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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

33 ANOS DE CRÍTICO TAUROMÁQUICO: MAIS UMA PÁGINA EM BRANCO

01.02.20 | António Lúcio / Barreira de Sombra

270919 - LISBOA

Cada ano taurino que começa é uma folha em branco cujo espaço vai sendo preenchido com as emoções, sentimentos, ilusões e desilusões de muitas tardes de toiros onde sempre procuramos a lide, a faena, a pega, a bravura perfeitas e emotivas e onde, sempre, encontramos motivos para continuar nessa busca como bons aficionados.

Ao longo destes 33 anos de actividade enquanto cronista/crítico taurino descobrindo também a fotografia, já se passaram muitas histórias, muitas coisas, empresas que apareceram e desapareceram num ápice, toureiros que prometeram muito, arrancaram com muita força mas cujo gás se foi acabando tão depressa quanto a força como começaram, candidatos a muita coisa e que acabaram em coisa nenhuma, e por aí fora.

Mas nunca como nestes últimos tempos e mais ainda com vista a esta temporada de 2020, nunca me tinha sentido tão ofendido e ultrajado enquanto cidadão, enquanto Português que ama a sua Pátria e defende a sua Cultura. Alguns políticos ultrapassaram todos os limites da decência e do decoro contra a Tauromaquia, contra a cultura e identidade de um Povo que, ao fim e ao cabo, lhes deu o direito a serem deputados e a formarem um Governo. Elegemos deputados e indirectamente um Governo porque os membros deste não se sujeitaram ao sufrágio do Povo. Foram escolhidos e a dedo por António Costa após ter vencido as eleições do passado ano. Nunca disseram nem que sim nem que não à Tauromaquia a não ser a Ministra da Cultura… Deveriam ter jurado cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.

Ora é este incumprimento do que está garantido pela Constituição, que me preocupa deveras. E até hoje não vi as entidades que se dizem representativas dos diversos estamentos da Festa Brava virem a terreiro interpor qualquer acção de declaração de inconstitucionalidade de algumas das decisões afectam directamente os nossos direitos enquanto cidadãos,

Permitiu-se Viana do Castelo, permitiu-se Póvoa de Varzim, permite-se Setúbal. Três praças emblemáticas do nosso País. E, meus amigos, espero que Lisboa não lhes siga o caminho!

O IVA dos bilhetes das corridas de tórios corre o sério risco de ter a taxa máxima de 23%. Vamos continuar a reagir só depois de ser aprovado o orçamento do Estado e lamentar mais uma vil machadada na nossa cultura? Não consigo aceitar esta passividade e como eu serão muitos os portugueses que exigem mais acção e mais informação das ditas associações encabeçadas pela Protoiro.

Deitámos fora mais de 50 mil assinaturas recolhidas nos tempos de Moita Flores como Presidente da Câmara Municipal de Santarém. Não as soubemos utilizar para obrigar o Parlamento a tomar decisões que blindassem a Festa Brava destes ataques. Houve (será que ainda há???) um projecto que até recebeu dinheiros do orçamento participativo e que, julgo, se destinava a criar as bases para que a Tauromaquia fosse considerada Património Cultural Imaterial. Por onde anda? Em que ponto está? Já se acabaram as verbas e não há mais nada?

Não consigo contabilizar quantos deputados assumem que gostam de tauromaquia ou que a respeitam enquanto tradição e cultura. Mas que importa isso se nós não nos mexemos, se não mostramos que somos uma importante fonte de receitas para o Estado e que à volta da Tauromaquia existe uma economia importante, geradora de riqueza e de postos de trabalho, então como é que queremos que aqueles que lá estão, com vida de lordes, sem terem que prestar contas a ninguém e a defenderem maioritariamente os seus interesses – que não aqueles de quem os elegeu para o lugar – vão tomar posições fortes a favor da Festa Brava???

Os tempos são de incerteza. Tanto quanto o que se pode escrever ou desenhar numa folha de papel em branco…

António Lúcio, 01 de Fevereiro de 2020