O cartel prometia. Mas S. Bartolomeu, o santo patrono de Baião, cuja comemoração é feita no dia 24, foi por certo lembrado, várias vezes, neste dia 23. Santo de fortes conexões com o diabo, melhor dizendo, com a dominação do diabo, popularizado nas expressões “andar o diabo à solta” e “o diabo a quatro”, o santo soltou o diabo, provocando a desordem na forcadagem, e não só, que ontem actuou em Baião.
Casa cheia, mais de três quartos, para ver Sónia Matias, que voltava a Baião, onde é sempre acarinhada, Francisco Cortes e Marco José.
Sónia, que devia abrir praça, acabou por ser a última dos três cavaleiros a actuar, para além do carinho com que é recebida, transportava a responsabilidade de uma já larga temporada de 2011. Carregada de actuações muito aplaudidas, ganhas em competição e empenho, não foi por desconhecimento das condições de lide dos toiros do senhor Santos Silva, reservados nos primeiros ferros, mas a cumprirem de ‘menos a mais, que Sónia teve duas lides para esquecer. Descontrolo e desconcerto, num nervosismo, já indesculpável em quem está a começar, e com pouco traquejo, aumentou a desilusão e a nota menos, com que Sónia deixou a sua passagem por Baião em 2011.
Francisco Cortes, um cavaleiro que já não víamos à muito, soube entender os dois toiros que lhe tocaram em sorte, mais reservado o segundo que o primeiro, brindou a concorrência com duas actuações, sem grandes exuberâncias, ou apelo às palmas, mas de bom recorte, animadas e sempre em crescendo de poder e saber.
Marco José, que já havíamos visto este ano em Terroso, Póvoa de Varzim, lidou com asseio os dois hastados da ordem. Com sortes de vária ordem, soube entender a lide a dar e esteve por cima, rematando com violinos de bom-tom.
Mas se os toiros/novilhos do senhor Santos Silva, compostos, de boa aparência, no conjunto, reservados, a permitirem lides a cavalo, de menos a mais, asseadas e recreadas, foram autênticos ‘carrascos’ para os forcados, a que nem escapou o filho do ganadeiro, Gonçalo Silva, que só à 3ª. tentativa, em curto e com ajudas a carregar, logrou ficar na cabeça do 5º. da tarde. Assim, dos três Grupos de Forcados Amadores em praça, do Ribatejo, de Coimbra e, Ramo Grande (Açores), capitaneados respectivamente por, João Machacaz, Luís dos Santos e, Filipe Pires, só Pedro Mendes do grupo de Coimbra, consegui pegar à primeira, o 2º. da tarde, lidado por Marcos José, com todos os outros a sofrerem um autentico ‘massacre’, de que resultaram muitas e diferentes tentativas, e quatro forcados a necessitarem de visita ao hospital, com saída em maca da arena, muito maltratados.
Dirigiu com acerto o senhor Nuno Nery, assessorado pelo senhor dr. José Luís Cruz.
Autor: José Andrade