ADEUS ANO DE 2022; VENHA 2023 COM BOAS NOTÍCIAS
Não terminou, em termos pessoais, da melhor forma a temporada de 2022, aquela em que comemorei 35 anos de crítico tauromáquico. Um internamento hospitalar, com uma cirurgia ao coração, interrompeu a minha temporada no final de Setembro com pouco mais de 35 espectáculos, afinal quase tantos quanto os anos que cumpria na função.
Não foi uma temporada de triunfos mas também não foi de “petardos”; houve bons momentos de toureio, tanto a cavalo como a pé e que, se calhar, não foram tão valorizados quanto o deveriam ter sido. Pelo que me toca, já aqui deixei, neste nosso e vosso espaço, as opiniões que emiti corrida a corrida sobre os que mais se destacaram.
Os empresários, e sem eles não há espectáculos, procuram dar o melhor ao público das suas praças mas nem sempre os seus conceitos encaixam nos gostos de uma franja de ditos aficionados, sendo que nem sempre se agrada a gregos e a troianos. Houve uma clara aposta no toureio a pé em algumas praças, noutras as coisas não funcionaram (datas, preços etc…) e os empresários perderam dinheiro, garantidamente. Os cartéis de 6 cavaleiros encaixam numas praças e não têm grande cabimento noutras mas, e uma vez mais, quem arrisca o seu dinheiro é o empresário. Que as críticas sirvam para melhorar nos diversos aspectos…
É essencial, e digo-o há muitos anos, que exista uma estrutura verdadeiramente profissional no campo empresarial. Os promotores de espectáculos taurinos têm de o ser a 100%, têm de ter noções de marketing para promover os seus espectáculos como acontecimentos únicos (onde é que eu já vi isto…); têm de apostar num tipo de comunicação activa e dirigida aos mais diversos públicos alvo. Têm de programar conveniente as suas datas e ter um elemento diferenciador, pelo menos um, em cada espectáculo que promovam. Esse será o motivo maior para levar o grande público a desembolsar os seus parcos euros para adquirir o sue bilhete. Vejam o que acontece no campo da música.
O toiro tem, hoje, uma enorme importância para que os espectadores escolham um determinado espectáculo, e também falo por mim. Com determinados toiros anunciados nos cartéis, passem bem, obrigado, não vou.
É estranho, também, verificar que é mais fácil contratar Daniel Luque, Ferrera ou Morante, matadores de topo em todo o Mundo Taurino, que contratar alguns cavaleiros e ou rejoneadores. Ventura chegou a tourear algumas vezes em Portugal e há várias temporadas que o não faz. Alguém se importa de explicar o motivo? É pelo dinheiro que pede? Não existem toiros para reservar em Janeiro para actuar em Junho ou Julho? Há colegas que não querem abrir praça com ele? Não se entende… Pablo não actua em Lisboa mas actua em praças bem mais pequenas. Porquê? O aficionado merece uma explicação.
Gostava que em 2023 houvesse mais planificação, melhores elencos, mais competitivos, preços compatíveis, e uma verdadeira estratégia de afirmação da Festa Brava enquanto grande espectáculo de massas.
Bom Ano de 2023.
António Lúcio