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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

ESTAMOS DE VOLTA COM A RETROSPECTIVA DA TEMPORADA 2022

A TEMPORADA DO BARREIRA DE SOMBRA

08.11.22 | António Lúcio / Barreira de Sombra

1º SPOT 2022.jpg

Apesar de, por motivos de saúde, termos sido obrigados a dar a nossa temporada por terminada quando se iniciava a Feira anual de Vila Franca, cumprimos, ainda assim, um interessante número de espectáculos (37) ao longo do ano e onde, nalguns deles pudémos desfrutar de bom toureio e vivenciar algumas emoções. Não foi nem uma temporada grande nem uma grande temporada mas, uma vez mais, o público respondeu e esgotou algumas casas. Foi o tapar do sol com uma peneira pois, assim, os que nada queiram mudar com vista à revitalização da Festa, continuarão impávidos e serenos…

À DÚZIA É MAIS BARATO…

 

Esta foi uma temporada atipica pela sua má esquematização, espectáculos a mais em algumas praças, sem ter em conta o mau panorama econónico da maioria das famílias que ainda reservam algum do seu precioso tem e dinheiro para irem aos toiros, algumas dessas corridas fora da época tradicional/data tradicional da localidade e com muitos toureiros anunciados com imensa antecipação sobre a data em que iriam tourear na praça x ou y retirando aquela surpresa que poderia ser o anúncio da sua contratação para aquela data e praça. Serão provavelmente as novas dinâmicas do marketing…

 

Outra das questões que se coloca é o dos mais que repetitivos cartéis de 6 toureiros (12 das 26 corridas à portuguesa a que assisti em 2022) dando uma errada ideia de que os toureiros como só lidam um toiro irão procurar com maior insistência o triunfo e deixando transparecer que á dúzia é mais barato como diz o ditado… Os empresários saberão o quanto mais lhes pode render na bilheteira um cartel com tanta heterogeneidade de estilos e o que isso pode agradar ao grande público. Mas, ao mesmo tempo não se pode pensar que o púbçlico, só porque está ávido de espetcáculos e de emoção, vai “comer” tudo o que lhe coloque por diante.

 

Se esses cartéis de 6 cavaleiros servissem para abrir portas aos mais novos toureiros que mostram valor e determinação para continuarem uma arte… O mesmo se diga das novihadas (e festivais), que obrigatoriamente deviam ser mistas para dar possibilidade aos nossos novilheiros de progredir e aos amadores para se poderem mostrar ao grande público.

 

Houve alguns cartéis em que os mais jovens competiram, o que se saúda, mas foram poucos e nem sempre o grande público aderiu. O que demonstra que terá de haver um maior equilibrio na montagem de algunn destes espectáculos e na data mais adequada.

 

Não há uma estratégia das nossas empresas para criar mais-valias na tauromaquia. É essencial criar parcerias estrágicas, aproximar as pessoas ao meio taurino, ao campo onde tudo acontece, às coudelarias, promovendo dias abertos ao grande público, dando visibilidade e obrigando a que os grandes meios de comunicação, do áudio-visual à imprensa, dediquem algum tempo à tauromaquai, criando grupos de pressão activos, programando e divulgando com antecedência essas actividades e dá-las a conhecer para que as pessoas possam comparecer. E infelizmente não é isso o que vimos acontecer.

 

Confesso que, ao fim destes anos todos nestas lides, muitas vezes sinto necesssidade de me afastar porque não encontro as respostas que necessito para continuar. Mas, depois, lá vem uma actução acima da média, a cavalo ou a pé , e penso que é este sortilégio de nunca sabermos o que irá acontecer que me mantém a esperança de que um dia destas as coisas mudem.

 

Contudo não podemos deixar de aqui referir a medida discriminatória e discricionária tomada pela IGAC de impedir o trabalho dos fotógrafos a partir das trincheiras das praças, impondo restrições sem sentido e criando praças sem segurança para ter estes tipos de agentes, representantes da comunicação social, em função quer da extensão do elenco actuante (por exemplo 6 cavaleiros e 3 grupos de forcados)… Uma tentativa encapotada de censura à fotografia sendo esta essencial para a cobertura de qualquer tipo de espectáculo. Aproveitam a falta de união dos fotógrafos e já está. Mas os toureiros e seus apoderados parecem pouco preocupados com issso e a própria Prótoiro deveria ter tomado uma posição junto da tutela.

 

E sem senhas de trincheira houve quem particamente tivesse desaparecido do campeonato da foto para a bancada e para o social e poucas foram as corridas em que compareceram e fizeram o seu trabalho, pois já nos espectáculos de pandemia haviam estado nas bancadas e consumado o seu trabalho. Na verdade, também aqui teria feito todo o sentido uma reunião dos principais sites e blogs para a criação de uma comissão para trabalhar em conjunto com a IGAC e as entidades representivas do sector tauromáquico – APET e Prótoiro – deixando de lado as qestiúnculas pessoais e agindo em prol da Festa Brava.

 

Festa Brava que continua a perder bastiões e onde impera muito folclore associativo, salvo raras excepções, e poucas acções concretas no terreno. É assim que se vive a festa nos dias de hoje, muito distante dos tempos de glamour e de glória, de figuras e praças esgotadas com 3 dias de antecedência. E isso caros amigos faz-nos imensa falta.

Texto e foto: António Lúcio