ARTE E CLASSE DE MOURA CAETANO, UM ELECTRIZANTE MARCOS BASTINHAS E A MÃO ESQUERDA DE EL CID. DIAS GOMES COLOCA A CARNE NO ASSADOR E MARCA IMPORTANTE ACTUAÇÃO EM LISBOA.
POMBEIRO MERECIA MELHOR PRESENÇA DE PÚBLICO
Praça de Toros do Campo Pequeno – Lisboa – 07/09/23 – Corrida Mista
Director: Ricardo Dias – Veterinário: José Luís Cruz – Lotação: %
Cavaleiros: João Moura Caetano (volta e volta), Marcos Bastinhas (volta e volta)
Forcados Amadores de Lisboa (volta, volta, volta)
Matadores: Manuel Jesus El Cid (volta e ovação), Manuel Dias Gomes (volta e volta)
Ganadarias: Irmãos Moura Caetano (1º, 4º, 5º), Varela Crujo (3º, 6ª), Calejo Pires (2º, 7º)
ARTE E CLASSE DE MOURA CAETANO, UM ELECTRIZANTE MARCOS BASTINHAS E A MÃO ESQUERDA DE EL CID. DIAS GOMES COLOCA A CARNE NO ASSADOR E MARCA IMPORTANTE ACTUAÇÃO EM LISBOA. POMBEIRO MERECIA MELHOR PRESENÇA DE PÚBLICO.
Assim se poderia resumir a noite da primeira corrida da Feira Taurina de Lisboa. Foi uma noite de criar afición e para isso muito contribuiu a disposição dos toureiros, a sua entrega e que o público soube apreciar e agradecer com sonoras ovações. Foram bons os toiros de Irmãos Moura Caetano, tiveram presença e foram colaboradores ideais para o triunfo dos dois cavaleiros, com destaque claro para a qualidade do 5º da ordem que coube a Marcos Bastinhas. Mas vamos por partes.
A corrida abriu com uma boa lide a duo, com os cavaleiros Moura Caetano e Marcos Bastinhas a entenderem-se bem nas preparações e a deixar o bom toiro em sorte para o ferro seguinte do seu alternante, Lide onde houve bons momentos de brega, com os cavaleiros a recrearem-se e a deixarem bons ferros. Actuação bastante aplaudida e de mérito.
A actuação a solo de João Moura Caetano foi de alto quilate pela classe, equilíbrio e souplesse com que fez as coisas. A brega templada, com hermosinas ajustadas e o toiro bem embebido na garupa das montadas, a forma como citou, a mostrar-se e a cravar de alto a baixo, ferros de elevada categoria. Um triunfo importante em Lisboa, com as câmaras de Onetoro a levá-lo a todo o Mundo.
Electrizante é a forma como descrevo a actuação de Marcos Bastinhas. Recebeu o toiro À porta-gaiola e depois, energia a rodos, lide movimentada, boa ferragem com batidas ao pitón contrário e duas piruetas no remate, bem na cara do toiro, para terminar com um violino, um bom par e um ferro de palmo com a marca da casa. Saiu sob fortes aplausos após actuação marcante.
Para as pegas saíram os Forcados Amadores de Lisboa. Os toiros não levantaram problemas e os forcados de cara e ajudas também não complicaram. Três boas pegas à primeira tentativa a carga do Nuno Fitas, Daniel Batalha e Nuno Varandas, numa actuação muito positiva do Grupo da capital.
No toureio a pé, Manuel Jesus El Cid foi o substituto do lesionado Morante. Muito bem de capote a receber o seu primeiro, de Calejo Pires e que foi a mais na muleta, teve uma faena de muleta de elevado nível, templados e largos os muletazos pelo lado direito, o melhor do toiro que investiu com classe e repetição, e depois, com a sua prodígiosa mão esquerda, El Cid deleitou-nos com uma excelente série que foi fortemente aplaudida pelo público. Houve arte e toureio do bom. O seu segundo, de Varela Crujo, tardo e com pouca vontade de investir não permitiu grandes cometimentos ao matador de Salteras que tudo fez para lhe sacar passes mas sem possibilidade de luzimento.
Manuel Dias Gomes também entrou pela porta da substituição (de Cayetano) e marcou importante presença com duas faenas de grande valor e com a televisão a mostrá-lo a todo o Mundo. Mostrou qualidade, desenvoltura, toureio do bom com o capote e triunfou em Lisboa porque colocou a “carne no assador”, mostrando arte e valor. O seu primeiro, de Varela Crujo teve qualidade e permitiu uma faena de muleta de classe, por ambos os pitóns, variada e aproveitando ao máximo o que o toiro deu. Terminou mostrando valor, pelas curtíssimas distâncias entre e os pitóns do toiro, como faria no final da lide do sétimo, de Calejo Pires e que era bastante exigente mas com qualidade. De novo o seu fino toureio presenteou o público com boas séries, templadas e com profundidade em muitos dos muletazos. Mostrou o quão injusto ter tão poucas oportunidades dada a sua classe e toreria.
De realçar também o trabalho do empresário Luís Miguel Pombeiro, obreiro desta feira taurina e da temporada lisboeta, pelo esforço, empenho, entrega e afición colocados nesta gestão sempre difícil e com necessidade de efetuar várias alterações neste primeiro espectáculo da feira taurina, o terceiro da curta temporada lisboea. Foi pena que o público não tivesse comparecido de forma esmagadora a esta oferta.
O espectáculo foi dirigido por Ricardo Dias, assessorado pelo veterinário José Luís Cruz.
Texto: António Lúcio
Fotos: disponíes amanhã