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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

MAU TEMPO E POUCO PÚBLICO EM SOBRAL

17.07.11 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Praça de Toiros de Sobral de Monte Agraço -  16.07.11

Director: António Garçôa – Veterinário: Jorme M. Silva – Lotação: ½ casa

Cavaleiros: Rui Salvador, João Salgueiro, Duarte Pinto, Mateus Prieto

Forcados: Vila Franca, Ap. Chamusca

Ganadaria: Jorge Carvalho (7)

 

O mau tempo que se fez sentir ao final do dia, com chuviscos que foram ganhando intensidade em alguns momentos da corrida, afastou algum público daquela que era a primeira corrida de toiros transmitida em directo a partir de Sobral de Monte Agraço, praça com quase 90 anos de existência. Assistimos assim a uma corrida com alguns bons momentos de toureio e acima de tudo boas pegas de caras e onde Salgueiro e Duarte Pinto estiveram acima da média cada um com um toiro a permitir o luzimento, enquanto o jovem Mateus foi de menos a mais na lide e Rui Salvador teve de mostrar a sua garra e raça para se impor aos seus dois toiros.

 

Coube a Rui Salvador abrir praça ante o mais manso dos sete toiros de Jorge Carvalho lidados nesta fria e molhada noite. Teve de sacar de todos os seus recursos e das suas montadas para deixar a ferragem da ordem. No seu segundo conseguiu melhores momentos mas também à custa de muita entrega e raça. Foi o «desafortunado» do sorteio.

 

João Salgueiro consegui uma grande actuação no seu primeiro, deixando excelente ferragem em sortes frontais, com mérito a entrar nos terrenos do toiro e sendo justamente aplaudido. No seu segundo não conseguiu maner tão elevada bitola mas mesmo assim creditou-se com ferros de muito boa nota e saindo em bom plano.

 

Duarte Pinto manteve o seu estilo habitual, sem grandes concessões, sóbrio e eficaz. Cravou bons ferros em ambos os toiros, com boas preparações e remates e deixou bom ambiente.

 

Mateus Prieto foi de menos a mais na sua lide, irregular com os compridos e o primeiro curto mas depois a encontrar os melhores terrenos e distâncias para terminar com dois de violino que entusiasmaram o público.

 

Os Forcados Amadores de Vila Franca concretizaram com eficácia 4 pegas de caras por intermédio de Pedro Castelo (2ª tentativa), Rui Godinho (1ª), Flávio Henriques (1ª) e Rui Graça (1ª), enquanto que pelos do Aposento da Chamusca foram à cara dos toiros Pedro Coelho dos Reis (1ª), João Rui Salgueiro (muito bem a recuar e a tourear a ensarilhada investida do toiro e a fechar-se à 1ª), e Francisco Montóya (1ª).

 

Os toiros do Engº. Jorge de Carvalho estavam bem apresentados, cumprindo os saídos em segundo, terceiro e quarto lugares, manso e complicado o primeiro e mansotes os restantes.

 

Direcção acertada e sóbria de António Garçôa, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva.

 

LITERATURA TAURINA - "TOUROS EM PORTUGAL - UM PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO E CULTURAL"

17.07.11 | António Lúcio / Barreira de Sombra

Um touro no meio da cidade é pelo menos tão estranho e absurdo como um gentleman de casaca e chapéu alto a ceifar um campo de trigo. Mesmo no tempo em que possantes bois arrasta­vam carrões atulhados de hortaliça pela Almirante Reis abaixo a caminho da velha Praça da Figueira, já então as esperas de gado na Calçada de Carriche eram uma recordação saudosa dos nossos avós algo que se teria passado num espaço insólito e distante, designado por «fora de portas».
Pois apesar de tudo isso, a Praça de Touros do Campo Pequeno subsiste como verdadeiro ex-líbris da cidade de Lisboa, integrando nas linhas ordenadas e geométricas do seu urbanismo tão racional esse factor caótico e rural, camufladamente possesso e obsceno, o velhíssimo BOS TAURUS IBERICUS.

Cumpre-se este ano o centésimo aniversário do ilustre tauródromo. Gostaria de lhe chamar taurobolium, pois assim se designa­vam os templos onde outrora nas lusitanas terras se sacrificava ritual­mente o Touro Mitraico. Os Deuses vencidos por vezes abdicam nos mortais o poder de legislar, mas sem nunca perderem, contudo, o privilégio da sua imortalidade. E quando lhes dá na gana até se implantam com desfaçatez atrevida e anacrónica nas capitais da CIVILIZAÇAO.
Foi esse um caminho histórico, cultural e artístico tão longo que deixou para sempre impresso no nosso imaginário já nem se sabe, como diz Sanchez Drago, se um arcano ou um arquétipo. Por onde passou foi gravando marcas profundas, resistentes à erosão do tempo e dos homens. A Praça do Campo Pequeno talvez seja o padrão que assinala a sua definitiva vitória.
Vou tentar contar-vos a história muito resumida desse mágico percurso. 

 

Fernando Teixeira in, “Touros em Portugal -  um patrimonio historico, artistico e cultural”, ediçao Clube do Coleccionador dos Correios, Setembro de 1992