Desde já espero que tenham tido uma santa consoada e desejo-vos um Feliz Ano de 2025.
E neste final de ano e aproximação do novo ano, é tempo de formular alguns votos e desejos. E no que se refere à nossa tauromaqia a perpectiva principal é de que vai tudo ficar com antes, quartel-general em Abrantes, como diz o ditado popular.
A Festa precisa de criar uma vaga de fundo. Não apenas na versatilidade, nainovação, ams acima de tudo na criação de competição a sério entre toureiros e entre modalidades. Já vimos, pelo menos nós os aficionados que o toureio a pé, quando bem promovido tem público para encher praças. Que quando os senhores empresários entendem o que querem os aficionados, as lotações das praças enchem ou esgotam.
Toureio a pé e toureio a cavalo: temos de apostar em maior número de espectáculos mistos, claramente. Como o temos de fazer nas novilhadas e garraiadas, quase desaparecidas das nossas paraças dados os elevados custos administrativos. Há que procurarm junto da tutela diminuir em 50% ou mais estes custos e que todos os estamentos se envolvam para que seja possível retomar esta vertente. Criar um circuito nacional de novilhadas mistas/garraiadas é essencial para criar novos públicos.
Por vezes dei por mim a pensar se não deveria haver mais competição entre jovens cavaleiros como Joaquim Brito Paes, Duarte Fernandes, António Telles filho e Tristão Telles Queirós, por exemplo, não esquecendo outros já com alguns anos de alternativa como Luis Rouxinol Jr ou António Prates. E com toiros de ganadarias duras, porque não?
2025 poderá, com a descida do IVA dos bilhetes significar uma lufada de ar na carteira e nos investimentos dos empresários. É que mais 17% na receita bruta dá uma margem simpática para investimento.
2025 significará, também, o ressurgir de uma emblemática ganadaria, a de Oliveira Irmãos. Espera-se que se criem também corridas de desafio ganadero, com 2 ou 3 ganadarias de diferentes encastes a proporcionarem essa tão necessária competição.
Mas e no campo pessoal, o ano de 2025 será o da comemoração de 25 anos sobre a minha estreia na RTP (24 de Junho - Póvoa de Varzim) ou de 40 anos da minha pega a um exemplar da Manuel César Rodrigues na praça da minha terra Sobral de Monte Agraço. E ainda, de 38 anos da minha estreia na Rádio Europa em Torres Vedras.
Português, 60 anos de idade e aficionado, graças a Deus e aos meus pais.
Estes têm sido, assim impostos a mim próprio, tempos de escutar o silêncio, longe de multidões, de manifestações artísticas e culturais e bem mais próximo do meu íntimo, com momentos de maior introspecção.
Por vezes é no cume dos montes, num descampado ou à beira-mar, que encontramos o espaço ideal para descomprimir, para nos deixarmos levar pelos pensamentos mais positivos, para aproveitarmnos para escutar o silêncio, que por vezes pode ser ensurdecedor mas que quando procurado nos ajuda mais no interior.
E esta é também um fase propícia muitas coisas, a muita hipocrisia, pois se durante os outros dias do ano, as pessoas nem se falam... Dignidade e respeito. Consideração e respeito. Respeito sempre. Muitos são os valores que aprendemos ao longo da nossa vida. E temos de dar prioridade a nós próprios, sermos a nossa primeira opção. Se os outros não compreenderem, não nos podem acompanhar.
Vamos perdendo pessoas que era importantes, pelas suas referências e presença na nossa vida. E nestas ocasiões mais festivas a nostalgia e a saudade batem mais forte. Por isso também a nossa necessidade de escutar o(s)silêncio(s).
Foram muitos os aficionados que compareceram no vetusto Clube de Leça. Tantos que esgotaram a lotação deste magnifico espaço. Uma enchente ‘até à bandeira’ como se diz na gíria taurina. Encontro e reencontro de muitos que ao longo do ano estão sempre ligados, nem sempre tanto como gostariam, seguindo com atenção, e muita paixão, tudo o que acontece no mundo da Festa dos Toiros.
A Gala do Grupo de Aficionados Tauromáquicos do Norte (GATN), a quinta ( V ), para além de uma celebração e comemoração de aficion e amizade, voltou a ser o momento de destacar aqueles que no entender a Norte, melhor souberam interpretar o que por aqui se sente como Festa dos Toiros. Onde o Homem, o Artista é o galardoado, mas o Animal é enaltecido. Sempre assim foi, sempre assim será. Viver a Festa dos Toiros em Festa, numa Festa onde todos presentes, num sentimento em que a Tradição, Arte e Cultura, é um traço de continuidade histórica, mas também de saber de onde viemos, quem somos, e para onde não queremos ir. Não somos contra ninguém, mas não recuamos na defesa daquilo que são os valores que nos definem como gente que celebra a convivência aberta e franca, no respeito pela Tradição, Usos e Costumes, Arte e Cultura, seja ou não diferente ou mais ou menos apelativa. Os que enfrentam toiros, toureiros, bandarilheiros, cavaleiros, forcados, sabem bem o que é vencer e o medo. Mas sabem também muito bem, o que é o valor da coragem, entrega, sacrifício, e solidariedade na adversidade, atributos que pelo seu exemplo, transmitem e congregam nos outros paixão ou inveja. E é pela paixão, pelo encanto, que os aficionados, aquando do defeso nas lides nas praças se reúnem. Defeso, intervalo no tempo, que é uma constante na circunstância deste tipo de celebrações, em reuniões de aficionados, onde se destacam, galardoam os que na época que acabou se distinguiram. E assim voltou a ser nesta V Gala do Grupo de Aficionados Tauromáquicos do Norte (GATN).
O ambiente acolhedor, simpático e reconfortante recebeu o encontro e reencontro do mundo dos touros, não só a Norte, com convidados do Sul.
Foi um prazer, pela gentileza, simpatia e ‘lição’, que deu e empolgou, Francisco Morgado, a quem coube a sorte como palestrante abrir ‘praça’ em mais esta noite que via ficar para a história. Foi ainda Francisco Morgado a quem coube a responsabilidade de rever a carreira como cavaleiro tauromáquico, mas também como cidadão, de Rui Salvador. Que generosa, eloquente e envolvente narrativa de quarenta anos da vida de um Homem foi tão emotivamente descrita. A humildade, companheirismo, sacrifício, solidariedade e vivência de Rui Salvador, se já conhecida, ficou despida e esculpida para sempre. O carinho e a emoção com que partilhou, nas palavras de agradecimento pela homenagem de que era ali destinatário, ao saudoso pai, José Salvador, e como cidadão e artista, chamando junto a si o seu apoderado e amigo Carlos Amorim, um senhor na elegância do trato e da fidelidade, que o acompanha durante quase quarenta anos na vida artística, ou o bandarilheiro João Pedro (Açoriano), seu homem de confiança, não esquecendo dois outros no inicio de carreira, José Tinoca e Manuel Barreto, foi um momento que calou fundo. Foi bonito ainda, registar na declaração publica à sua companheira, Sandra Strech, num voto futuro com felicidade presente.
E que melhor presente para rematar o momento dos galardões que ouvir como fala o ‘coração’ de forcado. E que grande forcado foi Francisco Borges. Se na arena mostrava valentia, mestria, grandeza, agora é o como homem de família.
E, se a Gala, já faz parte do elenco dos eventos que no final da temporada taurina revelam o que melhor acontece na Festa dos Touros, pelos olhos e gostos dos aficionados do Norte, esta quinta edição, elevou ainda mais o patamar de interesse dos que nela querem participar. Se a lotação esgotada é um prémio de reconhecimento a quem tem o trabalho de organizar e coordenar o acontecimento, muito obrigado e parabéns para o Joaquim Mesquita, Fernando Sousa, Pedro Pina e ao Frederico – é também uma responsabilidade e incentivo para os distinguidos. E os galardoados de 2024 foram:
- Ganadaria do ano - Murteira Grave.
- Cavaleiro do ano e Premio Carreira e Homenagem - Rui Salvador
- Cavaleiro revelação 2024- Gilberto Filipe
- Bandarilheiro do ano 2024 - João Bretes
- Novilheiro do ano 2024 - Tomás Basto
- Matador do ano 2024 - Joaquim Ribeiro " Cuqui"
- Grupo de Forcados do ano 2024 - Académicos de Coimbra
- Empresa taurina 2024 - Sector 9 - Santarém
- Forcado Homenageado 2024 - Francisco Borges ( Grupo Montemor)
Distinguidos os homenageados e galardoados, a Festa prosseguiu com animação e actuação de um grupo de ‘sevilhanas’ em alegres danças flamencas, num convívio amigável e muito animado, na certeza de que para o próximo ano, será ainda mais envolvente e apelativo.
Estamos a 23 dias do Natal, do nascimento do Salvador. Que esta quadra possa representar mais paz, mais amor, mais carinho, maior frontalidade e coragem para enfrentar as adversidades.
Que seja momento de reunião da família; ainda que uma noite por Ano, valerá sempre a pena quando estamos de coração aberto.
É tempo de recordar a nossa meninice e a ansiedade por chegar o momento de abrir as prendas, muitas ou poucas, mas todas oferecidas com o coração. Com a nossa ingenuidade de pensarmos que o Pai Natal entrava pela chaminé para deixar as prendinhas... tempos que já não voltam mas que gostamos sempre de recordar.
Que tenham umas Festas Felzes junto daqueles que mais amam. Nós voltaremos no Ano Novo.