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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

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A MINHA OPINIÃO SOBRE A APRESENTADA TEMPORADA 2018 NO CAMPO PEQUENO

10.03.18 | António Lúcio / Barreira de Sombra

IMG_2388.JPGConcorridíssima foi a apresentação dos cartéis da temporada lisboeta deste 2018, não apenas por parte da esmagadora maioria dos artistas e ganadeiros contratados, como de comunicação social e abonados, importa fazer uma análise sobre o que ali foi dito e apresentado quanto a cartéis, presenças e ausências.

  1. O discurso da Drª Paula Resende

 

O discurso da Drª. Paula Resende foi cativante. Destacou 3 grandes áreas como as que motivaram a preparação desta temporada e a forma como abordou cada uma destas 3 áreas/temáticas foi interessante. A arte do toureio aliada á emoção, emoções fortes e que estas não faltarão em 2018 numa temporada tourista e de arte.

A comemoração dos 40 anos de alternativa de João Moura, figura que revolucionou o toureio a cavalo e cuja corrida de comemoração da efeméride era um grande desejo da administração do Campo Pequeno. Depois, a forma como se referiu à figura do Forcado, como símbolo e identidade da corrida à portuguesa. Por essa importância terão o devido realce na temporada do Campo Pequeno com a presença inédita nestes 12 anos de 25 Grupos de Forcados já contratados.

Um bom discurso que serviu de aperitivo à apresentação de imagens da temporada de 2017 e de algumas corridas de toiros, alguns curros, para 2018 e que foram apresentados aos presentes logo a seguir à intervenção da administradora do Campo Pequeno.

 

  1. Temporada bem estruturada e com equilíbrio

Esta 12ª temporada após a reinauguração será, quiçá, a mais bem estruturada e equilibrada entre veterania e juventude, ganadarias duras e que prometem emoção e toureiros de arte, entre toureio a pé e toureio cavalo, com várias figuras de peso durante a temporada.

7 corridas à portuguesa, 3 mistas, 1 novilhada e mais duas em aberto. Com cavaleiros veteranos e de valor, com as presenças, de novo, de toureiros como Pablo Hermoso de Mendoza, de António Telles, João Moura, Rui Salvador, Luís Rouxinol., Sónia Matias, Ana Batista, Rui Fernandes. Ou os mais novos Mouras, Moura Caetano, João Telles Jr, Filipe Gonçalves, Francisco Palha, entre outros.

Há garantia de competição e isso é importante para o futuro da festa brava.

  1. O toiro-toiro como base

Anuncia-se um conjunto de ganadarias que não costumam dar facilidades aos toureiros, o que aumenta o interesse e tornará mais importantes os triunfos. Este ano o Campo Pequeno já garantiu curros de ganadarias como António Silva, Ribeiro Telles, Manuel Coimbra, Romão Tenório, Veiga Teixeira, Paulo Caetano, Pinto Barreiros, São Torcato, Vale Sorraia, Murteira Grave, Charrua, Vinhas e Passanha. Serão lidados ainda 7 novilhos de outras tantas ganadarias e que ainda não foram indicados.

Para o toureio a pé não haverá ganadarias espanholas., Lidar-se-ão reses de Paulo Caetano por Morante e Manzanares, de São Torcato por António João Ferreira e Nuno Casquinha, e Torre de Onofre por João Augusto Moura. Resta saber se alguns dos Murteira Grave serão lidados também a pé.

Pelo que se viu em vídeo alguns dos toiros escolhidos são de primeiríssima categoria pela sua presença e trapio.  Esperamos que invistam com qualidade.

  1. As comemorações das alternativas de João Moura (40 anos) e de Rui Fernandes (20 anos)

Prometem ser dois pontos altos da temporada não apenas pelo passado de João Moura e pelo cartel que nessa noite se apresentará na arena lisboeta, mas também pela forma como Rui Fernandes se apresenta nesta temporada em que comemora 20 anos de alternativa e com o mesmo cartel dessa efeméride. Dois momentos que se espera sejam para mais tarde recordar.

  1. O toureio a pé na sua máxima expressão

Sem desprimor para os restantes toureiros contratados, a verdade é que a presença de Morante de la Puebla e de José Maria Manzanares na 1ª corrida de Julho, poderá permitir um grande êxito para o toureio a pé e ser uma daas datas do ano taurino lieboeta. Estas duas grandes figuras do toureio a pé espanholas irão lidar toiros de Paulo Caetano, sinal de confiança na ganadaria portuguesa. E também um sinal de respeito para com a afición portuguesa.

Diz-se também que Juan José Padilla poderá actuar a 23/24 de Agosto ou em Setembro numa corrida mista que serviria para a despedida do matador jerezano da afición lisboeta.

Quanto aos portugueses, António João Ferreira vê-se anunciado depois de a corrida do ano passado ter sido anulada e não ter podido cumprir esse compromisso em Lisboa. Nuno Casquinha virá a Lisboa depois dos triunfos no Perú e do ano passado em Vila Franca. Um prémio à sua luta fora de portas.

  1. Os melhores do toureio a cavalo. Faltam Ventura, Marcos Bastinhas e Rouxinol Jr

No que ao toureio a cavalo se refere estão também os melhores dos melhores, as dinastias Moura e Telles, Pablo Hermoso de Mendoza (com 2 actuações agendadas) e outros que já referimos atrás no ponto2.

Continua a faltar a presença de Diego Ventura, sendo que Rui Bento de forma clara e sucinta explicou as razões da sua ausência. É um toureiro importante e que seria importante tê-lo numa temporada deste timbre. Faltam também cavaleiros que justificam a sua presença em Lisboa: Marcos Bastinhas,  Rouxinol Jr por exemplo e que esperamos entrem numa das corridas cujos cartéis ainda não estão rematadas.

  1. 25 Grupos de Forcados: um prémio á afición dos jovens forcados e dos Grupos consagrados

Pela 1ª vez nestes 12 anos após a reinauguração anunciam-se 25 Grupos de Forcados na temporada lisboeta, sinal da importância e do relevo dado a esta vertente da tauromaquia. Os Grupos mais jovens ao lado dos mis veteranos numa competição que se antevê de bastante saudável.

Os mais consagrados nas corridas de maior peso, mais importantes, da temporada. Os mais novos na busca de oportunidade para repetirem e pegando corridas duras.

Esta aposta da empresa do Campo Pequeno é, também ela, uma boa jogada de marketing, sabendo-se que alguns Grupos levam consigo bastante gente das suas terras e que contam com o apoio das estruturas autárquicas para garantir a deslocação  o público desde essas localidades até Lisboa.

  1. Abertura a possíveis candidatos a um lugar ao sol na corrida extra-abono

Num tempo em que as oportunidades não são tantas quantas alguns desejam e merecem, a realização de uma corrida extra-abono com toureiros que ainda não pisaram a arena de Lisboa, ou outros que há bastante tempo lá não toureiam, dá-lhes a oportunidade de, em caso de triunfo, poderem ocupar um lugar nalguma das outras corridas. Uns aceitaram o desafio, outros não.

A ganadaria promete não dar facilidades – Veiga Teixeira - mas um triunfo terá outra importância.

A competição entre cavaleiros e Grupos de Forcados promete.

  1. Uma temporada para aficionados

Tendo por base o toiro-toiro e alguns toureiros artistas de fino quilate, esta parece ser uma temporada definida para o aficionado que poderá encontrar arte e emoção nos espectáculos anunciados.

Poderá ver toiros de ganadarias mais duras e outros mais condizentes para o toureio a pé, mais suaves quiçá, mas com a presença e o trapio que o Campo Pequeno exige.

Cavaleiros, matadores e forcados em forte competição poderão dar uma dinâmica diferente e deveras interessante ao abono lisboeta. E  a ganhar ficará sempre a festa brava.

Uma boa temporada de 2018 em Lisboa para todos são os nossos votos.