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BARREIRA DE SOMBRA

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BOA CORRIDA DE TOIROS NAS FEIRAS NOVAS DE PONTE DE LIMA - POR JOSÉ ANDRADE

11.09.17 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Ponte de Lima – 10/Setembro/2017

Tradicional corrida integrada nas tradicionais Feiras Novas

Director: Rogério Joia – Veterinário: Carlos Santos

Lotação: A uma centena lugares de esgotar

Cavaleiros: Marcos Bastinhas, João Salgueiro Jr, Soraia Costa

Forcados: Amadores de Montemor e Amadores do Aposento da Chamusca

Ganadaria: Mata-o-Demo

 

Ir a Ponte de Lima, para ver toiros ou não, é sempre uma visita agradável. A Vila que não quer ser cidade, tem sempre um novo e diferente encanto em cada visita. E neste dias de Feiras Novas, o encanto é servido aos molhos, ou não fosse Ponte de Lima tomada de assalto por milhares de parolos e saloios. Sim, saloios, do Sul, da região saloia de Lisboa e arrabaldes, e os seus correspondentes parolos do Norte. E a denúncia começa no linguarejar. Nestes dias de Feiras novas, Ponte Lima mais parece a sede da ONU, que outro qualquer mundano sitio do planeta. Se não tropeçar num Camaronês que escolhe o inglês para se fazer entender, é seguro que vai ouvir falar russo, chinês, francês macarrónico, ou castelhano de Salamanca. E se uns vão às Feiras Novas para comprar ou vender, são incontáveis os que por se deleitam em viver intensamente o ambiente de confraternização à solta.

 

Mas, contrariando o que algumas almas taurinas solenemente decretam, esta Crónica sobre a corrida de toiros que teve lugar neste domingo, calorento de Setembro, em Ponte Lima, por opção e defeito do cronista, vai escrita como de uma redacção se trata-se. Escrever sobre toiros, escrevendo com seriedade, gosto (amor) e com honestidade intelectual, é sempre um acto e um gesto louvável e de louvar. Falando de toiros, toureiros, e da gente que os acolhe e estima. É que se o ‘convertido’ entende, o grande público, o que gosta da Festa, mas não tem cátedra, ditas as coisas com simplicidade, assimila mais facilmente. E o cronista, se não consegue convencer os ‘eruditos’, procura converter os humildes. Para já, o retorno, não tem sido de modo a desperdiçar.

 

O empresário Pedro Pinto, voltou este ano a poder contar com a vontade da Comissão de Festas das Feiras Novas, e a corrida de toiros, tradicional no programa das Feiras, foi mesmo por diante. Tradicional na concretização, tradicional na forma agradável como o público participou, e como decorreu espectáculo.

 

E o espectáculo iniciou-se com um minuto de silêncio pelo forcado Pedro Primo, dos Amadores de Cuba, esta semana falecido, vitima de sequências de pega na sua praça da sua terra, Cuba.

 

O curro desigual de novilhos/toiros da ganadaria Mata-o-Demo, que soubemos depois, foi remendada com exemplares de outra casa, deu boa contribuição para a boa nota final do conjunto do espectáculo.

 

Marcos Bastinhas, abriu praça com a lide um exemplar, que nem matava, nem era um demo, imprimiu aquele seu ritmo já habitual, cumprindo a cravagem com três compridos, bem preparados, de frente, com colocação certa e certeira, bem rematada. E se nos compridos já tinha dito ao que vinha, nos curtos, rematados com um de palmo, e o já par a duas mãos, marca Bastinhas, adoçou o gosto e o apetite para o resto das lides. Pegou à 2ª., Vasco Ponce, dos Amadores de Montemor, numa ajuda a carregar, falta que o derrotou no primeiro intento.

 

Mas se no seu primeiro Marcos Bastinhas já empolgara a concorrência, no 4º., após brindar aos bombeiros presentes, em brinde emotivo, nos dois compridos mostrou quem mandava. Foi nos curtos que a lide foi a mais e, mais uma vez, rematada com o par a duas mãos, pedido que deixa o respeitável empolgado. Pegou à primeira, numa primeira pega fardado, Vasco Coelho dos Reis, que teve como primeiro ajuda, seu Tio, o cabo dos Amadores do Aposento da Chamusca, Pedro Coelho dos Reis.

 

João salgueiro Júnior teve uma prestação no seu primeiro, dentro da linha Salgueiro da Costa, ritmada e de ataque. Três compridos colocados com boa nota na preparação, cuidadoso nos remates dos curtos, a fazer durar a luta que o oponente deu. Pegou à 1ª. Rafael Monteiro, do Aposento da Chamusca. Como não há quinto mau, Salgueiro Júnior, entrou com um comprido a castigar, e fez dos curtos, quatro, e do de palmo com que terminou a sua prestação, uma actuação equilibrada e a exigir que volte em próximo cartel. Pegou este Mata-o-Demo, o 5º. da tarde, à 3ª., já com uma ajuda a carregar, Miguel Silva, dos Amadores de Montemor.

 

Depois das elogiosas prestações recentemente tidas na Figueira da Foz e no Campo Pequeno, havia expectativa na actuação da cavaleira praticante, Soraia Costa. Não desmereceu a cavaleira praticante, quer pela ilusão criada, quer o carinho e apoio do público. E dos companheiros de lide, Marcos Bastinhas e João Salgueiro Júnior. E Soraia cumpriu e agradou, deixou aficion em Ponte de Lima. Mais e melhor pelas condições do seu primeiro, que do segundo e último, Soraia soube esperar, preparar e lidar. O primeiro, um toiro bem apresentado, que deu luta, e os oito ferros cravados, três compridos e cinco curtos, foram demonstrativos da lide que merecia, frontal. O último toiro, pequeno, demasiado, por isso mesmo, exigia, e exigiu outro entendimento de lide, não podia dar o que não tinha. Aquele ferro final era desnecessário, mas acabou redondeando a prestação. Pegou, à 4ª. tentativa, já com o grupo a carregar, como devia, Vasco Carolino, dos Amadores de Montemor, comandados por António Vacas de Carvalho, e o 6º., resolvido ao segundo intento por Tiago Oliveira, dos Amadores do Aposento da Chamusca, comandados por Pedro Coelho dos Reis.

 

Não nos cansamos de aqui destacar, pelo bem, ou menos bem, louvando ou questionando, a forma como são dirigidos/conduzidos os festejos. Daí o nosso aplauso para a condução, com acerto e muito saber de Rogério Joia. Estava e não estava lá, diz tudo.

 

Crónica de José Andrade