Praça de Toiros “Daniel do Nascimento” – Moita do Ribatejo – 27/05/17 – Corrida Mista
Director: Manuel Gama – Veterinário: Carlos Santos – Lotação: ¾
Cavaleiro: Diego Ventura
Forcados: Aposento da Moita
Matador: Roca Rey
Ganadarias: Guiomar Moura (cavalo), Juan Pedro Domecq (pé)
Foi um Diego Ventura pletórico de recursos e de classe maior na lide de todos os toiros a quem o público da Moita uma vez mais se rendeu e que mostrou, claramente e sem margem para dúvidas que é, no momento, o número 1 da tauromaquia equestre mundial. As suas actuações foram em crescendo, culminando com uma lide extraordinária ao bravo quinto da ordem. E Roca Rey, que chegou atraso devido a um desvio do helicóptero para Évora, mostrou a sua enorme classe e toreria, jogando-as de verdade frente aos três toiros. Pena foi que o público não respondesse ao esforço do empresário e não tivesse preenchido mais de ¾ da lotação da praça.
Diego Ventura é o número 1 entre a sua classe e uma vez mais o demonstrou frente a 3 bons toiros de Guiomar Moura, com destaque para o bravo 5º da noite que se arrancou de todos os terrenos com classe. Ventura mostrou classe na brega em todos os toiros, cravou bons ferros, teve remates portentosos, utilizando a garupa das montadas como se de capotes se tratasse, levando o público ao rubro.
Mas foi frente ao quinto que Ventura rebentou com o quadro, como se diz na gíria, com uma lide arrebatadora de princípio a fim, mostrando-se nos cites, cravando com uma facilidade enorme, rematando as sortes. Com a ferragem curta, colocou-se de largo, no local oposto, citou, provocou a investida do toiro que pronto acudiu, reunindo nos médios e cravando bem no alto em reuniões ajustadas, com 3º e 5º a fazerem o público levantar-se dos assentos e ovacionar com força. Um triunfo gordo, de verdade. Deu duas voltas mais que justificadas após a lide do quinto.
Roca Rey não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. Havia saído em ombros em Cáceres e chegou à Moita para triunfar. O seu toureio de capote é enorme arte, de temple, de quietude, de uma simplicidade profundidade que não deixam o aficionado indiferente. E o seu toureio de muleta é de aromas das melhores essências, com perfume e com sabor, com saber e classe que fazem o difícil parecer fácil. Toureou muito bem o seu primeiro, o melhor dos 3 de Juan Pedro Domecq, escasso de trapio e anovilhado mas que correspondeu ao exigente toureio de mão baixa, largo e profundo de Roca Rey. Uma grande faena com grandes momentos por ambos os pitóns. No quarto da ordem, que foi menos potável, de novo a sua classe se impôs na faena de muleta mas sem conseguir essa expressão que havia mostrado no seu anterior toiro. E o que encerrou praça e que poucas opções de êxito trazia nas suas investidas, esteve em toureiro, mostrando o porquê de ser figura aos 20 anos e “roubando” os passes ao toiro. Foi justamente aplaudido em todos os toiros, não tendo dado voltano último, em mais um gesto de pundonor e toreria. Em ambos os toiros convidou o novilheiro Joaquim Ribeiro “Cuqui” para quites de capote com o jovem moitense a ser muito aplaudido.
Os Forcados do Aposento da Moita cotaram-se com exibição de luxo. José Maria Bettencourt abriu praça com uma excelente pega de caras ao primeiro intento, seguido por Nuno Inácio com outra boa cara ao primeiro intento na sua pega de despedida, e Leonardo Matias na pega da noite, brutal pelos derrotes suportados e pelo grande par de braços para se fechar à barbela à segunda tentativa, dando duas voltas à arena com Ventura.
Toiros de boa nota de Maria Guiomar Moura, com destaque para o bravo quinto da noite. Os de Juan Pedro Domecq tiveram no primeiro o de melhores investidas.
Direcção em muito bom nível de Manuel Gama assessorado pelo veterinário Carlos Santos.