INSENSIBILIDADE E FALTA DE CONHECIMENTOS E DE RESPEITO FACE AO TOUREIO
Praça de Toiros do Campo Pequeno – 21.07.11
Director: Pedro Reinhardt – Veterinário: José M.Lourenço – Lotação: ½ casa forte
Cavaleiros: João Moura Jr e João Telles Jr
Forcados: Amadores da Chamusca e Aposento da Chamusca
Matador: Leandro
Ganadarias: Romão Tenório (4-cavalo) e Benjumea (2 –pé)
Ao fim de trinta e poucos anos neste mundo do toiro e de vinte e quatro exercendo a actividade de crítico tauromáquico, jamais esperava iniciar uma crónica escrevendo sobre a falta de sensibilidade, de conhecimentos e de respeito face ao toureio, e não apenas face ao artista ou artistas, demonstrada por um senhor delegado técnico tauromáquico como que esteve na direcção da corrida da pretérita quinta-feira em Lisboa. Já é tempo de todos nos indignarmos sobre estas atitudes que em nada beneficiam o rigor que deve presidir à condução de um espectáculo porquanto, frente ao toiro e quando o artista se arrima de verdade e constrói uma faena de qualidade impensável no seu início, em Portugal o único prémio, para além das ovações e olés do público, é a música. E o senhor Pedro Reinhardt demonstrou, uma vez mais, não ter capacidade para entender o que se passava na arena e não teve uma postura de respeito para com o toureio e o público. Devia ser demitido das suas funções.
A corrida não foi de grandes momentos muito por culpa da falta de casta, de bravura e trapio dos toiros que saíram pela porta dos currais, excepção feita ao quinto em termos de presença. Os toiros de Romão Tenório e os de Benjumea não serviram, não trouxeram emoção, e deveriam ter sido todos assobiados no regresso aos currais após as lides.
João Moura Jr assinou alguns bons momentos na brega, com ladeios primorosos, e em termos de ferragem, esteve em grande no final da lide ao quarto da ordem, com ferros de muito boa execução em sortes frontais, com especial destaque para o quinto e os dois de palmo com que rematou a sua actuação.
João Telles Jr esteve no seu estilo frente a toiros que em nada ajudaram. E por sinal, foi no manso quinto, que investia de cara ao lado a defender-se no momento do ferro, que conseguiu os seus melhores momentos.
Noite de triunfo para os forcados chamusquenses. Amadores (de Nuno Marques) e Aposento (de Pedro Coelho dos Reis) estiveram em grande com 4 pegas de muito boa nota. Nuno Marques abriu praça pelos Amadores da Chamusca com uma boa pega de caras à primeira e Rui Pedro com muita decisão à 2ª consumou outra grande pega, enquanto que pelos do Aposento pegaram Francisco Montóya muito bem á segunda e António Melara Dias numa grande pega de caras á primeira e a merecer chamada especial aos tércios.
Na arte de Montes, Leandro foi o toureiro contratado para substituir o lesionado Cayetano Ordoñez. Com dois toiros de Benjumea que não davam muitas opções, esteve diligente no primeiro, bem de capote a lancear à verónica, e com uma faena de muleta de nível razoável por ambos os pitons. Mas no que encerrou praça e que parecia não ter um passe, foi inventando a faena, levando o toiro a investir por ambos os pitons, com calma e tranquilidade, e construindo uma obra que o público entendeu, os aficionados aplaudiram e o director de corrida ignorou. Lentamente, como deve ser o toureio, ligou os muletazos, sacou duas tandas de naturais de grande categoria rematadas com passes de peito, seguindo-se mais uns derechazos já com mais impacto que os iniciais. Foram bons momentos de toureio graças á entrega e vontade de triunfo do matador de Valladolid, justamente premiados pelo público. Afinal, o que mais ordena – e paga - e tantas vezes também desrespeitado por quem de direito.
Esta corrida teve como assessor veterinário o Dr. José Manuel Lourenço e a praça estaria com cerca de 60% da sua lotação preenchida, tendo decorrido em muito bom ritmo.