A CAMINHO DOS 37 ANOS DE ACTIVIDADE
Português, 59 anos, defensor acérrimo das tradições e da cultura portuguesa, aficionado convicto, quase a cumprir 37 anos de actividade enquanto crítico tauromáquico mas muito mais como aficionado que escreve sobre toiros e faz fotos das corridas e dos toiros no sue habitat. São quase 45 anos de ligação a este fenómeno da tauromaquia, com algumas incursões no estrangeiro para poder ver e sentir outras formas de ver e sentir a festa brava, bebendo dessas culturas e ganhando “estaleca”, aprendizagem contínua sobre algo em constante mutação.
Muitas foram as experiências vividas ao longo destes quase 37 anos, que se comemorarão no próximo dia 13 de Junho, data de estreia do António Lúcio aos microfones da Rádio Europa em Torres Vedras com o então “Da Barreira ao Redondel” e o pasodoble España Cañi a arrancar cada uma das emissões.
Muitos foram os companheiros de estrada, de corridas, almoços, jantares e noites de rádio, de jornais e revistas e até de televisão. Muitos empresários, toureiros, ganadeiros, forcados. Experiências únicas e muito gratificantes.
Neste ano de 2024 tive o privilégio de poder ver editado pela Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos o livro que escrevi sobre a história, 15 anos, do Grupo de Forcados de Arruda dos Vinhos. Só me falta mesmo ter um filho para cumprir os desígnios…
Foram muitos anos, milhares de corridas e dezenas de milhar de quilómetros percorridos, muitas horas sem dormir para conseguir fazer as crónicas e escolher as fotografias, as melhores que consegui para fixar alguns momentos também irrepetíveis. 37 anos é mesmo muito tempo. Quase 60 de idade também. E a festa brava que se vive hoje em dia, pouco tem a ver com aquela em que me fiz aficionado e comecei a ter a ousadia de escrever e falar em público, via rádio, sobre esta festa que é uma verdadeira paixão.
E só porque a paixão ainda se mantém acesa não pensei ainda em colocar um ponto final nesta actividade e voltar a ser apenas um aficionado que, na bancada, assiste e desfruta de uma corrida sem necessidade de pensar no que vai escrever a seguir. Confesso que por vezes me falta vontade de ir e de escrever e fotografar. Falta-me, por vezes, motivação, aquela que há 35 anos me fazia correr de praça em praça, se calhar também porque a juventude dos 20 e tal anos o permitia muito mais.
Continuarei a fazer aquilo que gosto, talvez de forma mais moderada e sem grandes correrias porque o físico também já não o permite. Continuarei a escrever e fotografar até que um dia diga para mim próprio que é tempo de ir para casa, encerrar capítulos de uma história já bem longa e que ultrapassou todas as dimensões que algumas vez poderia ter imaginado. Aliás, que nunca imaginei.
As amizades que fiz, o respeito que sinto pela minha pessoa, e esta paixão, impelem-me a continuar. E vou continuar!
Porque “a cultura não se censura”. Viva a Festa Brava.
Sobral de Monte Agraço, 12 de maio de 2024
António Lúcio
Foto: "Pintar com Luz"