Barreira de Sombra - Tempo de reflectir?
Após um curto interregno de duas semanas, um descanso que impusemos a nós mesmos, sim, que esta coisa de escrever carece de pequenas paragens para reflexão, e nada melhor que aproveitar o fim das 35 emissões semanais na www.FeelFm.pt, e tudo o mais que envolveu a cobertura das 13 corridas que a Norte do Rio Mondego onde estivemos presentes, para tirar um pequeno descanso. E, feito que está o intervalo, aqui estamos de volta, na colaboração escrita no barreiradesombra.blogspot.pt.
Paramos para reflectir, dizíamos. Mas não paramos de acompanhar o que se vai passando no mundo dos toiros, seguindo com atenção o que se vai dizendo, escrevendo e mostrando em imagem, directa ou gravada, cá e nas redondezas.
À semelhança de uma lide perfeita, como mandam as regras, ao – parar, templar e mandar - paramos para reflectir, templamos o que fizemos, paramos para pensar no que esperamos poder fazer pela Festa.
E, se reflexão, por mais incrível que pareça, é uma das palavras mais usadas nos inquéritos de opinião, por aqueles que, aqui na vizinha Espanha, se interessam pela Festa dos Toiros, por cá, reflectir, é palavra que não consta no vocabulário do meio taurino. Todo o mundo sabe de tudo. Poucos são os que reconhecem que humildemente nada sabem. Temos a economia de casino no tecido produtivo do país. Ir a uma corrida de toiros, virou jogo de roleta. Como nesta coisa de jogos de fortuna e azar o cumprimento das regras é que mantém a constância do negócio, apesar dos resultados os casinos sofrem de ano para ano reveses nos dividendos a distribuir. No mundo dos toiros, com regras pouco claras, a sorte e o azar, se já não é constância atractiva, antes pode ser o golpe final fatal. Daí que seja urgente, necessário e incontornável, que se sentem a uma mesa, troquem ideias, confrontem opiniões, reflictam, os que vivem ou sobrevivem do e no mundo dos touros!
A temporada de 2014 em Portugal teve, e tem, muitos e bons motivos que merecem ser debatidos, reflectidos, confrontados e questionados.
Esta foi a temporada da entrada em vigor de uma nova regulamentação. Com regras novas, sobram motivos para uma primeira abordagem. Mas se não se quer incomodar o poder político, outros bons temas carecem de ser ponderados, a começar pelo papel dos meios de Comunicação Social na promoção, divulgação e elevação da Festa, dos seus agentes e dos seus aficionados. Mas se este é também um tema tabu, então, porque não discutir o papel dos intervenientes no espectáculo. Ou então, o que fazem, ou o que não fazem as organizações que representam, ou dizem representar os interesses da Festa.
Na vizinha Espanha, a reflexão sugerida nos inquéritos de opinião, vai já ganhando caminho, quer através da comunicação social, quer no seio das peñas, troca de argumentos que, originando discussão e debate, reúne contributos de um leque interessante de diversas e distintas personalidades, empresários, artistas, jornalistas, autarcas e aficionados de 'solera'.
Por cá, bem, por cá, a discussão é confundida com intromissão. E assim sendo, nem o pai morre, e só uns tantos ainda vão almoçando.
V.C. 10 Dez 2014
josé andrade