É essencial conhecer História, o passado, para que se entenda o presente e se possa perspectivar o futuro. A História, o nosso passado comum, seja em que vertente for, é aquilo que permite percebermos quem somos, o que fazemos, para onde queremos seguir. Posso não saber muito bem para onde quero ir mas sei perfeitamente por onde não quero ir.
Em tauromaquia também não é diferente. E mesmo que não seja uma prioridade na vida de muito do público minimamente aficionado, tem de ser de conhecimento obrigatório daqueles que se movimentam no Mundo taurino. Só assim podem aspirar a perceber o que foi o passado, o que foram e são os gostos das pessoas e não deixar que essa tradição e esse gosto das pessoas pela tauromaquia nas duas diversas vertentes se perca, se trasnforme apenas em crítica e na ausência na praça de toiros.
Quem está no meio, que oatrocina, quem organiza e promove corridas de toiros, tem de perceber quais são os anseios, as vontades das pessoas que por aí ainda reservam uma parte importante do seu parco dinheiro para se deslocarem às bilheteiras de uma qualquer praça de toiros e adquirirem o rectângulo mágico que dá acesso à bancada... E a sua persistência tem de ter algum prémio, quanto mais não seja o respeito por aquilo que foi a tradição e desde sempre o fez passar pela bilheteira. Ainda que os tempos tenham mudado, que se tenham mudado datas...
A persistência dá os seus frutos e nas datas em que era tradição haver toureio a pé, sempre que os empresários apostaram a sério nessa vertente, as praças registaram grandes ecnhentes. Exemplos claros nos últimos anos, as Caldas da Rainha no 15 de Agosto, a corrida de matadores na Moita ou as mistas de Vila Franca.
Ao longo das décadas – e não podemos esquecer que foi no final da década de 40 do século passado que Portugal teve o seu primeiro matador de toiros – a predominância do toureio a cavalo foi patente e notória apesar da grande competição entre Diamantino Vizeu e Manuel dos Santos. A existência da corrida mista, que esta dupla de matadores valorizou, é essencial à revitalização do espectáculo tauromáquico em Portugal, quase estagnado em termos de qualidade e de competição e sem grandes atractivos para cativar novos públicos para a Festa Brava e, em especial, para a corrida de toiros.
É essencial criar um compromisso que envolva todos os estamentos da Festa Brava, por forma a criar e manter um ciclo anual de espectáculos de promoção de novos valores quer no toureio a cavalo quer no toureio a pé, seja na modalidade 3/3 ou 2/4, com vacas de tenta/retenta em vez de erales ou novilhos, com o estatuto de aula de toureio ou demonstração de toureio, sem necessidades de licenciamento pelo IGAC, etc etc etc.
E a corrida mista, com cavaleiros, forcados e matadores de toiros ou novilheiros, é aguardada com expectativa pelo grande público que tem mais uma oferta para desfrutar do seu espectáculo preferido. A combinação de artistas por categoria pouco importa porque a realidade mostra-nos que importa, isso sim, revitalizar a corrida mista e dessa forma a própria Festa Brava em Portugal.