Numa era em que a fotografia digital permite que se captem n imagens por segundo; em que as definições de qualidade são inimagináveis; em que quase sem luz se conseguem fotos de grande nitidez, e por aí fora, continuo a olhar para os jornais, para as revistas, para os sites e blogues e não vejo uma foto do momento da cravagem do ferro.
E isto, sem dúvida, preocupa-me. Nas revistas e nos jornais, nos sites e blogues, muitos são os fotógrafos que se anunciam e assinam as respectivas reportagens fotográficas ou fotos de ocasião. Muitos deles são profissionais. Outros serão tão amadores quanto eu o sou e a sua responsabilidade será menor. Nunca o deixará de ser de grande importância quando ilustram uma reportagem, uma crónica, por mais amadores – como eu – que sejam os seus autores.
Então, com todas estas tecnologias, com fotógrafos profissionais, porque é que não se encontram – serão raras as excepções – fotos do momento da cravagem dos ferros, optando-se quase sempre por colocar fotos de dois ou três milésimos/centésimos de segundo antes? Será porque o momento óptimo da cravagem já passou e seriam muitos os deixados a cilhas passadas e à garupa que teríamos de dar à estampa e depois alterar as crónicas de uma ponta a outra?
Confesso que, como amador, me é muito difícil conseguir a foto. Essa de que vos falo, do momento da cravagem. Mas, muitas das vezes, vejo e revejo aquelas que tirei e, no momento em que deveria estar já a ser cravado, o ferro ainda está na viagem descendente e quando atinge o toiro, já este está atrás da sela…
Mas isso, se calhar é porque eu sou um completo amador e com uma maquineta de pouca capacidade!...