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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

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PORTUGAL – TOUREIO A CAVALO VS. TOUREIO A PÉ

23.06.10 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Em Portugal as duas modalidades vivem momentos distintos e muito por falta de uma verdadeira figura no toureio a pé pois a última figura de projecção internacional foi Vítor Mendes. E o mesmo se poderia aplicar ao toureio a cavalo pois João Moura foi e é a grande figura dos últimos 30 anos e, admire-se ou não o seu toureio, esta é uma verdade incontornável.

 

O toureio a cavalo sempre se impôs sobre o toureio a pé, excepção feita ao período de grande rivalidade de Diamantino Vizeu e Manuel dos Santos. E mesmo nesta altura, os matadores nunca conseguiram impôr a corrida integral e assim o seu estatuto.

 

Para que haja continuidade à saga iniciada por Augusto Gomes Jr na já longínqua década de 40 do século passado, não bastam trinta e poucos matadores de toiros – feito histórico e notável – e a luta de uns quantos novilheiros. Depois de Vítor Mendes, tiveram os aficionados portugueses ao toureio a pé fundadas esperanças em Rui Bento Vasques, José Luis Gonçalves e Pedrito de Portugal, este último com um suporte de fundo político a permitir as corridas picadas (foi Santana Lopes enquanto Secretário de Estado da Cultura que o permitiu).

 

Na verdade, a vaga de fundo em Portugal criada pelo mediatismo de Pedrito e pelo facto de terem sido autorizadas algumas corridas com picadores – mas sem a morte do toiro na arena e sem hastes íntegras – não foi suficientemente forte para provocar o tsunami que a o toureio a pé precisava. E continuamos com um arremedo da corrida à espanhola, com toiros com os cornos cortados, sem varas e sem sorte de matar.

Dos mais novos, de Procuna e Velásques, de Parrita e de Mário Miguel e de António João Ferreira, quantas corridas tourearam em Espanha e França estes jovens matadores nos últimos 3 a 5 anos? Quantas vezes exerceram, em efectividade de funções, a categoria de matadores de torios? Em Portugal registamos as suas actuações e António João foi o único com alguma actividade no estrangeiro mas também raras vezes.

Nos novilheiros, Casquinha, Daniel Nunes, Diogo Santos, Manuel Dias Gomes, Cuqui, Paco Velásques, Montoya... Para quando a prova de fogo da alternativa para os mais avançados? E significará isso um passo em frente para o toureio a pé português e em Portugal?

 

Ao invés, os cavaleiros, mesmo os mais novos, vão-se afirmando cá e lá. E alguns gozam de algum cartel em Espanha, registando bom número de actuações, como o comprovam os dados registados no número especial da revista Ruedo Ibérico (ver gráficos no final).

 

Em Portugal, e em cada corrida com toureio a pé, o público em geral vibra com as actuações. Sente-se que gosta e tem vontade de ver bom toureio, soltando-se mais com os tércios de bandarilhas e com alguns passes de adorno mais vistosos, apesar de entender pouco da essência do toureio a pé. Mas mesmo sendo poucas as corridas, festivais e novilhadas com esta modalidade, é importante que se diga que a presença de toureiros estrangeiros de categoria pode ser uma mais-valia para o aficionado e para a festa em si, mas sempre com escasso retorno para as empresas.

 

E aqui radica parte importante do problema a par da falta de figuras portuguesas e da corrida ser assumida como em Espanha, França e países de expressão ibérica: com sorte de varas e morte do toiro na arena. Se existisse a corrida integral em Portugal, poderiam realizar-se uma dúzia de espectáculos nessa modalidade e a vinda de toureiros importantes do escalafón estaria facilitada, obrigando a naturais despesas de investimento mas também promovendo os matadores e novilheiros portugueses que integrassem essas corridas.

 

Haverá capacidade para tal? Terão os empresários, toureiros e ganadeiros força e união para fazerem seguir em frente esta modalidade e exigirem dos poderes políticos e de tutela que o permitam?

 

ANEXO - GRÁFICOS DE ACTUAÇÕES EM 2009 (Fonte: Ruedo Ibérico Especial)