Todos nós nos preocupamos com o futuro da nossa Festa Brava. Quem serão os toureiros a despontar nos próximos anos e a conseguirem a atenção dos aficionados e do público em geral? Que condições lhes criamos/damos para poderem mostrar e desenvolver o seu potencial?
Estas são algumas das questões que coloco a mim próprio e sobre as quais vou pensando. Há cerca de 30/35 anos atrás havia bastantes espectáculos de amadores e praticantes, de cavaleiros e bezerristas e novilheiros, jovens que procuravam aproveitar essas oportunidades para se mostrarem. Foi assim que muitos chegaram à alternativa e se tornaram figuras. Lagos, Alvor, Albufeira, por exemplo, eram algumas das praças que, no Algarve, mais espectáculos organizavam de oportunidade aos novos. E no Alentejo, Ribatejo e Estremadura também se davam espectáculos deste tipo em muitas praças, algumas delas desactivadas nos dias de hoje pelas imposições legais decorrentes do novo regulamento do espectáculo tauromáquico, pelas suas pequenas lotações e consequente não serem economicamente viáveis dados os elevados custos de cada espectáculo.
Sem estes espectáculos, sem a reactivação de algumas praças, sem que a tutela elimine os custos de licenciamento dos chamados espectáculos menores e diminua o IVA desses espectáculos, será muito difícil que apareçam novos valores e que a Festa se renove. Parece óbvio que deveremos ter, de novo, vacadas e garraiadas com amadores onde a cooperação entre toureiros, ganadeiros, empresários será essencial, assim como as organizações do sector tauromáquico deverão sensibilizar e conseguir junto da Administração Central (Governo e IGAC) a isenção de pagamento de taxas para estes espectáculos e a diminuição do respectivo valor do IVA a pagar.
Existe um conjunto de pequenas praças que, não tendo sustentabilidade financeira para suportar corridas de toiros, poderiam estar em funcionamento com este tipo de espectáculos, criando oportunidades e gerando postos de trabalho, ainda que com custos muito controlados e preços de bilhetes bastante baixos. Seria interessante fazer um levantamento de praças que actualmente não dão espectáculos e reativá-las assim como retomar esta tradição noutras praças que até há 30 anos atrás o faziam.
Quando olho para os dados dos último anos e referentes aos jovens toureiros, há um conjunto de bezerristas e praticantes de novilheiro das Escolas José Falcão de Vila Franca, de Toureio e Tauromaquia da Moita, do Montijo, por exemplo, que têm interesse mas sem estes espectáculos… O mesmo se passa com os cavaleiros amadores, em escasso número, com pouquíssimas oportunidades, apesar de 2 ou 3 terem qualidade, assim como alguns praticantes, que também são poucos.
Se conseguíssemos juntar esforços e boas-vontades e reativar algumas praças e dar oportunidade a estes jovens, criaríamos mais aficionados, mais espectadores, maiores possibilidades de êxito para a continuação e engrandecimento da Festa Brava.
Texto e foto: António Lúcio