É UMA QUESTÃO POLÍTICA! NÃO SE ILUDAM…
Não queria voltar a escrever sobre estas coisas que em deixam triste e desgostoso porque me transmitiram outros e fortes valores de vida em família e em sociedade. E incomoda-me cada vez mais a inércia, a incapacidade de agir e a incompetência que todos os dias vejo nas notícias e em comentários sobre a tauromaquia nos meios sociais. Damos demasiado destaque aos antis quando, na realidade, a tauromaquia se afunda por incapacidades, demasiadas reacções e poucas acções, incompetência quase de certeza, de quem tem responsabilidades dentro da tauromaquia.
Num momento difícil como este, como é possível não estar presente na linha da frente quando se faz algo de novo e com riscos para defesa da festa? Fazer testes à Covid antes de um espectáculo tauromáquico como garantia de que o espectáculo é seguro, é um risco, calculado, mas um risco. Em Estremoz inovou-se e não houve um único teste positivo. Excelente. Mas e se tem havido uns quantos testes positivos? Caía o Carmo e a Trindade.
Andam alguns preocupados em combater os candidatos autárquicos que, como Medina em Lisboa, e muitos mais de forma mais encapotada, querem acabar com os espetáculos tauromáquicos nas suas cidades. Nas redes sociais, Medina teve mais publicidade que aquela que as TV’s e jornais todos juntos lhe deram. Agora pergunto: as festividades tauromáquicas são importante fonte de receita para o comércio local em localidades como Benavente, na raia com as capeias e forcão, Vila Franca com o Colete Encarnado, Moita em Maio e Setembro, Alcochete nas festas do Barrete Verde, entre outras. Não ouvi nenhum presidente de Câmara ou candidato a querer inverter a situação e propor controle de entradas, disponibilização de testes etc, mesmo sabendo que as próprias corridas de toiros nesse condicionalismo, mais tarde ou mais cedo estão condenadas.
E tudo isto, meus amigos, é uma questão política muito mais do que de saúde pública. Não há, continuo a dizer, qualquer evidência científica demonstrada de que a ida a espectáculos culturais controlados nos acessos e no distanciamento possa ter criado um qualquer surto de infecção com Covid. Descontrolo existe nas grandes superfícies comerciais pois se pode haver algum controlo de entradas não o há de distanciamento, o mesmo acontecendo nos transportes públicos etc. Assim com o também é um perfeito disparate o certificado digital de vacinação me ser exigido ao fim de semana no mesmo restaurante onde almoço ou janto todos os outros dias. Critério científico? Não, amigos. Critério de polícia e político, exclusivamente.
No espectáculo tauromáquico passa-se o mesmo. Os políticos estrangulam a actividade com regras meramente políticas e policiais, não respeitando direitos liberdades e garantias dos cidadãos a quem querem manter preso ao medo do contágio e de poderem ser punidos…Os nossos agentes tauromáquicos, salvo raras excepções, ainda não entenderam que é necessária uma posição de força que não de afronta face ao poder político. Que é essencial conquistar os autarcas e os decisores políticos para que respeitem esta actividade cultural e soltem algumas das amarras que impedem a realização de espectáculos tauromáquicos em concelhos de risco elevado e muito elevado e permitem outros espectáculso culturais…
A exigência de testes negativos ou de certificado digital de vacinação é uma falácia. É uma descriminação entre portugueses, mais uma vez uns de 1ª (os vacinados ou recuperados do Covid) e outros de 2ª (com1 dose apenas da vacina ou sem vacina qualquer). Estar vacinado, já se percebeu, que não significa não poder contrair o vírus… estão aí imensos casos e alguns até entre desportistas de alto rendimento.
A nossa acção tem de ir no sentido de consciencializar os políticos - e com eles manter boas relações - para a importância social e económica desta actividade cultural, para a salvaguarda das espécies e da biodiversidade, para que abram as portas á realização de espectáculos e que entendam que a Covid se está a transforma numa doença endémica, grave como tantas outras o foram nos séculos anteriores e que forma travada aos poucos e sem este histerismo que só a alguns aproveita,
Uma pequena nota: como aficionado ficarei muito triste se este caminho não for invertido e que causará a muito curto prazo o fum de tauromaquia como sempre a entendemos. Se assim acontecer e por culpa do pessoal dos toiros, eu poderei dedicar o meu tempo livre a muitas ocupações e hobbies que, com a tauromaquia, sempre ficaram prejudicados e que nesta pandemia voltei deles a desfrutar bastante. Os que têm na festa brava a sua principal fonte de rendimento estão a passar um mau bocado e provavelmente terão de mudar de ramo.
É tempo de agir. É tempo de tomar iniciativas, de dar a cara, de ir à luta, “a matar e a morrer”, Antes que nos matem a nós e à nossa festa brava!!!
António Lúcio
Foto: Fernando Clemente