GRUPO TAUROMÁQUICO SECTOR 1 E OVAÇÃO E PALMAS PROMOVEM JANTARES -TERTÚLIA EM LISBOA
O PRIMEIRO SERÁ NO DIA 6 DE JULHO

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O texto que abaixo publicamos já aqui foi dado à estampa há mais de 10 anos. Contudo, num tempo em que sobram catedráticos que nunca chegaram à faculdade, e que pouco conhecem do que é tourear a cavalo, volto a publicá-lo e a solicitar uma leitura atenta. Porque sem princípios básicos não se passa ao ensino secundário e muito menos se chega à faculdade. Ler muito e com critério é um dos princípios básicos para se aprender algo, seja em que disciplina for, e a tauromaquia não é excepção. Apenas para os tais catedráticos...
O que se segue foi publicado no Barreira de Sombra há quase 10 anos mas a importância dos conceitos que Fernando Sommer D'Andrade transmite justifica que o recuperemos.
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De algum tempo a esta parte que vinha sentindo a necessidade de encontrar algum livro, alguns textos, sobre regras para o ensino do cavalo de toureio, e encontrei um estudo que se intitula “Advertências e Regras para o Ensino do Cavalo de Toureio no Séc.XX – Estudo sobre o paralelismo entre a equitação de obstáculos e de toureio”, datado de 1970 e da autoria do engenheiro Fernando Sommer d´Andrade, o qual é de grande importância para se compreenderam algumas das bases da equitação para o toureio e também sobre as sortes executadas. O paralelismo estabelecido com a equitação de obstáculos permite-nos, ainda, ficar a conhecer alguns conceitos básicos do ensino das montadas, da obediência e da disciplina, o que se revela de grande valia para se poder avaliar com mais e melhor critério, o “arranjo” dos cavalos de toureio, tudo se resumindo a uma frase do grande mestre que foi o Coronel Jara de Carvalho e que diz que o ensino de qualquer cavalo estriba, assenta, no seu perfeito equilíbrio.
Aqui fala-se da orientação do método de ensino dos cavalos de toureio nos moldes utilizados pelos concursistas de obstáculos “mais conscienciosos e esclarecidos” e sua adaptação “às necessidades particulares do toureio equestre.”
Refere o Engº. Fernando Sommer d´Andrade que “seguindo este sistema se ensinaram a tourear os cavalos de José Rosa Rodrigues, D. Luis e D. José de Athaide, e mais recentemente, os de meu filho José Luis. Entre os que apareceram em público e alguns que ficaram pelo caminho por falta de qualidades, conta o método já com mais de uma trintena de cavalos para tourear, sem um único fracasso.”
Neste estudo, e depois de analisados conceitos básicos ou essenciais de equitação, fala-se da aproximação entre o toureio a pé e o toureio a cavalo. Citamos: “Para que o toureio equestre siga de perto a evolução do toureio a pé, e se não afaste das regras clássicas, para que seja, em suma, verdadeiro toureio, é preciso que o cavalo leve o touro toureado em todas as fases da lide.
Ora a lide é mover o touro na praça, corrigir-lhe os defeitos, cuidar das suas qualidades, prepará-lo, enfim, para que possa ser dominado pelo homem, através das sortes do toureio, sem perder de vista os princípios tauromáquicos que mandam citar, aguentar a investida, carregar a sorte, trazer o touro toureado, templando e mandando, para reunir como mandam as regras: à espádua do cavalo.
O corpo do cavalo está para o toureio equestre como o capote ou a muleta estão para o toureio a pé, e, por isso, o corpo do cavalo é o «traste» de que o cavaleiro tauromáquico se serve para levar ou trazer o touro toureado.
Se com o capote, a muleta ou o estoque, a categoria do espada se computa pela distância a que provoca a investida do toiro, pela forma estóica e serena como espera essa investida, aguenta, e fica quieto trazendo o toiro toureado até que chegue à jurisdição; a forma correcta, a forma correcta, eficiente e suficiente como carrega a sorte, a suavidade como «templa» a investida, a calma e finura com que gira a cintura e corre a mão levando o touro toureado, isto é, mandando; a forma recta, por diante, e lenta como entra a matar; assim também a categoria do cavaleiro se deve avaliar pela distância a que provoca a arrancada do touro, a calma com que espera a acometida, a coragem com que aguenta o ímpeto dessa investida, a rectidão com que entra, a finura como carrega a sorte, a suavidade e lentidão com que tempera a sorte e traz o touro toureado, assim como a forma como reúne.”
E, mais adiante, e em algumas notas que escreveu à margem do texto, mostra bem como se deve tourear a cavalo. Vejamos:
“Citar, provocando a arrancada. De longe, nos touros que arrancam de longe, mantendo-se quieto (aguentando de longe). Em curto, nos touros tardos, indo a galope muito sossegado ou outro andamento lento, para que o touro arranque (porfiar de perto).
Carregar a sorte com a frente do cavalo sem que a garupa se afaste para um ou outro lado da recta inicial. (Só se pode carregar a sorte depois do touro ter arrancado, porque de outro modo não obedece ao engano.)
Começar o quarteio em marcha lateral, quando o touro entre na jurisdição e se prepare para humilhar.
Trazer o touro toureado, sempre com a frente do cavalo, até à reunião, que deve ser feita ao estribo ou mesmo por diante dele.
Sair pela cauda do touro continuando a olhar para o mesmo, enquanto ele se afasta pela acção da força centrífuga.”
Sobre a falta de escola ou de uma verdadeira escola aplicável ao toureio equestre, escreveu Fernando Sommer d´Andrade:
“Os toureiros são empíricos e cada um faz o que pode, só se preocupando com a colocação da ferragem e em imitar os detalhes mais salientes dos cavaleiros que estiverem na moda, principalmente aqueles mais vistosos, mas menos difíceis de executar.
Num breve interregno, o grande mestre que foi o sr. Vitorino Froes, estudou, meditou as questões tauromáquicas e equestres que as servissem, e experimentou o seu método com resultados surpreendentes, conquanto fugazes.
Seguiram-lhe os ensinamentos, D. Rui da Câmara, António Luis Lopes (...), João Núncio e, através deste e de seu próprio pai, José Rosa Rodrigues. No entanto, o grande baluarte actual do ensinamento técnico de toureio equestre, aprendido na frequência do mestre de Alfeizerão e aperfeiçoados no contacto com João Núncio, que acompanhou durante toda a sua fase de descoberta e aperfeiçoamento, assim como no estudo e comparação desta arte com o toureio apeado, reside no grande aficionado Jorge Rosa Rodrigues.
Até hoje o ensino do toureio tem-se resumido à permissão, a alguns alunos, para presenciarem os treinos dos mestres, e à transmissão de alguns conceitos através da conversa durante os momentos de descanso. O aluno aprende, assim, somente aquilo que lhe fere a atenção e que a sua mentalidade lhe sugere ter ou não ter interesse.
O mestre não indica o objectivo a atingir, e muito menos explica a forma teórica de o atingir. Limita-se, normalmente, a dizer: «Vê como eu faço e tenta perceber!»; «Deixa o cavalo tirar-se como tiver jeito!»; ou: «Dá-lhe uma sova, se não obedecer, pois, para tourear, tem o cavalo que ter mais medo do cavaleiro do que do touro!».
Ora, para que haja uma verdadeira escola, é necessário que se ensinem a resolver os problemas intelectualmente, transmitindo conhecimentos susceptíveis de se aprenderem, canalizando a atenção para as questões basilares, tanto do touro como da equitação, mentalizando os alunos tauromáquica e equestremente, de uma forma racional.
Para que haja uma verdadeira escola, é necessário que se ensine a forma metódica de ginasticar o cavalo e o cavaleiro, física e moralmente, a fim de que possam obedecer às exigências do toureio.
Para que haja uma escola, é necessário haver uma progressão no ensino.”
No que se refere ao treino enquanto exercício com vista ao contínuo aperfeiçoamento, e a páginas 76 e seguintes do estudo, encontramos escrito:
“Na mira de tal graça e desenvoltura, em vez do que lhes é difícil, só se preocupam em desenvolver e treinar, o que lhes resulta fácil a eles, ao cavalo, ao touro e ao público, ignorante na maioria.
O cavalo tem medo de abordar o touro por diante e devagar, e o mesmo acontece ao cavaleiro?
Toureiam apenas em velocidade e à meia-volta ou tira, tendendo para ela!
O touro pesa?
Cortam-lhe a investida, destroncando-o!
O público não percebe o toureio sério?
Fazem pamplinas!
O arranjo do cavalo é moroso e difícil?
Por isso não buscam mais que empapelá-lo!
A calma do conjunto é difícil de manter?
Por isso fingem ser o nervosismo a sua finalidade artística!
É, pois, por preguiça, ou porque... «estão verdades»... que o seu toureio é apenas o de acoplar-se às facilidades, desenvolvendo o jeito natural, seu e das montadas, sem se preocuparem por procurar vencer os tais pontos fracos (...).”
E no que diz respeito ao temple, assunto da máxima importância em tauromaquia, traça este estudo um paralelismo entre a actuação do subalterno e a do matador, aquele podendo fazer as coisas depressa e sem o tal rigor e presença que se impõe ao matador e onde o subalterno “não necessita demonstrar uma calma e presença de espírito fora do vulgar que lhe permitam raciocinar com eficiência ante o perigo, nem comandar os nervos com aquela sensibilidade que permite a finura e precisão do gesto, que permite imprimir o «temple» indispensável a uma lide com valor artístico. Porque, para «templar», é necessário aguentar e mandar.
Ora, no toureio equestre, acontece precisamente o mesmo, sem esquecer que a descontracção física do cavaleiro e do cavalo custa mecanicamente a manter, mesmo na ausência de perigo.
Em velocidade e aos repelões, todos os cavaleiros e todos os cavalos toureiam, como qualquer pessoa pode tourear a pé, mas com «temple» são tão raros que só vi até hoje um conjunto que tenha conseguido em grau apreciável.
É, pois, o «temple» a qualidade mais rara do toureio equestre, aquela que confere categoria aos mestres, pois só pode «templar» quem reunir todas as demais qualidades, quer de virilidade, quer de toureiro, quer de cavaleiro.”
Quando se fala de um bom cavalo, deve entender-se como o cavalo com um estilo completo, que possa com os toiros de largo ou em curto, que possa atacar depressa ou devagar, ou seja, aquele cavalo que pode com todos os toiros, em qualquer terreno, qualquer que seja a sorte e as velocidades imprimidas.
A este propósito escreveu o Engº. Fernando Sommer d´Andrade neste estudo: “(...) pode, no toureio equestre, executar sortes de caras e para o centro, devagar, num touro que, para qualquer outro, só seria possível procurar à meia-volta, em tábuas, entrando velozmente; pode aproveitar as mais fortes investidas de um touro pronto e codicioso, sem ter que o recortar, destroncando-o para lhe tirar primeiro o ímpeto, como terão de o fazer aqueles que não estiverem em boas condições.
Pode, por pisar mais o terreno lentamente, isto é, por porfiar de perto com lentidão, ainda pôr ferros em touros mansos a que outros já não conseguem ferir, nem mesmo entalados em tábuas e com a ajuda de capotes.
E não haja engano com a significação da frase conhecida: Dar ao touro a lide que ele requer.”
Chegados a este ponto, sempre de difícil entendimento entre público, toureio e crítico, importa reflectir bem sobre as palavras do Engº. Fernando Sommer d´Andrade:
“A lide que o touro requer não significa fazer apenas o que ele quer, porque isso seria andar ao sabor do touro e equivaleria ao inverso de mandar, que é a base primordial do toureio.
A lide que o touro requer refere-se a conhecer o touro para não lhe pedir o que lhe é impossível de dar, mas não a nem sequer tentar convencê-lo ou obrigá-lo a dar o que lhe não convém. Obrigá-lo, à custa de poder persuasivo, a investir, mesmo quando não é da sua inteira aquiescência, só demonstra o domínio do homem, e é essa a sua maior glória e o seu maior valor.
Só os fracos, os desajeitados, os medrosos ou de fraca capacidade intelectual, se contentam com o que o touro muito bem lhes quer dar de boa vontade. E estes são, mesmo assim, tão mesquinhos, que só aceitam as dádivas que forem cómodas de receber, porque, se o touro for generoso, rejeitam a maioria da oferta, por não terem capacidade para a suportar. Por isso, os maus toureiros muito se destapam nos touros muito bons.”
AS SORTES NO TOUREIO EQUESTRE
Segundo Fernando Sommer d´Andrade, as sortes do toureio equestre, porque tendo origem na sorte de matar do toureio a pé, “deveriam ser apenas feitas de caras.” E refere no seu estudo, cinco tipos de sortes: de caras, tira de frente, tira na perpendicular, meia-volta e garupa, referindo que “Estas sortes podem resultar da degeneração da sorte de caras, por falta do cavaleiro ou do cavalo, em relação ao touro, que, em vez de usar das qualidades necessárias para ir aos terrenos precisos para a sorte que pretende, vai tacteando, a ver o que a sua boa estrela lhe proporciona. São as sortes à sorte.”
Depois de algumas fotos ilustrativas, assim como alguns desenhos, das sortes e da sua abordagem nas posições relativas de cavalo e de toiro, segue-se a seguinte descrição:
“A tira de frente é derivada de um alívio da sorte de caras.
A sorte, à medida que se vai aliviando, isto é, à medida que o cavaleiro saia da cara do touro mais cedo, vai tendendo para a tira na perpendicular. Depois de ultrapassada esta, entra-se na meia-volta, como consequência de tal alívio, até se chegar a chamar o touro pela retaguarda.
Por isso, estas sortes, apesar de tradicionalmente admitidas como tais, não passam de adulteração da sorte verdadeira.
Assim, «a lide que o touro requer», não consiste em fazer «tiras» ou «meias-voltas», por serem mais cómodas, mas sim em fazer sortes de caras: para os médios, para as tábuas, para sesgo; a favor da crença, contra ela ou enviezadas, conforme as tendências do touro; devagar ou mais depressa; pisando mais o terreno ou menos; carregando mais a sorte ou menos; aguentando o que for mister; etc., fazendo a sorte, enfim, da forma que o touro requer, e só utilizando as outras sortes quando não possa ser absolutamente de outra forma, como defesa.
E isto já o dizia D. Jerónimo de Villasanta de a Veja, em 1659: «É o sabe que, conquanto os mais escreveram haver três posturas de sortes, uma de cara a cara, outra ao estribo e outra à garupa, só a primeira devemos procurar, pois as outras duas são para que as faça gente comum ou para quem só saia a cumprir com o vulgo, e em caso de não poder obrigar o cavalo a mais, se podem permitir (isto se conhece desde os balcões) ou em ocasiões de socorro.»
E, para terminar, neste magnífico estudo do Engº. Fernando Sommer d´Andrade aborda-se a alegria no toureio. “Ai a alegria do toureio equestre que tantos se preocupam em pôr em lugar de destaque, com a desculpa de que o toureio é um espectáculo! (...)
A alegria que preconizam tem que ser à custa da própria arte de tourear, e os que a preconizam não são verdadeiros aficionados, porque são os que querem mascarar o mau toureio dos seus toureiros, sob aquele pretexto.
Quem sabe se não serão mesmo os detractores do toureio equestre aqueles que mais proclamam as excelências da alegria, por terem descoberto a corda sensível por onde meter o veneno da destruição desta arte?!
Que os velhos e desiludidos já se preocupem mais com o mundo do que com a pureza da arte, é natural, mas que os novos comecem logo pelo fim, só demonstram não ter «aficion», não sentir a sua arte, nunca terem estado em religião.(...)
E eu, para terminar, direi (...) trabalhai apaixonadamente, para, já hoje, irdes pelo Mundo defendendo a tradição da equitação de toureio portuguesa, servindo, além do cavalo, essa outra religião, igualmente imortal, que é o prestígio de Portugal.”
Espero, assim, ter dado também um contributo, ainda que pequeníssimo e modesto, para ajudar a entender um pouco mais sobre equitação e toureio a cavalo.“
In, "Advertências e Regras para o Ensino do Cavalo de Toureio no Séc.XX – Estudo sobre o paralelismo entre a equitação de obstáculos e de toureio”, datado de 1970 e da autoria do engenheiro Fernando Sommer d´Andrade
Segundo informação da empresa Ovação e Palmas, "a cerca de 18 dias da Corrida Inaugural da Temporada de Sonho de 2023, é com enorme satisfação que Vos informamos que a Corrida da Cerimónia de Alternativa de António Ribeiro Telles filho e Comemorativa dos 40 anos de Alternativa de António Ribeiro Telles e em que participa toda a Família Ribeiro Telles, já se encontra no Top 6 dos espectáculos mais vendidos pela Ticket Line.
Aconselhamos a que adquiram ou reservem as Vossas entradas com a devida antecedência para está noite histórica!
O Campo Pequeno regressa as noites de glória, de glamour, de classe e de charme que marca a diferença !
Também as outras corridas já se encontram com grande movimento pelo que se prevê uma temporada inolvidável
Obrigado pela preferência
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LUIS ROUXINOL
JOÃO MOURA CAETANO
MARCOS BASTINHAS
EMILIANO GAMERO
FRANCISCO NÚNCIO
ANTÓNIO NÚNCIO
FORCADOS DE MONTEMOR
1ª PEGA
2ª PEGA
3ª PEGA
FORCADOS DE LISBOA
1ª PEGA
2ª PEGA
3ª PEGA
MORANTE DE LA PUEBLA
ROCA REY
GINÉS MARIN
Praça de Toiros “Mestre João Branco Núncio” – Alcácer do Sal – 25/06/23 – Corrida de Gala à Antiga Portuguesa
Director: Maria Florindo – Veterinário: Feliciano Reis – Lotação: + de ½ (sombra cheia)
Cavaleiros: Luís Rouxinol, João Moura Caetano, Marcos Bastinhas, Emiliano Gamero, Francisco Núncio, António Núncio (praticante)
Forcados Amadores de Montemor e Lisboa
Ganadaria: Engº. Jorge Carvalho
O imenso calor que se fez sentir na tarde de domingo, ultrapassando os 38 graus, levou a que a corrida fosse adiada para as 18h30 e, ainda assim, muita gente se terá retraído e não marcou presença pois se a sombra estava apinhada, ao sol poucos eram os resistentes. Uma tarde onde houve cortejo evocativo das touradas reais do séc. XVIII e onde também se evocou a efeméride de 100 anos de alternativa desse grande génio e revolucionário do toureio a cavalo que foi Mestre João Branco Núncio.
A corrida abriu com uma grande actuação de Luís Rouxinol que brindou ao seu apoderado Rui Bento que cumpria 35 anos de alternativa de matador de toiros. Uma lide em crescendo, com bons pormenores de brega, dois bons compridos e curtos em sortes frontais com bom desenho e boa cravagem, rematando a sua passagem pela arena alcacerense com um bom par de bandarilhas e um ferro de palmo.
Em segundo lugar actuou João Moura Caetano que teve por diante um toiro distraído e que se empregava pouco. A série de curtos é de bom nível técnico-artístico, com ligeiras batidas ao pitón contrário com destaque para 1º e 3º ferros consentindo bastante nas reuniões. Uma actuação onde esteve por cima do toiro.
Terceiro cavaleiro em praça foi Marcos Bastinhas, que foi fiel ao seu toureio, alegre, comunicativo, de empatia com o grande público. Houve boas preparações, entendeu bem o toiro que foi mansote mas não criou problemas e a fase final da lide foi de grande conectividade com o público, com um bom par de bandarilhas com o toiro nos tércios e outro pelo corredor.
A abrir a segunda metade corrida esteve o mexicano Emiliano Gamero. Um outro conceito, uma outra forma de interpretar o toureio e com alguma brega mais arrojada e alguns desplantes “mete o público no bolso”. Aconteceu de novo e apenas na fase final da sua actuação registamos 3 ferros com valor, uma deles de violino.
Francisco Núncio lidou o quinto, o mais pesado da tarde. Andou com classe, com sentido de lide, cravou bons ferros curtos numa actuação com fortes aplausos do público,
Encerrou praça António Núncio, actuação pautada por alguma irregularidade já que toureia poucas corridas. Ainda assim agradou ao público deixando alguns curtos aplaudidos.
Para as pegas da tarde saltaram à arena os Forcados Amadores de Montemor e Lisboa. Por Montemor foram caras Francisco Bissaia Barreto, João Vacas de Carvalho e Vasco Ponce, todos ao primeiro intento, enquanto por Lisboa pegaram Martin Marques e Duarte Mira ambos à primeira e Nuno Fitas à segunda.
Os toiros do Engº Jorge Carvalho estavam bem apresentados e não criaram problemas de maior aos artistas.
O espectáculo foi dirigido por Maria Florindo assessorada pelo veterinário Feliciano Reis.
Texto e foto: António Lúcio
Praça de Toiros de Badajoz “Coso de Pardaleras” - 24/06/23 Corrida de Toiros
Matadores: Morante de la Puebla (assobios – orelha)
Roca Rey (2 orelhas – orelha)
Ginés Marin (2 orelhas e rabo – 2 orelhas e petição ligeira de rabo)
CORRIDA ÉPICA EM BADAJOZ: MAIS DE 40 GRAUS, 8 ORELHAS E UM RABO E UM TOIRO DE VOLTA À ARENA
Aguentámos, os mais de 9.000 espectadores, de forma estóica e quase sobre-humana, a vaga de calor sufocante que se abateu sobre Badajoz e que na praça de “Pardaleras” era quase impossível de suportar. Mas valeu a pena pelo magnífico e excelso toureio de Ginés Marin, que cometeu o feito de ter cortado um rabo ao bravo primeiro numa acesa competição com Roca Rey já que Morante teve o pior lote da corrida.
Falemos então do triunfador maior da tarde, Ginés Marin. Esteve francamente bem de capote no que primeiro, o melhor toiro da corrida, um bravo exemplar de Nuñez del Cuvillo que foi premiado com volta à arena no arraste. De joelhos em terra iniciou a faena de muleta ligando bons derechazos. E a partir de aí foi classe, foi temple, foi entendimento perfeito de tempos e distâncias, de suaves toques, com muletazos de largo traço e profundidade, com sabor e com saber, tudo mesclado com bons remates e a “incendiar” os tendidos. Grande estocada com o toiro a rodar rapidamente e petição esmagadora e inequívoca de máximos troféus. E quando demos por isso, lá estávamos, de pé, a aplaudir o bravo toiro.
Morante de la Puebla pouco fez de capote no que abriu praça. De fraca condição, reservado e distraído, o de Nuñez del Cuvillo não teve bravura nem mobilidade. E isso condicionou fortemente o desempenho com a muleta pois ao fim de poucos passes, o toiro ficou-se e não investiu mais. Abreviou, bem, Morante e matou de pinchazos e quase meia estocada. Entregar-se-ia depois na lide do quarto, com bons momentos de capote e firmeza e disposição, no centro do ruedo, para a muleta. Passes de qualidade e a meio de um muletazo o toiro parou-se e veio a primeir, afeia, voltareta. Depois, já junto a tábuas quando toureava entregado pelo lado esquerdo veio nova voltareta ficando bastante combalido. Matou de estocada e foi justamente premiado com uma orelha.
Um autêntico leão, um “gallo de pelea”, é o peruano Roca Rey. Muito bem de capote com o seu bom primeiro toiro, esteve com classe e poderio no manejo da rubra flanela, em momentos que ficam na retina e no cérebro de quem os viu com olhos de ver e sentimento de aficionado. Faena de comprometimento, de entrega desmedida, de um tremendo poderio por derechazos e naturais e após grande estocada, passeou as 2 orelhas que foram pedidas de forma quase unânime, se é que nisto dos toiros pode haver unanimidade. E no que foi quinto voltou a repetir a dose, ainda que com um pouco menos de intensidade pois o toiro também não transmitiu tanto quanto o seu primeiro e apenas passeou uma orelha na triunfal volta ao ruedo.
Os toiros de Nuñez del Cuvillo tiveram qualidade no geral, destacando-se o bravo terceiro da tarde e os bons segundo e sexto.
Texto e foto: António Lúcio
Regressamos a Badajoz para o cartel estrela - Morante, Talavante e Roca Rey - e a Alcácer do Sal para a corrida de Gala à Antiga Portuguesa por ocasião dos 100 anos de alternativa de Mestre João Branco Núncio.
NOTA: Alcácer terá início às 18h30 e o cortejo no exterior às 17h30 seguindo para a praça de toiros