A ÉPOCA TAUROMÁQUICA… QUE NÃO VAI ACONTECER, MAS PODIA.
Agora que a temporada tauromáquica estava para arrancar, veio o COVID19, e o que já era um sério monte de problemas, transformou-se numa montanha de desgraças.
Com um defeso dedicado e muito ocupado na atribuição e distribuição de prémios, por via dos desempenhos ocorridos durante a campanha de 2019, a que se juntou o merecido e necessário descanso dos mais envolvidos, o mundo dos touros, pouco ou nada dedicou à análise e discussão do que correu bem, menos bem, e muito mal, durante a temporada. E, por isso, convenhamos, muito menos tempo dedicou ao que podia, devia, e era aconselhável acontecesse, em 2020.
Os sinais de alarme na Festa dos Touros soaram e soavam, mas parece que ninguém queria ser bombeiro voluntário por amor-próprio. - Parar, templar e mandar é coisa só de mestres. Daí que tirando aquela brilhante análise que com que nos brindaste neste teu especial blogue, meu Caro António Lúcio, penso que muito pouca coisa de interessante foi dita, e muito menos feita, sobre a ‘curva’ preocupante que, qual COVID indecifrável, corrói, vem corroendo de alguns anos a esta parte, o esqueleto do mundo taurino português. É duro?! Claro, mas a realidade sempre foi muito dolorosa. E não é pelo senhor Presidente Marcelo não ter ainda recebido os representantes dos diferentes interesses na Festa, que a coisa vai correr pior do que aquilo que já a vinha corroendo.
Na minha longínqua e modesta opinião, não se caçam moscas com vinagre, nem se lidam toiros, só com desplantes temerários. - Aquela carta subscrita por não sei quantas ‘personalidades do mundillo’, dirigida à senhora ministra da Cultura, nos termos, e nos modos, e no tempo, não só foi mais uma oportunidade perdida, como mais uma acha na fogueira que vai consumindo a Festa. A Senhora não gosta da Festa, penso que até nem gosta nada da Cultura, pasta que o amigo Costa lhe entregou, mais para calar o folclore das pandeiretas com cãezinhos e gatinhos, que outra coisa qualquer, mas é ela que tem voto em Conselho de Ministros. E distribui Despachos que valem por Lei. E influêncía por efeito de grupo.
Mas isto é a minha opinião. Do Norte, distante, e equidistante dos salões que nas capitais do mundillo, encerram a ‘verdade incontestável’ da Festa dos Toiros.
“É verdade! - Claro que é verdade que existe uma ‘crise’ no mundo dos toiros. Uma crise que não tem nada a ver com mais ou menos espectáculos no saldo anual. Muito menos com a ‘berraria’ que uns tantos ditos amigos dos animais, com conhecido oportunismo, oferece nas imediações de três ou quatro praças de toiros. A ‘festa’, as corridas de toiros são um espectáculo. E como espectáculo, continua a esquecer o essencial disso mesmo. Deslumbrar! A começar por aqueles que o organizam, os que o dizem promover, os que os dirigem. Até na Arte existe classe, charme e… tempo para adaptar”… E aqui adaptar, não é só agir como reação. E a Solidariedade, tão bonita e apregoada, não pode ser só uma questão de ‘quando dá jeito’. Solidariedade para com os outros, mas também e sempre presente entre pares.
Dizem que a crise, ou coisa que o valha, elegeu frustrados q.b., elevando assim o número dos que a tudo topam no ‘salve-se quem puder’. Exemplos não sobram. Nada abonatórios. E na verdade é interessante, cómico talvez, ver que a dita ‘aficion’purista, os que vivem da festa dos toiros, qual banda no afundamento do Titanic, continua a fandanguear pelo salão, bailando, como se no afundamento todos tivessem lugar garantido no bote de emergência. Ou o iceberg fosse apenas ilusório.
Pois é Caro Amigo António Lúcio, não era este o tipo de texto que tinha imaginado… mas a realidade, vista daqui deste Norte aficionado, a isso impele. E não é por Fé.
José Andrade