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Praça de Toiros em Samora Correia – 27.04.14 – Festival Tauromáquico
Director: Rogério Jóia – Veterinário: Miguel Matias – Lotação: +- 2/3
Cavaleiros: António Brito Paes, Marcos Bastinhas, Duarte Pinto, Marcelo Mendes, Salgueiro da Costa, Mara Pimenta
Forcados: Ribatejo e Arruda dos Vinhos
Ganadarias: Prudêncio (2), Santa Maria, João Ramalho, Palha, Nuno Casquinha
FESTIVAL TAUROMÁQUICO COM ALGUNS BONS MOMENTOS EM SAMORA CORREIA
Os festivais tauromáquicos permitem a lide de reses de idades diversas e até que amadores lidem toiros de 4 anos e profissionais lidem erales… Permitem que a apresentação seja sofrível ou até medíocre, desrespeitando a essência da festa e o público pagante. Até houve bons momentos de toureio e duas belas pegas de caras neste festival em Samora Correia mas não se pode permitir que profissionais lidem reses sem peso, sem trapio, sem que se tirem daí as necessárias ilações… Ainda que seja num festival!
António Brito Paes lidou um toiro de Prudêncio de escassa presença mas com qualidade, colaborador por nobre e suave. Com ele andou em bom plano o cavaleiro, com bons momentos na cravagem da ferragem da ordem e onde três dos curtos foram de boa nota entrando nos terrenos do toiro e cravando bem. Rematou com um ferro de palmo.
Marcos Bastinhas teve por diante um novilho de Santa Maria que serviu e não permitia deslizes. O cavaleiro alentejano deixou-lhe dois compridos e uma série de quatro ferros curtos que teve exactamente no último o seu melhor, entrando bem de frente e ao pitón contrário para o deixar bem no alto. Uma actuação interessante.
Em terceiro lugar saíu um cumpridor erale de Prudêncio que serviu para Duarte Pinto andar a gosto, provocar de largo, a mostrar-se nos cites e com dois curtos de muito bom nível, de frente e a pisar os terrenos do oponente para lhe deixar, bem colocados os ferros. Boa actuação de Pinto neste terceiro da tarde.
O quarto da ordem era de João Ramalho, também de 3 anos, escorrido de carnes e frente ao qual Marcelo Mendes não esteve acertado nem afortunado com as escolhas de montadas e terrenos eleitos para cravar os ferros, tendo nota positiva apenas na cravagem do primeiro curto em sorte frontal.
João Salgueiro da Costa teve por diante um novilho de Palha, manso, bruto e a adiantar-se e que colocava problemas aos quais o cavaleiro não fugiu e desenhou as sortes de largo, dando vantagens que o morlaco não merecia. Arriscou e conseguiu dois grandes ferros curtos, os dois últimos, entrando ao pitón contrário e cravando bem no alto.
O último da tarde era de Nuno Casquinha, tinha 4 anos, e serviu mostrando classe no galope. A jovem amadora Mara Pimenta andou desembaraçada com os compridos e bem na série de curtos apesar de passar em falso algumas vezes para deixar o primeiro curto. Deixou dois bons curtos e rematou com um ferro de palmo.
Tarde complicada para os Amadores do Ribatejo que até começaram com uma boa pega de caras à primeira por intermédio de Nelson Silva; depois João Oliveira complicou as coisas e só à 4ª tentativa conseguiu consumar, enquanto Joaquim Consolado sentiu a dureza do de “Palha” e só à 4ª e a sesgo conseguiu concretizar. Os Amadores de Arruda dos Vinhos começaram menos bem com Luis Lourenço a complicar nas reuniões e a consumar apenas à 3ª e depois com duas boas pegas de caras por intermédio de Bruno Silva à 1ª e Pedro Belbute “Sabino” com a melhor pega da tarde também à primeira ao que encerrou praça.
Direcção acertada e com afición de Rogério Jóia, assessorado pelo médico veterinário Miguel Matias e com a praça a registar cerca de 2/3 da sua lotação preenchida.
JACOBO BOTERO
LUIS ROUXINOL JR
FORCADOS DE CORUCHE - PEDRO RAPOSO
FORCADOS DE CORUCHE - DIOGO BOIEIRO
NUNO CASQUINHA
MANUEL DIAS GOMES
JOAQUIM RIBEIRO "CUQUI"
DIOGO PESEIRO
Praça de Toiros de Sobral de Monte Agraço – 25.04.14 – Festival Tauromáquico
Director: Lourenço Luzio – Veterinário: José Manuel Lourenço – Lotação: ½ casa
Cavaleiros: Jacobo Botero, Luis Rouxinol jr
Forcados: Amadores de Coruche
Espadas: Nuno Casquinha, Manuel Dias Gomes, Joaquim Ribeiro “Cuqui”, Diogo Peseiro
Ganadarias: São Marcos, Falé Filipe
BONS MOMENTOS DE TOUREIO A PÉ APLAUDIDOS PELO PÚBLICO E DOIS EXTRAORDINÁRIOS NOVILHOS DE FALÉ FILIPE
Após a conclusão do festival taurino organizado pela Tertúlia Tauromáquica Sobralense, o porquê de se votar o toureio a pé ao ostracismo voltou a assolar-me o pensamento porque houve dois novilhos de enorme qualidade e que deveriam ter merecido os aplausos fortes dos aficionados após as respectivas lides e porque o público sentiu e aplaudiu com força os bons momentos de toureio a pé que aconteceram ao largo da tarde, sendo de realçar que esse mesmo público aguentou bem até ao fim e apesar do tempo frio e da brisa que soprava de norte. Não se compreende porque é que estes espectáculos não são em maior número e com outros apoios porque o público merece, os toureiros podem progredir e a Festa Brava sai e ganhar.
O toureio a pé necessita de um tipo de novilho-toiro que, pelas suas características fenotípicas, tenha condições para humilhar. Depois que tenha trapio e que revele características de nobreza e bravura que permita aos toureiros sentirem-se a gosto e mostrarem a sua arte. Se o novilho-toiro tiver transmissão, motor e recorrido, se perseguir os voos da muleta e se o toureiro conseguir entendê-lo e ligar as séries, então chegará ao público e poderá triunfar.
Os novilhos-toiros de Falé Filipe lidados em segundo e sexto lugares tiveram as qualidades mais que suficientes para se dizer que foram bravos, em graus diferentes, com mais motor o segundo que saiu a quer comer a muleta. Foram dois exemplares para o êxito e os dois toureiros souberam-no aproveitar na generalidade. Os outros dois tiveram «sus cositas» e o quinto da tarde foi o menos claro dos lidados.
Para o toureio a cavalo saíram dois novilhos-toiros de São Marcos também muito bem apresentados mas que revelaram mansidão e se o primeiro cedo começou a adiantar-se e a colocar problemas, o segundo tentou refugiar-se em tábuas e obrigou a redobrados trabalhos de brega.
O espectáculo abriu com a actuação de Jacobo Botero. O jovem colombiano não esteve afortunado na escolha de terrenos e com um novilho que rapidamente se começou a adiantar e que era de mangadas fortes após o ferro, sofreu alguns toques para deixar a ferragem, tendo deixado um bom curto, o terceiro, procurando uma entrada mais forte a pisar os terrenos do oponente e deixando o ferro bem no alto.
Luis Rouxinol jr actuou em quarto lugar e teve mérito na forma como abordou a lide a tentar contrariar as intenções do novilho. O seu segundo comprido é prova disso, pela forma como entrou com decisão e a sesgo para o cravar. Na série de curtos, onde foi patente a boa brega para sacar o oponente de tábuas, deixou um segundo curto de muito boa nota, tal como o quinto em sorte a sesgo.
Complemento das lides equestres, as pegas de caras estiveram a cargo dos Amadores de Coruche que tiveram na cara dos dois novilhos os forcados Pedro Raposo e Diogo Boieiro, oos quais consumaram rijas caras à segunda tentativa.
No que concerne ao toureio a pé, Nuno Casquinha estirou-se em boas verónicas rematadas com meia e rebolera, no que foi segundo da tarde e teve muita qualidade, em especial pelo lado esquerdo. No fundamental do toureio de muleta Casquinha teve mérito na forma como entendeu os tempos e as distâncias para desenhar bons muletazos apesar do vento por vezes ter sido mau companheiro. Houve belos ajudados e naturais que foram aplaudidos pelo público e o toureiro vila-franquense aplicou-se a fundo e sacou várias tandas de qualidade. Foi uma faena com interesse.
Manuel Dias Gomes teve por diante um novilho que foi algo brusco pelo lado esquerdo, investindo com a cara alta. Mas desde que abriu o capote e o lanceou à verónica se viu a disposição do toureiro em triunfar e na faena de muleta teve muitos e bons momentos pelo lado direito, com mais intensidade no início da faena e mostrou que pelo lado esquerdo as coisas não eram fáceis. Sacou várias séries pelo lado direito, o melhor do novilho, e o público soube premiá-lo com fortes aplausos.
Em quinto lugar saiu um novilho que não deu facilidades por falta de forças e de raça. Com ele esteve bem Joaquim Ribeiro “Cuqui” ao recebê-lo de capote com uma larga afarolada de joelhos e verónicas rematadas de meia e rebolera. Cravou dois pares e meio de bandarilhas, cumprindo. A faena de muleta foi condicionada pelas condições do novilho, que se desligava ao segundo muletazo e obrigou o novilheiro moitense a sacar da sua experiência para sacar muletazos por ambos pitóns, não havendo a necessária ligação. Entregou-se na lide e o público agradeceu com aplausos.
O último novilho, de excelente pinta e trapio, saiu com pata e vontade de «comer» capotes e muletas. Diogo Peseiro recebeu-o com boas verónicas e cravou-lhe três bons pares de bandarilhas que aqueceram as bancadas. A primeira metade da faena teve mais forte impacto pois o jovem novilheiro conseguiu ligar os muletazos aguentando bem as fortes investidas do novilho, ligando-os e rematando de peito, na sua maioria pelo lado direito. No toureio ao natural foi templando mais, colocando-se e ligando os muletazos acompassando com a velocidade do novilho e a faena manteve interesse quase até final. A bravura nem sempre é fácil para os toureiros e o jovem Peseiro sentiu o peso dessa responsabilidade extra. Mas esteve também em bom plano e o público aplaudiu com força.
Na direcção do espectáculo esteve Lourenço Luzio, muito bem nos tempos de lide e na concessão de música, assessorado pelo médico veterinário José Manuel Lourenço, perante algo mais de meia casa preenchida, num bom espectáculo de promoção.
Clique no link seguinte http://videos.sapo.pt/46TlMp6RFvDy0hQmdKnG e aceda aos próximos cartéis entre 25 de Abril e 4 de Maio.
Mais de 300 romeiros partiram esta manhã da Moita, rumo a Viana do Alentejo, para cumprir a XIV Romaria a Cavalo Moita – Viana do Alentejo. Os romeiros, de vários pontos do país, vão percorrer, nos próximos dias, os 150 quilómetros que ligam os dois Municípios, por caminhos de terra batida, e vão ser recebidos em festa, no próximo dia 26 de abril, em Viana do Alentejo.
José Carlos Malato, o “padrinho” da Romaria a Cavalo, marcou presença na partida e conduziu a cerimónia de bênção dos romeiros, realizada pelos párocos da Moita e Viana do Alentejo. Na ocasião, os presidentes da Associação de Romeiros da Tradição Moitense e da Associação Equestre de Viana do Alentejo apresentaram o novo carro-andor que transporta a imagem da Nossa Senhora da Boa Viagem até Viana do Alentejo e desejaram boa viagem a todos os romeiros. O presidente da Câmara Municipal da Moita, Rui Garcia, referiu que “esta romaria surgiu de uma tradição que renasceu e que, de ano para ano, vai ganhando expressão, sendo já a maior iniciativa do género que se realiza no País”. O presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo, Bengalinha Pinto, agradeceu a todas as entidades que tornam esta romaria possível e convidou todos os presentes a visitar Viana do Alentejo no dia 26 de abril.
De referir que a Romaria a Cavalo Moita - Viana do Alentejo veio retomar uma antiga tradição existente na vila da Moita, inicialmente de caráter religioso, que fazia deslocar centenas de romeiros com os seus animais a Viana do Alentejo, para que fossem benzidos durante a procissão em honra de Nossa Senhora D’Aires (padroeira dos animais). Nos dias de hoje, a Romaria a Cavalo assume uma vertente mais lúdica que privilegia o convívio e o divertimento entre as centenas de participantes de todo o país e até mesmo do estrangeiro.
A Romaria a Cavalo Moita - Viana do Alentejo é promovida por uma Comissão Organizadora, composta pelas Câmaras Municipais da Moita e de Viana do Alentejo, pela Associação de Romeiros da Tradição Moitense e pela Associação Equestre de Viana do Alentejo.
Programa XIV Romaria a Cavalo Moita> Viana do Alentejo (2014)
Terça|22 de abril - Receção aos Romeiros| Pavilhão Municipal de Exposições - Moita
21h30 – Missa Vigília de Receção aos Romeiros| Paróquia de N.ª Sr.ª da Boa Viagem
22h00 – Grupo Coral “Vozes da Planície”
22h30 – Grupo de Sevilhanas SOLEDAD
Quarta |23 de abril
Moita> Poceirão
08h00 – Concentração dos Romeiros| Terreno anexo ao Pavilhão Municipal de Exposições
09h00 – Bênção da Imagem Nª Sr.ª da Boa Viagem| Igreja Paroquial da Moita
09h30 – Partida da XIV Romaria a Cavalo Moita> Viana do Alentejo
- Início do 1º Percurso da Romaria: Moita> Poceirão
Chegada e pernoita no Poceirão: Animação Musical
Quinta|24 de abril
09h00 – Início do 2º Percurso da Romaria: Poceirão > Casebres
Chegada e pernoita na Herdade da Bemposta| Casebres
- Animação Musical
Sexta|25 de abril
09h00 – Início do 3º Percurso Casebres> Alcáçovas
16h30 – Animação Grupo Coral e Instrumental "Ventos Alentejanos"| Jardim Público de Alcáçovas
21h00 – Entrega de lembranças aos Romeiros | Largo da Gamita
Animação (Org: Junta de Freguesia de Alcáçovas)
- Sevilhanas da Classe de Dança da Associação Cultural e Recreativa Alcaçovense
- Sevilhanas da Classe de Dança da Associação Equestre de Viana do Alentejo
- Espetáculo Musical Grupo de Flamenquito "Pringá"
- Baile com Edgar Baleizão
Sábado|26 de abril
09h00 – Início do 4º Percurso da Romaria: Alcáçovas > Viana do Alentejo
15h30 – Animação de Rua
- “Os Alentejanos” de Serpa |Largo 25 de abril
- Grupo de Sevilhanas “Las Palomas y Las Palomitas”| Praça da República
- Grupo de Sevilhanas da ACRAL| Largo S. Luís
- Desfile de Fanfarras (Mora, Vendas Novas e Viana do Alentejo)| Largo dos Bombeiros > Largo de S. Luís
17h00 – Abertura da Tenda Tradições (Gastronomia, Dança e Música) |Santuário N.ª Sr.ª D’Aires
17h30 – Chegada da Romaria a Cavalo a Viana do Alentejo| Acompanhada peloEsquadrão da GNR a Cavalo
18h30 – Cerimónia Religiosa/Acolhimento dos Romeiros a Cavalo |Largo de S. Luís
21h00 – Procissão em Honra de Nossa Sr.ª D’Aires pelas ruas da vila | Acompanhada pela Banda da S. U. A.
22h00 – Tenda Tradições (Gastronomia, Dança e Música)| Santuário N.ª Sr.ª D’Aires
- Espetáculo Musical Grupo de Flamenco “El Camino”
- Grupo de Sevilhanas “Siempre a Bailar” (Ass. dos Romeiros da Tradição Moitense)
- Entrega de lembranças |Entidades parceiras da Romaria
- Animação Musical “Los Romeros”
Domingo|27 de abril
09h30 – Concentração dos Peregrinos e Romeiros no Largo de S. Luís em Viana do Alentejo
10h00 – Procissão com as Imagens de N.ª Sr.ª D’Aires e N.ª Srª da Boa Viagem | Igreja Matriz> Santuário de Nossa Sr.ª D’Aires | Acompanhada pela Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de VNT
11h30 – Missa Campal no Santuário de Nª Sr.ª D’Aires
12h30 – Abertura da Tenda Tradições (Gastronomia, Dança e Música) | Santuário N.ª Sr.ª D’Aires
- Animação Musical “Rafa & Beltran”
- Cante Alentejano
- Sevilhanas da Classe de Dança da Associação Equestre de Viana do Alentejo
Parece que a Páscoa taurina, neste Abril de águas mil, cá pelo burgo lusitano, não foi de molde a ter a bênção dos deuses do bom tempo. Nem do bom tempo, nem do bom senso.
O mau tempo, ou o prenúncio dele, foram as razões invocadas para a declaração de suspensão ou adiamento de corridas anunciadas. A ausência de bom senso, como um 'anticiclone', parece que ser o que está a afectar o meio empresarial. Um 'anticiclone' que transporta uma frente fria de bom senso, faz subir a irresponsabilidade entre pares, provoca nevoeiros comerciais e muita suspeição no horizonte. Condições, condições que não aconselham 'saídas para o mundillo' sem protecção adequada, e justificam já o anúncio de alerta amarelo, forte.
Isto é, pode estar em curso um dilúvio de situações empresariais que, como dizia aquele simpático autarca de Estremoz, faz aumentar a percentagem para além dos 90%, o número de empresários, os tais, a “grande maioria dos que não paga aos toureiros, forcados e funcionários”. Enfim, exemplos por ele apontados e rejeitados.
Afirmações graves, fortes e duras que, ao que se conhece, até ao momento que escrevo, não foram minimamente desmentidas. Silêncio, nesta coisa de toiros, como se sabe, não é a mesma coisa que palmas, com divisão de opiniões.
Bem! Bem, dirão os menos dados a preocupações empresariais, não será bem assim! Esperávamos que assim não fosse. Ou então andamos todos distraídos, e não reparamos que nesta coisa de negócios, sendo o 'silêncio, é a alma do negócio', é essa nova forma de empresarial que já está em marcha. O que convenhamos, se outra mais bem esclarecida e pormenorizada explicação não for entretanto publicamente prestada, temos para nós, que este novo conceito de organizar eventos tauromáquicos, deve andar entre a filantropia e a caridadezinha. Isto é. Se o conceito for o de filantropia, estaremos perante o modo em que os artistas passam a pagar para actuar, o que até nem é situação inédita, a que se juntam os criadores de gado, que assim, deste modo, também têm uma oportunidade de verem os seus produtos disporem de um palco, isto é, de uma arena, onde, à semelhança do que já sucede com outros animais, podem desfilar e mostrar as habilidades e, quem sabe, até terem como paga, uma taça.
Se o conceito empresarial for o de caridade, ou caridadezinha, que é mais a modo, mais comum entre o português suave, então, encontrado está o 'ovo de Colombo' para que haja 'sucesso' nos negócios. Não será o pleno, porque para pleno, só falta a isenção de taxas e impostos, mas isso poderá vir a ser uma oportunidade, agora que os nossos credores estão de saída.
Claro que ainda há a hipótese suprema, remota, mas não de todo afastada, de que tudo isto, estas situações empresariais bizarras, não passem de mais uma invenção, e aí, lá teremos os mesmos do costume, os comentadores como culpados, passados da cabeça e, coitados, até já têm visões, sem tomarem uns copos, ou fumarem uns charros.
Se eles, os empresários, não se respeitam entre si, se não ligam com Ética, será de mais, ao comum aficionado, pedir que tenham um pouco de pudor e consideração pelos outros, pelos artistas, pelos que gostam da Festa? Pelos que gostam de conhecer empresários com sucesso?
Com sucesso, andaram os nossos vizinhos espanhóis. Com chuva, ou sem ela, lá viram em tempo pascal os principais festejos tauromáquicos anunciados, irem por diante.
Com casas cheias, ou muito próximas, manteve-se a tradição de corrida em Sevilha, onde regressaram os Miuras, bem como em Málaga, na Malagueta, onde Morante de la Puebla e 'El Juli', sem toiros à altura, passaram como gato sobre brasas, assim como Madrid.
A propósito da corrida de Málaga, ou melhor, dos toiros que foram lidados em Málaga, toiros de várias ganadarias – Victoriano del Rio, Garcigrande, Juan Pedro Domeq, Jandilla e Domingo Hernández – talvez seja interessante para a aficion lusa, ou pelo menos, por aqueles que se interessam e gostam de touradas, gostam da Festa dos Toiros, ir acompanhando o que se passou na Malagueta. E o que se passou na Malagueta foi, salvo melhor e séria opinião, uma tentativa de criar expectativa. Mas uma tentativa que tem vários objectivos. E para mim, nem sempre os melhores, mais nobres e sérios. E muito menos os que mais e melhor poderão servir a Festa.
Tenho para mim, que até aplaudo e reclamo por alguma necessária inovação na Festa dos Toiros em Portugal, como aliás, em Espanha, renovação e inovação, que passa desde a sua publicitação, divulgação, organização e até no modo como alguns dos 'rituais' são desempenhados, e pouco entendidos pela maioria dos espectadores. E deveria sê-lo. Para bem de tudo e de todos. Quem sabe, melhor entende o que é bom, mau, assim-assim, ou quando lhe querem impingir gato por lebre.
Não foi gato por lebre, mas andou próximo, o que se passou em Málaga, na Malagueta, onde o cartel primitivo anunciava toiros, mas omitia o nome das ganadarias. A ir por esse caminho, acho que assim, em vez de captar aficion, suscitar interesse, criar expectativa, se está a ir pelo caminho errado.
Já tinha registado a discussão, ainda que 'soft', e vinda a público sob a forma de inquérito de rua, sobre os prós e contras de se passar a não anunciar o peso dos toiros. Não é que exista relação, causa efeito, entre o que no país de Cervantes ocorre, e o que por este recanto 'eventualmente acontece', mas é sempre bom, melhor, é sempre recomendável, não deixar de ir tomando conhecimento, e refletir, Diz-se, ou dizem os mais entendidos nesta coisa de 'beleza animal', no que ao toiro de lide se refere, que nos poucos requisitos a obrigatoriamente constarem nos itens de trapio, ou seja, na harmonia de formas, duas coisas são fundamentais, os olhos e os cornos.
Já aqui falei da confusão entre peso e trapio. Agora quando se discute, na pátria do toureio a pé, o não revelar o peso dos toiros, e até já não se anunciam a ganadaria que vai ser lidada, parece-me que se está a confundir 'renovação', com 'adulteração', e assim, não vamos lá.
Mas, se o tempo o permitir, nós iremos lá, a Estarreja, no próximo domingo.
Por hoje é tudo, do Norte, com um abraço, José Andrade