Arena D’Almeirim – Almeirim – 29.05.16
Director: Pedro Reinhardt – Veterinário: José Luis Cruz – Lotação: Meia casa
Cavaleiros: António Ribeiro Telles, João Salgueiro, João Ribeiro Telles Jr, João Salgueiro da Costa
Forcados: Amadores de Santarém e de Montemor
Ganadaria: 8 de Murteira Grave
Tarde de muita expectativa em Almeirim para a alternativa de João Salgueiro da Costa, filho de João Salgueiro, neto de Fernando Andrade Salgueiro e bisneto do Dr. Fernando Salgueiro, tornando-se assim a quarta geração da família a assumir o profissionalismo, exactamente 28 anos depois do seu pai nesta mesma Arena D’Almeirim.
Para a cerimónia de apadrinhamento desceram à arena, João Salgueiro, António Ribeiro Telles, João Ribeiro Telles e também António Lopes Aleixo. Formalismos ultrapassados, é hora do espectáculo. Ou pelo menos, era isso que o público pedia.
Com meia casa preenchida, Salgueiro da Costa não teve a lide de alternativa desejada. No primeiro da tarde esteve de mais a menos, cravando bons compridos, mas falhando nos curtos. Salgueiro da Costa abriu e fechou a tarde, com a sua segunda lide a registar-se no mesmo tom da primeira. Apesar da vontade do ginete, os cavalos não corresponderam e não facilitaram a tarefa ao mais recente profissional do toureio…a cavalo.
António Ribeiro Telles esteve à sua imagem. Colocou todo o seu empenho nos dois exemplares de Murteira Grave que lidou. No primeiro da tarde, frente a um toiro que colocava algumas dificuldades, António Ribeiro Telles trabalhou bem o exemplar e apesar do susto inicial foi tendo uma lide em crescendo que o público reconheceu com aplausos. No segundo, nova lide com muita intensidade e dedicação, numa tarde de (regular) triunfo para o mais velho (no activo) da Torrinha.
João Salgueiro tinha sobre si muita expectativa. O próprio cavaleiro colocou nesta tarde muito sentimento, mas acabou, à semelhança da aparição no Campo Pequeno, por não corresponder, desiludindo aqueles que se deslocaram até Almeirim para ver o “antigo Salgueiro”. Na primeira lide da tarde, o toiro que lhe estava destinado rapidamente regressou aos curros, lidando o exemplar reservado para a segunda lide. Faltou confiança e andamento a João Salgueiro, apesar da vontade em mostrar serviço. Quando na segunda actuação se pedia mais do que na primeira, eis que surgiu ainda menos. Uma lide em que passou completamente ao lado, tendo saído da arena ainda antes do director de corrida ter dado instrução ao cornetim para assinalar a aproximação do tempo limite.
Para o fim, o melhor. João Ribeiro Telles teve todo o mérito do seu tio, tendo-lhe adicionado o factor espectáculo. No primeiro da tarde, soube trabalhar o toiro, ganhando conforto durante a lide para pôr e dispor. No segundo, em receita que ganha não se mexe, foi novamente em crescendo mostrando maturidade no labor do exemplar, onde esteve como quis, terminando com o sempre entusiasmante ferro em sorte de violino. Foi o mais aplaudido.
Nas pegas, os Amadores de Santarém pegaram por intermédio de João Grave (à 1ª, como mandam os livros), Luis Ribeiro (bem à 2ª), Luis Sepulveda (à 3ª com ajudas carregadas) e António Gois (à 1ª na melhor da tarde). Já os Amadores de Montemor pegaram por João Romão (à 1ª), Francisco Borges (à 1ª a aguentar derrotes), Manuel Dentinho (à 2ª) e João da Câmara (à 1ª), tendo pegado de gravata preta em pega dedicada ao seu avô, o fadista Vicente da Câmara, falecido recentemente.
A corrida começou com alguns percalços que tardaram em fazer andar o espectáculo. Para além do tempo dispendido na cerimónia de alternativa, após o primeiro toiro a corrida foi interrompida para regar o piso (o que melhorou pouco ou nada) e o primeiro exemplar de Salgueiro teve de ser recolhido, o que fez com que ao fim de uma hora se tivesse lidado apenas um toiro. Ainda assim, ultrapassadas estas dificuldades o espectáculo decorreu com dinâmica.
A corrida foi dirigida por Pedro Reinhardt, com critérios discutíveis na atribuição de música (cedo de mais a Salgueiro da Costa e João Salgueiro e tarde de mais a António Ribeiro Telles).
Miguel Dias