A TEMPORADA 2020 QUE O BARREIRA DE SOMBRA ACOMPANHOU
NOTA PRÉVIA
Tal e como referimos, esta foi uma temporada atípica, com muito poucos espectáculos realizados face ao que numa temporada normal se teriam realizado e onde muitas praças de toiros ficaram de portas fechadas já que as diminutas lotações permitidas face às contingências impostas pela DGS não permitiam a viabilidade económica do espectáculo. Por isso merecem destaque maior as empresas que lançaram mãos à obra e levaram por diante os cerca de quarenta espectáculos que calculamos se tenham realizado. Começamos a análise à temporada que acompanhamos com as empresas.
- AS EMPRESAS
Muito se especulou sobre o destino do Campo Pequeno enquanto Praça de Toiros e, como muitos, também eu começava a duvidar se voltaria a ver corridas de toiros na Monumental de Lisboa. A empresa de Álvaro Covões (Plateia Colossal) lançou um concurso e Luís Miguel Pombeiro com a Ovação & Palmas tornou-se responsável por uma mini temporada de 6 corridas de toiros, iniciada em meados de Julho e logo após a abertura mostrada pela DGS e pela IGAC para que se realizassem espectáculos tauromáquicos.
- Ovação & Palmas (Estremoz, Lisboa e Azambuja – 8 espectáculos)
Com um arranjo especial e cumprindo todas as normas de segurança e sinalética apropriada, a temporada Covid-19 desta empresa começou a 11 de Julho em Estremoz com uma corrida À portuguesa, com a lotação máxima permitida esgotada. Foi o pontapé de saída, com vitória clara e inequívoca da Festa Brava. Pombeiro arrancava com máxima força e muitas figuras da festa e não só marcaram presença nessa corrida que ficará para a História. Em Azambuja e já no final de Setembro, uma corrida à portuguesa esgotada!
A 30 de Julho arrancou a temporada lisboeta, a qual se prolongaria até 1 de Outubro com mais 5 corridas de toiros, uma das quais mista. A praça da capital nunca esgotou a lotação máxima permitida de cerca de 3300 lugares mas teve muitas vezes ocupações acima dos 75% dessa lotação máxima permitida.
Não é fácil agradar a gregos e troianos quando se idealiza uma temporada completa com umas 12 corridas, pois nem todos os toureiros que gostaríamos de ver em Lisboa são possíveis de contratar pelas mais diversas razões. Ainda assim, com 6 espectáculos e algumas repetições, Pombeiro conseguiu montar corridas sérias, com diversidade, e onde o toiro-toiro marcou presença e mostrou qualidade.
Vejamos então quem passou por Lisboa, pela Monumental do Campo Pequeno.
CAVALEIROS DE ALTERNATIVA E REJONEADORES | ||
ARTISTA | ACTUAÇÕES | RESES LIDADAS |
Duarte Pinto | 3 | 4 |
António Ribeiro Telles | 2 | 3 |
Francisco Palha | 2 | 3 |
Luís Rouxinol Jr | 2 | 3 |
Manuel Telles Bastos | 2 | 3 |
Marcos Bastinhas | 2 | 3 |
Ana Batista | 1 | 2 |
João Moura Caetano | 1 | 2 |
João Moura Jr | 1 | 2 |
João Ribeiro Telles | 1 | 2 |
Luís Rouxinol | 1 | 2 |
Ana Rita | 1 | 1 |
Andrés Romero (Rej.) | 1 | 1 |
Gilberto Filipe | 1 | 1 |
Parreirita Cigano | 1 | 1 |
Rui Salvador | 1 | 1 |
Duarte Pinto, clássico entre os clássicos, fiel ao seus princípios e valores, sem concessões ao aplauso fácil, foi o toureiro que mais vezes pisou a arena lisboeta. Lidando 4 toiros em 3 presenças, e com boas lides que o público soube valorizar, já que o nível das actuações de Duarte Pinto forma de muito bom nível.
Seguiram-se 5 cavaleiros com 2 actuações e 3 toiros lidados e que também deixaram muito bom sabor de boca no final das suas passagens por Lisboa: do veterano António Telles, com uma lição de cátedra ao jovem e irreverente (pela positiva) Luís Rouxinol Jr, a Marcos Bastinhas, Manuel Telles Bastos e Francisco Palha, ninguém ficou indiferente às suas actuações e ajudaram ao brilho desta atípica temporada.
Com 1 actuação e apenas 1 rês lidada, passaram por Lisboa Rui Salvador (quem sabe não esquece), Ana Rita, Gilberto filipe. Parreirita Cigano e o rejoneador espanhol Andrés Romero.
MATADORES DE TOIROS | ||
ARTISTA | ACTUAÇÕES | RESES LIDADAS |
António João Ferreira | 1 | 2 |
Um único matador de toiros esteve presente nesta temporada da Ovação & Palmas em Lisboa, António João Ferreira, na corrida dos “santacolomas” de Vinhas, um prémio à sua garra e valor, depois da violenta colhida que nessa arena havia sofrido.
GRUPOS DE FORCADOS | ||
GRUPO | ACTUAÇÕES | RESES PEGADAS |
Lisboa | 2 | 6 |
Montemor | 2 | 6 |
Alcochete | 1 | 3 |
Aposento da Moita | 1 | 3 |
Évora | 1 | 3 |
Ramo Grande | 1 | 3 |
Santarém | 1 | 3 |
Vila Franca de Xira | 1 | 3 |
ABV Alcochete | 1 | 2 |
Alter do Chão | 1 | 2 |
Apenas dois Grupos de Forcados repetiram presença em Lisboa em 2020: os Amadores de Lisboa e os Amadores de Montemor, estes com algumas pegas de enorme nível, sendo que ambos so Grupos pegaram 6 toiros. Com três toiros pegados numa única presença estiveram em praça os Amadores de Alcochete, Évora, Aposento da Moita, Ramo Grande (pega da temporada por Manuel Pires), Santarém e Vila Franca. E com apenas 2 reses pegadas estiveram os Amadores de Alter do Chão e Aposento do Barrete Verde de Alcochete.
GANADARIAS | ||
GANADARIA | PRESENÇAS | RESES LIDADAS |
António Raul Brito Paes * | 1 | 6 |
Murteira Grave * | 1 | 6 |
Passanha | 1 | 6 |
Romão Tenório * | 1 | 6 |
Veiga Teixeira | 1 | 6 |
Vinhas * | 1 | 6 |
* toiro indultado
O toiro-toiro, de diferentes procedências, elemento principal do espectáculo, com a sua qualidade ou falta dela, permitiu grandes momentos em Lisboa e alguns deles voltaram ao campo para padrearem. Fico-me com 3 deles, todos de diferentes ganadarias: o de António Raúl Brito Paes, o de Murteira Grave e o de Vinhas, como referidos nas crónicas que escrevi na altura. Parabéns aos senhores ganadeiros pelos toiros que elegeram para Lisboa e à empresa por essa escolha e voto de confiança nos ganadeiros.
Texto e foto: António Lúcio