O meu balancete taurino de 2011
Um balanço, curto, em jeito de acompanhamento do balanço aqui feito pelo autor do Blogue, o meu Amigo António Lúcio.
Claro que há mais vida…
È verdade querido António Lúcio. Claro que há mais vida para além da crítica tauromáquica. E também é claro, claríssimo, que fostes, és, suficientemente esclarecedor na ‘confissão’ e penitência que sob o título ‘Há mais vida para além da crítica tauromáquica’, aqui no teu espaço/blogue, publicaste. Só não entende, quem não quer mesmo estender. O balanço que sobra da presente temporada, goste-se, ou desgoste-se, em termos artísticos, não passou de uma mão cheia de actuações dignas disso mesmo, e com alguma compreensão. A repetição de carteis, com as mesmas figuras a desdobrarem-se, a repetirem-se também na sequência previsível dos mesmos gestos, as mesmas correrias e o uso dos mesmos artifícios para resolverem as papeletas, acaba por cansar quem gosta de ir aos toiros, porque gosta. Claro que me refiro aos cavaleiros, já que são tão poucas, e tão desenxabidas as aparições dos matadores, que nem sei como ainda causa espanto o número diminuto de espectadores que arriscam gastar o seu dinheiro, para ver meia dúzia de passes, e uns quantos gestos de enfado, ou porque o toiro é mais áspero, por falta de varas, ou então monte de pedra. Neste balanço corrente, dir-se-ia que a salvação das corridas de toiros como festa, espectáculo, viveu, acabou dependente do voluntarismo dos Forcados. Sim, é verdade. Mas, não, sem que, também neste quadrante, a (des)união passa-se despercebida. A proliferação de grupos, se a maioria das vezes não mostrou qualidade, teve pelo menos o mérito de oferecer quantidade e muitos novos valores. E como o público admira a valentia, coragem e pundonor dos Forcados.
Dizem, muitos daqueles que conhecemos, que vivem da festa, ou á sombra dela, que a ‘festa’ está em crise. Que, além de vitima de soezes e torpes ataques, por isso, ou por via disso, atravessa um período de indefinição e ‘salve-se quem puder’.
É verdade. Claro que é verdade que existe uma ‘crise’ no mundo dos toiros. Uma crise que não tem nada a ver com menos uns espectáculos no saldo anual. Muito menos com a ‘berraria’ que uns tantos ditos amigos dos animais, com conhecido oportunismo, representa nas imediações de três ou quatro praças de toiros. A ‘festa’, as corridas de toiros são um espectáculo. E como espectáculo, continua a esquecer o essencial disso mesmo. A começar por aqueles que o organizam, os que o dizem promover, os que os dirigem. Até na Arte existe classe, charme e… tempo para adaptar.
Claro que há mais vida… e mais oportunidades para apontamentos sobre a Festa.
José Andrade