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Esta história começou a escrever-se nas minhas lides político-partidárias de juventude e na amizade com Justino de Moura Guedes, um homem da rádio, dos CB’s, de Torres Vedras. Foi ele quem me desafiou, sabendo do meu gosto pela tauromaquia, a criar um programa de uma hora na Europa FM em Torres Vedras. E a verdade é que a ideia vingou, a história foi-se alimentando de episódio, de contributos de muita gente como o Dr. Brito Paes, o Américo Manadas, o João Sobreiro e mais um vasto conjunto de amigos que fui fazendo em Torres Vedras como o Joaquim Valentim “Pinta Negra”, o Dr. José Manuel e tantas outras pessoas que fizeram com que o então inicial “Da Barreira ao Redondel” se tornasse uma referência à época.
Mas a história tem outras histórias ainda. Recebíamos telexes da Lusa porque ainda não havia internet; ou então uns faxes com notícias; recolhia a publicidade das corridas que era distribuída nas praças de toiros; as notícias internacionais se não vinha via Lusa, vinham através da revista Aplausos e com pelo menos uma semana de atraso. Era preciso um enorme esforço para recolher a máxima informação para preencher cerca de 50 a 55 minutos de programa.
Ah, e nalguns desses primitivos anos, marcámos presença numa média de 100 espectáculos por ano.
Depois vieram as colaborações com outros colegas como Eduardo Leonardo (qdep), um verdadeiro e único mestre; com a Rádio Ribatejo, com Paulo Beja, António Salema, Catarina Bexiga, Cordeiro de Brito e Pedro Pinto… Alenquer, onde colaborei no jornal Nova Verdade e com a Catarina e o seu programa. Coruche, com o Joaquim Mesquita. Comercial de Almeirim com o Eduardo Leonardo e o Marcelo Mendes…
A história tem novo episódio com Fernando Dias e a sua Tauromaquia Portuguesa On-Line, revolucionário nos primeiros tempos de internet. E logo a seguir novo episódio quando com o Eduardo Leonardo avançámos e criámos o Toiros&Cavalos que rapidamente se tornou líder na categoria e que muito nos honrou.
Importa ainda referir que a história regista a minha passagem pelo jornal Correio da Manhã, pelas revistas Ruedo Ibérico e Contra-Barreira, pelo jornal Olé (com Ana Paula Nunes, José Pedro Ramalho, Luís Pombeiro e Francisco Morgado) e pela RTP (várias transmissões em directo).
Ainda ao nível da rádio, na Oásis FM em Sobral fizemos uma transmissão directa de uma corrida e vários apontamentos/reportagem em directos noutras em Sobral de Monte Agraço.
Fiz bastante campo, com várias reportagens escritas e fotográficas e aí me sinto fenomenal, desfrutando imenso sem toureio e com toureio, partilhando momentos com figuras do toureio e aprendendo imenso nesse laboratório e cátedra fundamentais.
Pois agora penso que para rematar estes 35 anos de história e de histórias, pouco me resta para fazer a não ser manter a chama da afición já que neste ano, por 2 vezes fui moderador de 2 colóquios em Vila Franca na Tertúlia Porta Grande e que me ficaram no coração.
RECORDAR PESSOAS IMPORTANTES E AMIZADES QUE PERDURAM
Quiçá seja esta a maior recompensa que levarei destes anos. Amizades que perduram por mais de 30 anos e pessoas que tiveram enorme importância não apenas no que consegui realizar – e foi tão pouco – mas no que me ensinaram e ajudaram a ser a pessoa que hoje sou.
As referências familiares são por demais conhecidas. Foi na minha infância que tudo começou com as primeiras idas aos toiros, às corridas e às pamplonas em Sobral de Monte Agraço, depois Vila Franca e sempre Santarém com os meus pais e os meus avós.
Tudo se torna mais sério quando, aos 18 anos, ingresso nos Forcados de Agualva-Cacém, respondendo ao convite do José Espinheira e onde me mantive até ao meu acidente em 1995. A minha última corrida foi em Beaucaire, França, pouco menos de uma semana antes do acidente. São daí algumas das amizades que ainda hoje mantenho, a do Espinheira como meu cabo de sempre (despedi-me no mesmo dia que ele, fardado e fazendo as cortesias), o Saldanha Jorge, o José Patrício, o Manuel Espanhol, o José Amaro. Grandes momentos, grandes histórias…
Comecei uma altura em que havia empresários de outro calibre, que marcaram a diferença, como os toureiros de então. Tive o privilégio de trabalhar com pessoas como José Agostinho dos Santos, Américo Pena, Manuel Jacinto, o meu grande amigo e pessoa a quem muito devo pelo que me ensinou e proporcionou Manuel Gonçalves. E em muitas outras praças empresários como Rogério Amaro e António Manuel Cardoso, ou a Comissão da Misericórdia de Santarém, e tantos outros. Outros tempos, outro senhorio.
Num mundo em que a imprensa escrita tinha peso, com vários jornais nacionais a terem a sua coluna de tauromaquia, de onde destaco Quito Fernandes n’O Dia ou José António Lázaro n’A Capital, ou ainda o João Mascarenhas no seu 1º Tércio, onde o programa da hoje Antena Um “Sol e Toiros” era único, onde o “Passeio Taurino” marcava o espaço taurino na RTP e havia corridas transmitidas em directo, aparecemos nós, os piratas da rádio, das rádios piratas pois não havia ainda legislação para regulamentar esta parte do espectro radiofónico.
Fazer rádio era algo que, há 35 anos atrás, estava longe de pensar que se tornasse um bichinho tão forte e que me fizesse radio-dependente. Mas foi uma aventura bonita em que, aos poucos, fui conquistando o respeito de profissionais e do grande público, que me deram o prazer de muitas entrevistas em directo e com os convidados em estúdio ou via telefone e de ficar depois do programa à conversa com ouvintes. Isso ninguém apagará e será sempre um património que levarei comigo.
Tive o privilégio de participar em dois Congressos Nacionais de Tauromaquia e de ser orador num deles; participei na organização de uma das primeiras Equimagos e onde tive o privilégio de trabalhar e conhecer histórias de pessoas tão espectaculares como João Ramalho e Fernando Palha (qepd), de Manuel Andrade Guerra (qepd), de Paulo Cordeiro Pereira e, como não, do nosso querido e saudoso amigo Eduardo Leonardo (qepd). Foram momentos de enorme aprendizagem e partilha de conhecimentos e de histórias por todos eles vividas.
A rádio onde mais anos estive, cerca de 20, a Oásis FM, fechou portas há uns 10 anos. Depois disso estive, pela primeira vez em Portugal, e a convite do Miguel Dias, na FEEL FM, rádio digital e com enorme sucesso. E na pandemia voltei a fazer um apontamento de rádio, semanal, na Valor Local a convite de um amigo e companheiro de sempre, o Paulo Beja.
As amizades que perduram são as que valem, as que sempre tiveram peso e respeito. E são algumas podem crer.
Por isso, poderia dizer «missão cumprida». Mas não, a obra estará sempre incompleta como as faenas e lides sonhadas.
Esta é a 35ª temporada. O futuro a Deus pertence.
António Lúcio’22