Praça de Toiros Carlos Relvas – Setúbal – 03.09.11
Director: António José Martins – Veterinário: Carlos Santos – Lotação: 40%
Cavaleiros: Rui Salvador, Moura Caetano
Espada: Luis Procuna
Forcados: Amadores do Ribatejo e Ap. B.V.Alcochete
Ganadarias: António Silva (1º e 2º), Prudêncio (4º e 5º) e José Luiz V.S.Andrade (3º e 6º)
“AI QUE SAUDADES AI AI, DO TEMPO ANTIGO AI AI....”
Penso que assim começariam as estrofes de um fado que eu ouvia ainda menino, longe de todo o bulício e confusão que hoje reina no mundo dos toiros. E, nesses tempos, a corrida de toiros tinha outra importância para o grande público e tudo porque os toureiros assim o educavam e lhe mostravam como se lidavam toiros-toiros, com muitas complicações e por aí adiante. Hoje, com a falta de conhecimentos de quem vê e, sobretudo de queme screve sobre toiros, há triunfos a esmo mesmo quando estes passaram a anos-luz das actuações que vimos na arena. Adiante...
Regressei à “Carlos Relvas” onde vi muitas corridas desde crianaça e um misto de nostalgia e de alegria por ali voltar instalou-se no meu pensamento. Recordei grandes noites de toiros e muita gente. Mas a corrida de sábado à noite não deixou saudades, antes pelo contrário e ainda bem que até foi rápida. “O Homem põe, Deus dispõe e o toiro descompõe”, é o ditado que se aplica na plenitude ao que vimos na arena da reinaugurada praça setubalense.
De António Silva eram os dois primeiros, bastote e feio de tipo o que foi lidado por Rui Salvador e que teve alguma raça e casta, e muito nobre e com vontade de investir de largo o segundo, demasiado castigado pelos bandarilheiros de Moura Caetano. Mansos e a procurarem refúgio de tàbuas foram os outros dois destinados ao toureio a cavalo e com ferro de Prudêncio com o 4º da noite a saltar por duas vezes as tábuas. E da queima não se livraram também os dois de Vasconcelos e Souza d’Andrade destinados ao toureio a pé, mansos sem remissão e a colocarem imensas dificuldades ao matador.
Rui Salvador lidou primeiro um de Silva e depois o «saltador» de Prudêncio, colocando em ambas as lides a tónica na brega e na garra para deixar a ferragem, entregando-se como é seu timbre em duas lides onde o êxito era impossível mas que teve repercussão nas bancadas pelo pundonor toureiro colocado em ambas as lides.
Moura Caetano teve no primeiro um toiro propício ao êxito gordo que não conseguiu pois se no início o toiro investia de largo e assim lhe deixou bem os compridos, as sucessivas intervenções dos seus bandarilheiros pararam em demasia o toiro e o resto da lide não teve o impacto que poderia ter tido. No que foi quinto da noite, teve de sacar de todos os recursos para lhe deixar a ferragem, com muito mérito em dois bons curtos.
Luis Procuna esteve bem de capote no seu primeiro, com verónicas e chicuelinas e preencheu de forma correcta e agradável o tércio de bandarilhas, ante um toiro que nunca lhe deu facilidades. Com a muleta cumpriu no toureio essencial pelo lado direito e alguns ajudados pelo lado esquerdo, sendo silenciado no final. No que encerrou praça apenas tentou uns lances de capote a fixar e nas bandarilhas foi o desconcerto total da quadrilha e os assobios fortes do público que se mantiveram no final de uma faena de trâmite, com meia dúzia de passes sem poder mais que estar digno.
Os Forcados do Ribatejo e do Aposento do Barrete Verde de Alcochete sentiram na pele a dureza dos toiros, com alguns derrotes violentos, mas consumaram com mérito maior as quatro pegas de caras. Pelos do Ribatejo foram caras Afonso Gonçalves à primeira e Mário Gonçalves também à primeira, e pelos do Barrete Verde de Alcochete foram caras Diogo Morgado numa bela pega à 1ª e Hugo David que só à terceira conseguiu consumar outra rija pega de caras.
Direcção correcta de corrida de António José Martins assessorado pelo veterinário Carlos Santos.