Praça de Toiros “Celestino Graça” – Santarém – 19/03/22 – Corrida de Toiros
Director: Marco Cardoso – Veterinário: José Luís Cruz
Cavaleiros: João Moura Jr, João Ribeiro Telles, João Salgueiro da Costa
Forcados Amadores de Santarém e Aposento da Moita
Ganadaria: Veiga Teixeira
Vão ser cantados muitos triunfos desta corrida que quase encheu a “Celestino Graça” e esse sim é o grande triunfo: mais de 8000 pessoas, muitos jovens, famílias inteiras nos toiros em Santarém e no Dia do Pai. Fantástico.
Mas como disse a corrida foi longa, muito por culpa das dificuldades com a recolha dos dois primeiros toiros e com a corrida começar com 15 minutos de atraso por causa dos retardatários, e esteve, na minha opinião – que vale o que vale – aquém das expectativas.
Podemos afirmar que os três cavaleiros em praça, João Moura Jr, João Ribeiro Telles e João Salgueiro da Costa tiveram por diante um curro de Veiga Teixeira díspar de comportamento, que não de presença e trapio, sério e com alguns a mansearem como os saídos em 3º, 4º e 6º lugares. Com eles cumpriram a papeleta dentro dos seus estilos, com alguns ferros que o público aplaudiu com força a qualquer um dos três mas… O toureio tem de ser feito com a máxima lentidão possível, templando e mandando… e por aqui me fico. Parabéns pelos bons momentos aplaudidos pela esmagadora maioria do público.
Os Forcados tiveram muito bom desempenho e foram eles os grandes triunfadores da tarde. Citaram com galhardia, deram vantagens, provocaram investidas, recuaram com classe e fecharam-se na cara dos toiros com a bravura dos grandes forcados de sempre. Por Santarém, abriu praça Francisco Cabaço com uma excelente cara ao primeiro intento, Joaquim Grave levou a emoção às bancadas com pega tecnicamente perfeita, fechando-se com galhardia e com uma viagem larga na cara do toiro e o grupo a fechar muito bem, e outra grande e emotiva pega por António Queirós e Melo frente ao quinto. Pelo Aposento da Moita abriu praça o cabo Leonardo Mathias numa rija cara ao primeiro intento, seguindo-se Martim Cosme numa enorme pega de caras, tudo bem feito, uma boa reunião e o toiro a carregar com muita pata e com um violento embate na porta dos curros que se abriu. Encerrou praça Tiago Valério que esteve também em muito bom plano em todos os momentos de uma grande pega de caras.
Na direcção de corrida esteve Marco Cardoso assessorado pelo veterinário José Luís Cruz. O espetáculo terminou eram 19h23…
Será a 24 de Maio com Daniel Luque e José Garrido e frente a toiros de Valdefresno que o matador português João Silva "Juanito" fará a sua confirmação de alternativa.
Com o recrudescer da guerra na Ucrânia e sem que haja um fim á vista, todos os grandes planos para 2022 podem ir ”água abaixo”. É um acontecimento á escala mundial e não escapamos incólumes de forma alguma apesar de, geograficamente, estarmos longe do conflito.
Na verdade, a nossa dependência de produtos oriundos da Ucrânia, de outros da Rússia e com as grandes petrolíferas a inflacionarem o preço dos combustíveis, com lucros de milhões por dia, todos os outros produtos sofrem aumentos diários que a maioria das bolsas, num muito curto espaço de tempo, não poderão suportar. Aumentam os combustíveis, a eletricidade, o gás, as telecomunicações, aumentam brutalmente os preços dos bens essências, a começar pelo pão, fala-se de racionamento de alguns produtos…
E então pergunta-se: se tiver de optar entre ter comida na mesa e ir a espectáculos, quaisquer que eles sejam, o que decidimos? Eu, claramente, pela primeira solução: ter comida em casa.
Façamos uma conta simples. No ano passado, por esta altura, o gasóleo simples nos postos low-cost tais como os das grandes superfícies, custava menos 50/60 cêntimos do que nos dias de hoje e ainda se fala em aumentos consideráveis a partir da próxima semana. Ou seja, atestar um depósito com 50 litros custa mais 25 a 30 euros do que há um anoa trás.
As rações para o gado bravo e para os cavalos aumentaram consideravelmente e continuarão a subir pois os produtos base vão escassear e, por via disso, continuar a subir o seu preço. Os ganadeiros de bravo não poderão continuar a cobrar baixos preços por um produto que tem um custo de produção muito maior, e assim sucessivamente.
Os aficionados, cada vez com menos dinheiro nos bolsos e com o custo de vida diário a aumentar mais e mais e mais, pensarão muito no que irão fazer e que espectáculo irão escolher para estar presentes na praça. E as empresas que já anunciaram muitos espectáculos para 2022 terão de começar a fazer contas muito rapidamente.
Um exemplo simples: ir da minha terra, Sobral de Monte Agraço assistir a uma corrida a Coruche, por exemplo, não custará menos de 20 euros só para combustível quando há um ano atrás 12 euros chegariam. Some-se a este valor 3 entradas a 30 euros, almoço para 3 com um valor total a rondar 40 euros e temos um gasto de 150 euros. Qual é que é a família que pode ir, pro mês, 2 vezes aos toiros com estes custos? Imagine-se uma família de 3 pessoas que desloque de Évora a Vila Franca pelo Colete Encarnado para assistir a uma corrida de toiros. As despesas só para combustível passam de 15 para 24 euros. A comida poderá ter valores idênticos de 40/45 euros e os bilhetes custarão também 30 euros cada e teremos custos de quase 160 euros. Como dizia António Guterres, é só fazer as contas.
Mas vou mais longe: os transportadores dos toiros poderão continuar a cobrar entre 1 euros e 1,20 ao kilómetro quando o gasóleo custa 2 euros o litro? E os empresários poderão pagar estes acréscimos e manter os preços de bilheteira iguais aos de 2020/2021? É que todos os intervenientes vão pedir mais dinheiro para poderem também eles suportar os aumentos…
Os tempos que se avizinham serão difíceis, mais ainda do que no primeiro ano da pandemia. A escassez de bens irá fazer disparar os preços para valores incomportáveis e sem que os Governos possam fazer algo por isso. A menos que a guerra que a Rússia mantém com a Ucrânia termine, e ver-nos-emos numa situação quiçá pior do que aquela que os nossos pais viveram na 2ª Guerra Mundial.
Mas como sou um homem de fé, espero que, na ausência de líderes fortes na Europa e na América, haja um milagre que nos salve destes tempos. E digo isto, eu que sou um optimista por natureza.