Muito se fala de direitos e de liberdades, de informação, de expressão, e de tantas outras liberdades e direitos. Só ao crítico tauromáquico são impostos deveres, ao que parece, e por experiência própria resultante da leitura de alguns e-mails e de outros comentários que recebo, pois direitos não lhe assistem.
Poucos têm a obrigação de ser didácticos e pedagogos, de ensinar, excepto o crítico tauromáquico. Este é o responsável pelo facto de tanta gente saber tão pouco de tauromaquia mesmo aqueles que sabem tudo, nunca se enganam e raramente têm dúvidas...
O crítico tauromáquico é o único que tem de ter poder de encaixe pois se os visados por uma sua apreciação dela não gostam, ou os seus apaniguados e seguidistas, foi o crítico que esteve mal intencionado, que viu mal ou não viu, que tem outros interesses.
Já Ortega y Gassett escrevera que «a crítica é um sacramento de difícil administração». E é engraçado, ao mesmo tempo, que o crítico tauromáquico seja o único de entre os seus pares (entenda-se, de todos quantos fazem crítica ou análise) que tem que ensinar a ver e a analisar o fenómeno sobre o qual escreve ou fala. Sim! porque ninguém pede oa crítico de arte que explique as técnicas de pintura ou de escultura; ao de música, como é que se escreve música ou um poema; ao literário, que ensine como se escrevem livros, como se usam figuras de estilo, etc; ao de futebol, como é que se joga à bola, que tácticas se utilizam e porquê, e um sem número de étecéteras.
Na realidade, parece que para se ser crítico tauromáquico é necessário ser um grande pedagogo, um mestre-escola de primeiríssima categoria, e é essencial que se assuma o exercício de um sacerdócio com voto sagrado de não emitir opinião! No essencial, é obrigatório ter um grande, enorme, poder de encaixe e aguentar o que mais ninguém consegue aguentar.