tourear com ganadarias duras, daquelas que pedem o bilhete de identidade, criar preços atractivos para a juventude, promover bem melhor o espectáculo. Ou seja, investir em algo de diferente para criar uma certa atracção junto daqueles que pagam bilhete e ajudam a sustentar o espectáculo.
Não foi, como disse de início uma temporada grande, a nossa, a do “Barreira de Sombra”. Não em termos de números pois não chegámos aos 30 espectáculos assistidos (e já tivemos muitas temporadas em que ultrapassamos os 100) mas alguns momentos ficarão na nossa recordação e deles iremos falar/escrever em momento próximo.
Estivemos presentes em 14 praças de toiros começando a temporada, como habitualmente, em Mourão, em Fevereiro, e encerrando este ano com o festival da Escola de Toureio da Moita em finais de Outubro, sendo que as 4 praças onde mais espectáculos assistimos foram Campo Pequeno, Moita, Santarém e Vila Franca, todas com 3 espectáculos, sendo também que a grande maioria foram Corridas à Portuguesa (16) e 8 corridas mista e festivais (4/4). Destas 4 praças de toiros, Campo Pequeno foi a única que não teve toureio a pé nos seus 4 cartéis da temporada.
Texto: António Lúcio
Foto: Ana Serra