Praça de Toiros de Sobral de Monte Agraço – 25.04.17 – Festival Taurino
Director: Rogério Jóia – Veterinário: José M. Lourenço – Lotação: meia casa forte
Cavaleiros: Manuel R. Telles Bastos – Luís Rouxinol Jr
Forcados: Amadores de Coruche
Matadores: Manuel Jesus “El Cid”, António João Ferreira, Juan Leal, Manuel Dias Gomes
Ganadaria: Calejo Pires
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RICARDO CHIBANGA: UM ÍDOLO DE ONTEM, DE HOJE E DE SEMPRE EM SOBRAL DE MONTE AGRAÇO
Muitos dos que, como eu, são hoje aficionados, viram tourear Ricardo Chibanga em Sobral de Monte Agraço, a nossa terra, e desde sempre o fascínio de ver um matador de toiros africando, negro, de traje de luces a brilhar, e o seu olhar penetrante, faiscante, assim como o seu toureio arrojado. Levava gente à praça na corrida mista de segunda-feira das Festas e Feira de Verão. Hoje, com 74 anos, foi dia de homenagem a todo um trajecto que honra e orgulha a festa brava. Olé maestro Ricardo Chibanga.
O festival taurino que habitualmente tem lugar nesta data e nesta praça, congregou uma vez mais uma plateia em número interessante mas, mesmo assim, abaixo do que o cartel exigia. Um espectáculo que teve alguns momentos de bom toureio e que, uma vez mais, marcará a temporada sobralense.
Luís Rouxinol lidou o seu novilho por diante de Manuel Ribeiro Telles Bastos que viu o primeiro da tarde devolvido por ter rasgado a embola direita. Rouxinol Jr abriu os quarteios um pouco cedo demais em algumas sortes, retirando impacto ao momento do ferro. O segundo comprido, respeitando as regras, foi de boa execução. Na ferragem curta, houve alguns toques desnecessários, e os deixados em segundo e quarto lugares foram, quanto a nós, os melhores.
Manuel Ribeiro Telles Bastos cravou um bom primeiro comprido, em tira bem desenhada. E na série de curtos procurou os melhores terrenos para deixar a ferragem da ordem, vindo a destacar-se nos primeiro e quinto curtos, ambos bem apontados e com as sortes bem desenhadas permitindo boas reuniões.
Os Forcados Amadores de Coruche, com muita rapaziada nova, consumaram ambas as pegas de caras à terceira tentativa, por intermédio de Miguel Lucas e Vasco Gonzaga.
No capítulo do toureio a pé, “El Cid” esteve bem de capote a receber o terceiro da tarde com boas verónicas rematadas com 2 meias. A faena de muleta teve momentos de muito interesse, de joelho flectido nos primeiros muletazos bem desenhados por ambos os pitóns. Toureou bem, com gosto e foi em meia dúzia de naturais de muita qualidade que deleitou os aficionados.
António João Ferreira recebeu o quarto da ordem com uma larga afarolada d ejoelhos seguida de verónicas. O novilho revolvia-se rápido, algo pegajoso, e a faena de muleta foi para cumprir a papeleta, dando a cara, procurando o êxito que o novilho não permitia. Esforçou-se para sacar os muletazos e em agradar, o que foi sublinhado com palmas.
Juan Leal nada fez de capote digno de registo. Mas com a muleta rapidamente colocou o novilho no sítio e o obrigou a seguir os voos da muleta. Uma muleta muito bem construída, ensinado a rês a investir, e depois, com temple e com mando, sacou belas tandas de muletazos, de onde se destacaram os naturais, e a terminar a faena num toureio mais encimista sacando mais uns quantos circulares e passes pelos dois pitóns que fizeram soar ovações.
Para encerrar praça Manel Dias Gomes recebeu o seu novilho por verónicas, com este a mostrar alguma debilidade de remos e a complicar os remates. O jovem matador porfiou bastante na muleta para sacar meritórias tandas, aguentando quando o novilho se ficava curto e revolvia rápido, mostrando raça e determinação. Alguns bons naturais a somar a uma meritória actuação.
Os novilhos de Calejo Pires tiveram diversas condições de lide, com o quinto a ser o melhor também pelo entendimento que o matador teve das suas características.
Dirigiu o espectáculo Rogério Jóia assessorado pelo veterinário José Manuel Lourenço, tendo sido guardado um minuto de silêncio em memória do matador de toiros Palomo Linares e no final das cortesias a Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço homenageou também o matador de toiros Ricardo Chibanga.
Texto e foto: António Lúcio