O MEU EDITORIAL PARA O Nº 426 DO JORNAL OLÉ
Começo por saudar o regresso a estas páginas e à participação activa na nossa festa brava da nossa querida amiga Sandra BAtalha, uma mais-valia em qualquer publicação pela seriedade com que sempre nos brinda nas suas análises.
Quando há pouco mais de uma década se deu início ao projecto que se transformaria nesta referência para os aficionados que é o jornal OLÉ!, poucos acreditavam que se mantivesse e se afirmasse num mundo relativamente curto de leitores e, para mais, ligados ao universo tauromáquico. A verdade é que 11 anos depois, o OLÉ! é referência pela qualidade de escritos e de fotos que semanalmente preenchem as suas páginas sempre com o intuito, conseguido, de promover e dignificar a Festa Brava e os seus intervenientes. A nós, interessa aquilo que se passa na arena, em cada lide, em cada pega, em cada toiro. E fora das arenas interessa-nos mostrar a beleza do toiro bravo em plena liberdade, no seu habitat, nos tentaderos e, ainda, o trabalho que fazem os cavaleiros na preparação das suas montadas.
Num momento de comunicação global, onde da imprensa dos tempos de Gutenberg e dos tipógrafos a montarem textos e as rotativas em grande velocidade, com os ardinas a distribuírem edições matinais e vespertinas dos muitos jornais que havia, pouco existe a não ser nos museus e nas memórias de uns quantos, atingimos o advento da Net, com diversas redes sociais a fervilharem de notícias e pseudo-notícias, sites e blogues com comentários e fotos ou só com fotos, muita gente com poucos conhecimentos das regras básicas do português e conhecimentos técnicos de toureio e de fotografia…
Muitos não significam mais qualidade na informação prestada e menos ainda na abordagem das diversas temáticas sejam las sob a forma escrita ou da imagem.
E quando fazemos uma abordagem aos mais de 30 blogues e sites, vemos que a abordagem crítica á temática taurina, seja na forma da habitual crónica ou artigo de opinião, não existe na esmagadora maioria e que alguns conteúdos são fraquinhos para não dizer medíocres. E se na crítica a uma corrida se aponta o bom e o mau, ou o menos bom, nos fotoblogues não se vê um ferro à garupa, uma “bombada” no cavalo, etc… Ou seja, não há sentido crítico. Já sei que vão dizer que só temos de colocar as coisas – fotos – boas porque senão… Apesar de as colhidas serem profusamente ilustradas…
Muitos dos titulares destes blogues e sites desenvolvem uma actividade nas redes sociais, facebook e twiter por exemplo, onde se permitem todo o tipo de comentários, de enxovalhos, de baixo nível de linguagem, sem que pareça haver algum interesse em travar tudo aquilo que não tem a ver com as crónicas, com as entrevistas, as notícias mas que são apenas ditos e mexericos ou bate-boca que não interessa para nada nem a ninguém que se diga aficionado e respeite a Festa. Comentários sim mas… liberdade de expressão não é isso!
Porque isso também se reflecte no que o grande público retira dos comentários e das páginas que visualiza em cada site ou blogue, é importante que os seus responsáveis tenham algum critério não só naquilo que publicam como naquilo que permitem de comentários nas suas páginas de facebook e de twiter, alimentando muitas vezes essas conversas sem interesse e sem nível em vez de cortarem o mal pela raiz.
Por todos e mais alguns dos argumentos, é importante separar o trigo do joio. E tal como á mulher de César, não lhe basta ser séria…
Por isso, também, no Olé, tratamos e damos importância ao que é feito na praça frente ao toiro!!!