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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA/FEEL FM NA FEIRA DA MOITA

10.09.14 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Com um redobrado esforço de cobertura da maior feira taurina portuguersa, o «Barreira de Sombra» irá estar presente em todos os espectáculos e tentará levar até si o que de mais importante acontecer entre os dias 15 e 19 na Moita do Ribatejo. As habituais crónicas, as fotos e, sempre que se justifiquem, as impressões dos intervenientes nas diversas corridas.

 

De 15 a 19 acompanhe a Feira da Moita no «Barreira de Sombra» e na FEEL FM.

BARREIRA DE SOMBRA NO WWW.FEELFM.PT 25ª. CRÓNICA - EMISSÃO 10/SETEMBRO/2014

10.09.14 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Boa noite, ou boa tarde, e seja bem-vindo.

 

Este é um espaço de comentário, e opinião, de quem gosta de tauromaquia, e da tauromaquia. Um espaço que semanalmente pode acompanhar no barreiradesombra.blogspot.sapo.pt, e ouvir na www.FeelFm.pt.

 

No passado fim de semana, fomos dos que estivemos em Viana do Castelo. E do que vimos e fotografamos em Viana do Castelo, como é habitual, podem apreciar no barreiradesombra.blogspot.sapo.pt, ou ainda no Jornal Olé.

 

Fomos dos estiveram em Viana do Castelo, e fomos dos que não se intimidam com os que não gostam dos toiros, da festa dos toiros, das touradas.

Se somos dos que lutaram para que neste país, à beira mar espraiado, em tempos difíceis, os que não gostam do que eu gosto, pudessem ter a Liberdade de escolher o que gostam, ou desgostam, não era agora, porque meia dúzia de energúmenos se juntavam a mais uns outros tantos frustrados, e resolviam usar e abusar da Liberdade, que isso me intimidaria. Liberdade não é Libertinagem. Se não sabem a diferença, ainda estou em condições de os ensinar. A bem, ou mal. Sim, a mal. Porque como dizem na minha terra: - quem dá o pão, dá a educação!

 

Por isso, por tudo isso, por isso mesmo, pela possibilidade de poderem escolher, pela Liberdade de poderem optar, tenho pena da figura que fazem aqueles rapazes e cachopas que se dedicam a ganhar uns cobres, participando no que dizem, 'manifestações em defesa dos animais'.

Coitados. Tenho mesmo muita pena. Porque também eles estão a sofrer a inclemência da 'crise'. Ou das crises, que se vão derramando como um cancro, por toda a civilização, dita ocidental, moderna, industrializada. Mas como no cancro, por vezes, a providência também troca a voltas ao mais seguro e conciso diagnóstico. E o que era uma profunda manifestação oncológica, afinal, não passa de um simples congestão de alguns tecidos num corpo, por sinal, o esqueleto de um individuo, que até tem possibilidades financeiras, e por isso mesmo, sofre e é vitima. Uma coisa entre o otário e o hipocondríaco, em roda livre. Parece que é isso que está a acontecer entre os ditos 'amigos dos animais'.

 

Como dizia o palhaço, sem Euros não há riso. Como parece foram reduzidos os Euros disponíveis para pagar o 'trabalho dos manifestantes', a tal motivação que dava para sacrificar uma tarde em gritaria e berros, motiva cada vez menos 'operações mediáticas de ataque' e, o que é mais triste, são cada vez menos os 'amigos' disponíveis. Em Viana, por cada um, coitados, eram uns quatorze ali presentes, haviam quatro Polícias, mais uns quantos cães e, coisa interessante, mais do dobro de moradores e habitantes locais, que com grande indignação, os convidavam a irem fazer 'aquelas porcarias' para as 'suas terras', a sua rua. Mais desmotivador, não é possível. - Poucos, a trabalhar de borla, voluntários à força... e insultados.

 

Mas se do lado dos 'amigos dos animais' a coisa estava má, do lado dos políticos, dos ditos representantes do povo, a coisa não estava melhor. De derrota em derrota, de enxovalho em enxovalho, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, já vai na terceira oportunidade perdida de ganhar juízo. De entender o simples. E, como diria uma pessoa sensata, de bom senso, 'está bem que se seja burro... mas já é burrice a mais'. Felizmente para o senhor Costa de Viana do Castelo,  em questão de nepotismo, sacanice e vingança, ele não está só. Na Colômbia, em Bogotá, o tal senhor Gustavo Petro, presidente da Câmara local, também viu a Justiça, os Tribunais darem razão aos novilheiros que em greve de fome, lutavam contra o seu autoritarismo.

 

O senhor Petro, como o senhor Costa, de Viana do Castelo, ao imbuirem-se de que seriam eles os redentores da 'luminosa humanidade' que preserva a Tradição e a Cultura, coisa antiga, velha e antiquada, querendo serem eles os salvadores dos que gostam da Festa dos Toiros, da tourada, proibindo-a, erraram na análise, falharam no alvo, demonstraram quanto são pequenos ditadores. Eleitos pelo povo? Claro! Hitler, como tantos outros, também foram ditadores, eleitos. Só que não ousaram proibir tanto, foram tão longe na proibição dos usos e costumes, na Cultura e na Tradição.

 

O senhor Costa, como o senhor Petro, iluminados, proibindo as touradas, a Festa dos Toiros, como primeiro passo e exemplo para a estarem a par da 'modernidade', dos tempos novos, das coisas novas, falharam. E como por cá a falha autoritária, ditatorial, vingativa, já vai na terceira derrota, é tempo de se passar a exigir ao promotor destes abusos falhados, responsabilidades. A bem do bom uso da Lei, da Liberdade.

 

Fomos a Viana do Castelo... esperamos poder lá voltar para ver a Tourada da Liberdade em 2015.

 

Por hoje é tudo. Até para a semana. Até lá, do Norte, com um abraço 

 

José Andrade

 

VIANA DO CASTELO – 07 DE SETEMBRO DE 2014 - VENCEU A CULTURA, A TRADIÇÃO, E A JUSTIÇA... CONTRA O NEPOTISMO E A VINGANÇA. E O TOUREIO A PÉ, VOLTOU A TER ENCANTO

10.09.14 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Viana do Castelo, cujas tradições taurinas se perdem no tempo, voltou neste domingo dia 7 de Setembro de 2014, a poder registar no seu património Tradicional e Cultural, a realização de uma corrida de toiros. Uma corrida mista. A tourada que sempre fez parte dos programas nas Festas , por ocasião das Festas de Nossa Senhora da Agonia. Adiada na sua realização no passado dia 24 de Agosto, foi por diante agora, pela terceira vez, com grande humilhação para o autarca vianense, que usou dos mais indignos processos, e das mais tortuosas baixas manhas burocráticas, para travar o Movimento de Cidadãos, “Vianenses pela Liberdade”, que este ano , teve nas suas mãos a responsabilidade de assinar a organização administrativa do processo. Um processo que estava autorizado pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais, como é legalmente imposto, e que nos demais anexos administrativos da competência da autarquia, por má-fé, vingança e abuso de poder, só com recurso à Justiça, pôde ver reposta a Legalidade e a Liberdade. E, corrida adiada, corrida estragada.

 

 

Estragada na sua tradição, no potencial numero de espectadores, onde se incluem forasteiros,  muitos emigrantes, e turistas, a tourada foi também estragada, nas condições meteorológicas que se anunciaram e apresentaram incertas. Realizada fora das festas, acabou menos convidativa, patente no reduzido numero de espectadores presentes.

 

Mas foi mais uma boa jornada de afirmação de 'Liberdade'. Uma manifestação de profissionalismo dos cavaleiros, artistas já consagrados, do novilheiro, Manuel Dias Gomes, e dos forcados, os Amadores de Lisboa.

 

Estavam em disputa três troféus:- melhor lide; melhor pega, e toiro com mais bravura. O troféu para a melhor lide, foi para para Luís Rouxinol, na lide do seu primeiro, o segundo da tarde, um bom exemplar da ganadaria Vale do Sorraia. E foi este toiro da ganadaria Vale Sorraia,  que pela bravura demonstrada e pela lide que proporcionou a Luís Rouxinol, mereceu do Júri o  troféu Bravura em disputa. Martinho Lopes, que inovou, quando após o brinde ao respeitável, jogou o barrete à arena, estilo brinde feito pelo toureio apeado, partiu para a pega sem aquele adereço, foi o vencedor do troféu para a melhor pega, realizada ao quarto da tarde, lidado por António Ribeiro Telles.

 

Mas vamos aos traços principais das actuações.

 

O exemplar da ganadaria Prudêncio que abriu praça, foi para António Ribeiro Telles que, perante a crença junto às tábuas que o toiro tomou, e de onde não mais foi possível retirá-lo, com grande afinco, persistência e paciência, a que se adicionou muito profissionalismo, deixou três compridos e outros tantos curtos, cravados em sesgo. Pegou, à 1ª., pela primeira vez, António Galamba, numa pega onde mostrou saber recuar e aguentar. Mas se existe redenção, António Telles teve-a, aproveitando, mostrando-a e comprovando-a, na lide do 2º. exemplar que lhe coube em sorte, o 4º. da tarde, de Paulino da Cunha e Silva. Uma lide onde o oponente elevou os três bons compridos, cravados como deve ser, bem desenhados e rubricados, que a mudança de montada, para cravar mais quatro curtos, sempre a subir de tom, merece realce. Pegou este 4º., da tarde, Martinho Lopes, numa pega a revelar bom braço e muita raça, que lhe valeu o prémio em disputa para a melhor pega.

 

A Luís Rouxinol, tocou em sorte na sua primeira intervenção o exemplar Vale Sorraia que viria a ganhar o prémio Bravura, voltou a mostrar, se preciso fosse, que para ele, as actuações, são sempre, uma de cada vez, em oportunidade a não deixar escapar. Superando os percalços da inusitada circunstância da ferragem comprida partir com demasiada prontidão, ao mínimo toque, Luís Rouxinol aproveitou tudo o que este exemplar tinha de possibilidades em bravura e acometimento, e tinha muitas, cravando e rematando em sortes variadas, rematando com um de palmo, a pedido, de frente e com ganas, obsequiando o pedido com um violino que empolgou a concorrência. Pegou à 2ª., recuando e aguentando, Bernardo Reboredo, que só não ficou à 1ª., porque o toiro tirou a cara no momento da reunião. Apesar das condições do terreno se terem agravado com o decorrer das lides, Luís Rouxinol, encontrou no exemplar da casa Pontes Dias lidado em 5º., lugar, material para moldar a lide que o faz ser sempre o cavaleiro da 'expectação', que não sabe ficar mal, que se entrega de alma. Muita alma e muita entrega, em nível alto de lide e no desenho da lide, mostraram Luís Rouxinol no seu melhor. Pegou, à 1ª., João Galamba, numa pega onde o bom braço, muita fibra e raça, mostraram que sabe o que quer, e como faz para o conseguir, o que conjugado tem como resultado, uma boa pega.

 

A Manuel Dias Gomes coube a responsabilidade de renovar a promoção da 'sublime arte de lidar toiros a pé'. O toureio apeado tem sido uma das constantes na organização dos cartéis pelas gentes da 'Tourada da Liberdade' de três anos a esta parte, em Viana do Castelo. Com um piso impensável, fruto das condições possíveis do terreno onde é possível montar esta praça forte na luta pela Liberdade de quem gosta da Festa de Toiros em Viana do Castelo, Manuel Dias Gomes, com humildade e muita entrega, em duas lides soberbas de arte, mando e temple, foi perfeito no capote, sublime e arrebatador na muleta. Se no seu primeiro, Manuel Dias Gomes, começou por pincelar o quadro com lances de bom recorte e cor, no capote, mostrou que na arte de lidar e dominar a muleta, ao jeito dos pulsos, sabe envolver o corpo, embeber o toiro, tecer um bailado, com principio, meio e fim. A lide do seu 2º., o último da 'Tourada da Liberdade' em Viana do Castelo de 2014, foi uma faena arrebatadora, inebriante, um momento mágico que parecia não mais ter fim. Faena onde, tanto pelo lado direito, como pelo esquerdo, ligou passes, tempos, desenhos, uma entrega que a todos a extasiou, prendeu. Foi ele, Manuel Dias Gomes, o incontestável triunfador desta tarde em Viana do Castelo. Pelas lides, pelas faenas, pela presença, pela magia que criou.

 

Dirigiu a corrida, mais uma vez, com muita discrição e acertadas decisões, o senhor Manuel Gama, em representação do IGAC, assessorado na parte veterinária pelo senhor dr. João Candeias.

 

José Andrade