Apesar de termos estado num número consideravelmente menor de espectáculos que na temporada anterior, por motivos já explicados quando analisámos as estatísticas da nossa temporada 2013, assistimos a grandes momentos de toureio, grandes pegas, toiros bravos e de grande classe. Agora que a temporada terminou, que se fazem muitas análises e se entregam muitos prémios, queremos recordar, consigo, alguns desses momentos que marcaram a nossa temporada de 2013 e que ficaram registados nas nossas páginas através das crónicas dos espectáculos.
Março
Dia 2 – Festival no Montijo – “Venturas triunfaram no Montijo”
“Uma autêntica pedrada no charco e um alerta forte para quem pensa que tudo está conquistado quando se atinge um elevado patamar de qualidade nas exibições. Diego Ventura assinou brilhantes momentos de brega e dois ferros de enorme valor e emoção pelos terrenos pisados e pela execução das sortes, acompanhado por seu pai António Ventura (numa actuação d emuito bom nível) e mostrou, um a vez mais, que não basta estar em lugares cimeiros, mas que há, em cada tarde e em cada toiro, que o justificar ao máximo para aí poder permancer, nesse lugar só ao alcance das máximas figuras.
Foi uma exibição de luxo da dupla António e Diego Ventura, com este em momentos de brega que fizeram o público saltar nas bancadas, galvanizado pela classe da doma das montadas e pelos autênticos muletazos das garupas dos cavalos a um toiro que não foi fácil, e ainda pela consumação brilhante da ferragem, com verdade e emoção nas sortes ao pitón contrário em dois ferros magistrais, de enorme valia artística. E seu pai, António Ventura foi capaz de manter elevado o nível quer na brega quer na cravagem dos ferros, sempre muito aplaudido e acarinhado.”
Dia 16 – Festival na Moita – “Bolívar em bom plano com bom toiro de São Torcato. Grande pega de Ricardo Cabral”
“Mas este festival teve, também e felizmente, grandes momentos no campo artístico: desde logo a enorme pega de caras de Ricardo Cabral ao segundo da tarde e a grande faena de muleta de Luis Bolívar ao grande toiro de São Torcato saído em quinto lugar. A pega de Ricardo Cabral, a citar com a galhardia de sempre, a provocar a investida do toiro e a recuar com sabedoria para se fechar com raça e aguentar a viagem, larga e com o toiro a empurrar todo o grupo em mais de meia volta à arena, não querendo entregar-se e dando por isso maior brilho à pega de caras. (...)Para os aficionados ao toureio a pé a faena de muleta de Luis Bolívar ao bom toiro de São Torcato que saíu em quinto lugar, fez brotar as ovações e os olés fortes em cada série de muletazos, correspondendo ao grande momento que se vivia na arena. Fino de cabos e de pitons, uma estampa este toiro, teve enormes qualidades na forma como galopou e meteu a cara na muleta, por baixo, repetindo humilhado e com classe. O matador soube aproveitá-lo desde os lances iniciais de capote e, com a muleta e sentido a qualidade do toiro, desenhou séries de derechazos e de naturais de muito nível, com temple, com profundidade e com alguns desses muletazos a serem de inegável qualidade e a deixarem bom sabor de boca. Aquelas fragâncias de perfume esquisito ficaram nos ares da “Daniel do Nascimento”.”
Abril
Dia 28 – Samora Correia – “Muita presença e qualidade dos Oliveiras deram bom espectáculo em Samora Correia”
“A tarde apresentou-se fria e ventosa e o público não correspondeu em termos de presença para assistir a uma boa corrida de toiros e onde o curro de Oliveiras Irmãos teve papel preponderante pela qualidade da generalidade dos toiros (execepção ao terceiro da ordem), pela idade (4 de 5 anos e 2 de 4 anos), pela presença que muitos deles tiveram, colaborando depois nas lides, bravos e encastados. Parabéns ao ganadeiro.”
Maio
Dia 5 – Vila Franca de Xira – “Emoções fortes nas pegas e grande lide de Manuel Telles Bastos”
“No toureio a cavalo triunfou Manuel Telles Bastos, mercê de uma lide de grande categoria no que foi segundo da ordem, da casa Prudêncio, mexendo bem no toiro, colocando-se bem para as sortes e a deixar boa ferragem, em entradas rectas, templadas, para cravar como mandam as regras e não se esquecendo de rematar as sortes. Uma lide de muito boa nota e que viria a a confirmar no quinto da tarde, de Vale Sorraia, em especial na ferragem curta, de muito boa nota no geral e a mostrar-se ao toiro em cada uma das sortes, avançando na sua direcção para lhe provocar a investida e cravar bem. (...)Mas a emoção mais da tarde estava guardada para as actuações dos forcados e os grandes momentos, aqueles que colocaram o público de pé nas bancadas, viveram-se nas pegas de caras e, muito especialmente, na última. Abriu praça o cabo dos Amadores de Vila Franca, Ricardo Castelo com uma rija pega de caras ao primeiro intento, sendo secundado por Ricardo Patusco muito bem à segunda tentativa e Pedro Castelo noutra brilhante pega à primeira tentativa. Pelos Amadores de Alcochete, João Gonçalves efectuou rija pega de caras à primeira, enquanto que Tomás Vale saíu lesionado na única tentativa que efectuou sendo dobrado com êxito e à primeira por Fernando Quintela. A fechar praça, uma cara colossal a cargo de Pedro Viegas que aguentou os violentos derrotes e a fuga do toiro ao grupo, sem desfalecer um momento. Fenomenal!”
Dia 16 – Lisboa – “Triunfo forte de Pablo. Grande lide de Bastinhas”
“Joaquim Bastinhas, a cumprir 30 anos de alternativa, assinou uma das melhores lides dos últimos tempos frente ao que foi segundo da noite, medindo muito bem as distâncias, colocando-se de largo e a deixar-se ver em cites bem frontais, cravando como mandam as regras e com uma boa brega, numa actuação onde não faltou a sua assinatura com o par de bandarilhas entre os aplausos entusiásticos do público. No quarto da noite foi de menos a mais na lide, em crescendo com a ferragem curta e a assinar bons ferros.
Um caso sério continua a ser Pablo Hermoso de Mendoza, não apenas pela forma como apresenta as montadas, como as dirige, pela souplesse que patenteia em cada momento, pela eleição dos terrenos e, muito em especial nesta noite, pela forma como se colocou de largo e de frente para o toiro terceiro da noite, como viajou recto e com o cravou de alto a baixo e com reuniões ajustadas a esmagadora maioria da ferragem. Não viveu apenas dos galopes a duas pista, dos remates primorosos, mas sim do toureio de verdade que o tornou famoso. E no quinto da ordem voltou a dar recital de bem tourear e de bem cravar, com o público rendido ao seu poderio. Foram momentos de enorme intensidade e que fizeram, uma vez mais, valer a pena ter ido até ao Campo Pequeno.”
Dia 31 – Barquinha – “Grande triunfo de Moura Caetano e da ganadaria de Paulo Caetano”
“Apesar da noite fria e de esta ser uma corrida fora das datas tradicionais, o público respondeu em bom número e assistiu a um excelente espectáculo com notável triunfo de Moura Caetano e um excelente curro de toiros de Paulo caetano, justamente chamado à arena após a lide do sexto. Uma noite com muitos motivos para recordar!
O triunfo forte da noite começou a desenhar-se na forma como João Moura Caetano recebeu o segundo da noite, dobrando-se bem com ele, e na distância a que citou, de praça a praça, para os compridos que resultaram bem. Depois, com uma brega precisosa, colocando o toiro com classe e este a responder com investidas de largo, a permitir ao cavaleiro dominar as viagens e as sortes com pureza, aguentando e a entrar ao pitón contrário para cravar bem a série de curtos que mereceu os fortes aplausos d público. E no quinto da ordem, e enorme suavidade e classe, voltou a estar muitíssimo bem na brega e na forma como entendeu as distâncias para a série de curtos, de muito boa nota, com poderio nos remates e adornos. Triunfo sem margem para dúvidas.”