Director: António José Martins – Vetreinário: Carlos Santos – Lotação: ½ casa
Cavaleiros: António Teles, Filipe Gonçalves, João Telles Jr, Duarte Pinto, Francisco Palha, Tomás Pinto
Forcados: Ribatejo, Moita, Montijo
Matador: Octávio Chacón
Ganadarias: Arucci (6) e António Charrua (1)
Sempre entendi que a lide é um conjunto, um somatório, das avaliações que os toureiros e os forcados fazem das características dos toiros, da eleição dos melhores terrenos, de serem capazes de discernir e de lutar com inteligência contra a força bruta do toiro. Só assim se conseguem levar de vencida e, em muitos casos, criar arte. Outra coisa é sobrar valor ao artista, qualque que seja a sua condição, e este ser capaz de se impôr pelo arrojo que o seu valor interior o impulsiona a colcoar em tudo quanto faz. Ou... como sucede em muitas corridas, e esta não fugiu à regra, utilizam-se sortes de recurso para sacar palmas.
Outra situação tem a ver com os forcados. Grupos com menos corridas, com menos valores individuais e menos colectivo por força do escasso número de corridas, têm muito mais dificuldades em encontrar as tais soluções que se im põem para o êxito e socorrem-se do valor e da abnegação de uns quantos elementos para tentar o impossível. Não houve toiros impegáveis no Montijo. Houve sim falta de entrosamento, falhas claras dos ajudas (pontas de bola onde é que andarvam???) e nem sempre as soluções terão sido as melhores. Um toiro sem ser pegado (segundo da noite, Amadores da Moita) e 14 tentativas para consumar as pegas de caras aos outros cinco toiros, convenhamos que não abona nada em favor do espectáculo.
Os toiros de Arucci, dois deles com cinco anos cumpridos, estavam bem apresentados, com médias acima dos 600 kilos, tiveram comportamentos distintos mas sobre o manso, com destaque negativo para segundo e quarto, ambos muito reservados e com investidas brutas quando sentiam que podiam colher as montadas. Nos forcados, entraram forte e derrotaram col alguma violência.
Valor e soluções não faltaram a António Telles ante o melhor da corrida. O maestro da Torrinha desenvolveu lide interessante e com ritmo, encontrando os melhores terrenos para deixar a ferragem da ordem, com destaque para a série de curtos em que provocou bem as investias, cravou a preceto e rematou como mandam as regras, numa actução de muito bom nível.
Filipe Gonçalves também assinou boa prestação ante um toiro tardo e que lhe criou dificuldades que soube resolver a contento. Esteve em bom plano a lidar e a cravar, com dois curtos de muito bom nível, pisando terrenos de compromisso e deixando excelente ambiente nas bancadas. Uma actuação muito interessante do cavaleiro algarvio.
João Telles Jr lidou dentro do seu estilo, com muita movimentação, cites bonitos mas com o senão de cravar sempre a cilhas passadas. Um defeito que deve e pode corrigir e, na fase final da lide, sacou dos violino e de palmo para alegrar as hostes, numa lide que não teve impacto junto do aficionado mais exigente.
Duarte Pinto esteve ao seu nível em especial na ferragem curta onde deixou alguns bons ferros em sortes frontais bem marcadas, por vezes entrando ao pitón contrário, numa actuação meritória frente a um toiro que também não facilitou por muito tardo e reservado.
Francisco Palha voltou a estar entre o bom e o sofrível pois se mostrou valor na abordagem das sortes, nem sempre encontrou espaços para que as mesmas saíssem completamente limpas. Teve bons pormenores, na brega, e dois ferros curtos de melhor nota.
Tomás Pinto teve uma lide que não encheu «o olho» como se diz na gíria, alternando também entre o suficiente e o sofrível frente a um toiro que poderia ter dado outro rendimento e outra lide. Finalizou com os violinos, bem afinados.
No toureio a pé exibiu-se com agrado o matador espanhol Octávo Chacón, autor de bons e variados lances de capote e com uma agradável faena de muleta ante um novilho de Charrua a que faltou classe e recorrido. Alguns bons muletazos por ambos os pitóns, variedade e bom gosto, impondo-se ao novilho com sabedoria e maturidade e desfrutando também.
Resta falar das pegas de caras. Pelos Amadores do Ribatejo, o cabo João Machacaz consumou à segunda e Mário Gonçalves com raça à 4ª e a sesgo, vindo a ser premiado com o troféu Adega de Pegões à melhor pega. Os Amadores da Moita, depois de cinco tentativas de caras falhadas deixaram o seu primeiro recolher sem consumarem a pega e no segundo Fernando Grilo consegiu fechar-se e ser ajudado à segunda tentativa. Finlamente, pelos Amadores do Montijo, o cabo Ricardo Figueiredo concretizou à 4ª e a sesgo e Élio Lopes à 2ª.
Direcção condescendente de António José Martins assessorado pelo veterinário Carlos Santos, num espectáculo que se prolongou por quase quatro horas.
Continuando o nosso trabalho de divulgação cultural taurina, e com a Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada (1), de Jayme Duarte de Almeida, editada em 1962 a ser o eixo central desta divulgação, hoje escolhemos a «sorte à tira», tão vulgarmente executada e banalizada nos dias de hoje.
Escreveu Jayme Duarte de Almeida: “TIRA (Sorte à) – Uma das maneiras como se podem «sortear» os toiros no toureio a cavalo com farpa ou rojão. *Encicl.: A sorte «à tira» , das mais belas do toureio a cavalo, marca, a bem dizer, o espírito do toureio «de frente» pois é, nesse aspecto, o mais ant.dos procedimentos regulares. Assim mesmo e como que a representar um movimento evolutivo, a sorte «à tira» pode realizar-se de duas maneiras, tendo o cavaleiro o toiro à sua direita ou tendo-o pela frente, isto, evidentemente, no momento do cite. Considerando o primeiro caso e estando o toiro à direita do cavaleiro mantendo uma direcção que, porlongada daria uma linha que se cruzaria, formando um ângulo sensivelmente recto, com aquela sobre qual se acha o cavalo, o cavaleiro partirá numa marcha lenta e alegrando o toiro, por forma a provocar a investida. Conservando o cavalo a direcção inicial a velocidade da marcha será regulada pelo ímpeto da investida, assim se elegendo um «centro» da sorte que ficará um pouco aquém do cruzamento previsto anteriormente.
Cravado o ferro, o cavaleiro sairá da sorte circulando para o seu lado direito e assim se furtando à perseguição do toiro. Sem dúvida vistosa, esta maneira de realizar a sorte «à tira» baseia-se numa sincronização de movimentos que a torna demasiadamente geométrica, razão por que é francamente superior o segundo dos procedimentos aludidos: a realização tendo o toiro pela frente. Para a levar a efeito, o cite é efectuado estando toiro e cavalo frente a frente sobre a mesma linha. Fixada a atenção do toiro nos seus movimentos, o cavaleiro partirá desviando desde logo a sua marcha para o lado esquerdo, sobre uma nova linha que, relativamente à primitivamente considerada, não deve exceder 45 graus. O toiro, arrancando na direcção do cavalo procurará atingi-lo numa altura que será, justamente, aquela que o cavaleiro antecipadamente marcou para «centro» da sorte, onde realmente se consuma, saindo o cavaleiro como se indicou para o primeiro procedimento. A perfeição executiva do procedimento baseia-se, principalmente, na rigorosa cincronização, por parte do cavaleiro, das trajectórias e velocidade d einvestida manifestadas pelo toiro.”
(1) in Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada, Jayme Duarte de Almeida., p.626/627, fascículo 20, Editorial Estampa, Lisboa 1962
A “XIII Corrida TVI” abre, no próximo dia7, aprogramação taurina de Julho, no Campo Pequeno, com um cartaz formado pelos cavaleiros João Salgueiro, Andy Cartagena (rojoneador espanhol) e Ana Batista que lidarão toiros de Luis Rocha, estando as pegas a cargo dos grupos de forcados Amadores de São Manços, Redondo e Monsaraz.
A corrida de 14 de Julho, depois de a empresa ter tentado várias combinações de nomes que não foi possível de todo concretizar, mantém no cartel o cavaleiro João Moura (pai), para alternar com Rui Fernandes, o triunfador da corrida de inauguração da temporada, e o jovem e promissor Tiago Carreiras, Pegam três grupos de forcados alentejanos: os amadores de Portalegre, Alter do Chão e Monforte e serão lidados toiros da ganadaria de Mário e Herdeiros de Manuel Vinhas.
A 21 de Julho, estarão em praça os cavaleiros João Moura Júnior e João Ribeiro Telles Júnior, bem como o matador de toiros espanhol Cayetano Rivera Ordoñez, que se estreia no Campo Pequeno, lidando dois toiros de Benjumea, procedência Nuñez del Cuvillo, que pastam nos campos alentejanos de Alvito.Os grupos de forcados Amadores da Chamusca e Amadores do Aposento da Chamusca pegarão os quatro toiros lidados a cavalo, da ganadaria de Francisco Romão Tenório.
As corridas de 28 de Julho, 4 e 11 de Agosto, integram-se na habitual “Promoção de Verão”, com preços cerca de 15 por cento inferiores aos da tabela habitual.
A 28 de Julho, realiza-se o tradicional “Concurso de Pegas”, este ano disputado pelos grupos de forcados amadores de Santarém, Montemor e Lisboa, que pegarão um curro de toiros de Veiga Teixeira.Quanto a cavaleiros, está concretizada a presença de João Salgueiro da Costa, que ganhou um posto nesta corrida em consequência do seu triunfo de 2 de Junho, no Campo Pequeno, faltando ainda concretizar os nomes dos seus dois alternantes.
O mês de Agosto abrirá com a “Corrida de Homenagem ao Emigrante”, em que será lidado um curro de David Ribeiro Telles.
No dia 11 de Agosto, estreia-se em Lisboa a ganadaria de José Luís Cochicho, numa corrida mista, na qual se apresentará no Campo Pequeno o mais recente matador de toiros português, Nuno Casquinha. No cartel figurarão também os matadores de toiros Luís Vital “Procuna” e António João Ferreira.
Nesta data serão prestadas homenagens póstumas ao cavaleiro José Varela Crujo, com a recolocação da lápide que evoca a trágica colhida de 11 de Agosto de 1983, em consequência da qual viria a falecer, e ao matador de toiros José Falcão, mortalmente colhido em Barcelona a 11 de Agosto de 1974.
Entretanto, no dai 30 de Junho, regressa ao Campo Pequeno o rojoneador luso-espanhol Diego Ventura, depois das suas triunfais actuações em Madrid, culminadas com duas saídas em ombros pela porta grande. Será lidado um curro de Maria Guiomar Cortes de Moura, figurando também no cartel o consagrado Rui Salvador e a jovem promessa Francisco Palha, que alcançou enorme êxito na sua apresentação, em Maio, em Sevilha.Pegam os grupos de forcados amadores de Santarém e de Évora.
As praças de toiros da Nazaré e da Figueira da Foz, esta temporada geridas pela Sociedade Campo Pequeno SA, inauguram as respectivas temporadas nos sábados 16 e 23 de Julho, com duas corridas nocturnas.
A 16 de Julho, a Nazaré abre as portas à dinastia Ribeiro Telles (António, Manuel Ribeiro Telles Bastos e João Ribeiro Telles Jr.) para uma corrida à portuguesa em que serão lidados 6 toiros da ganadaria de Santa Maria. Pegam os grupos de forcados amadores de Santarém e de Coruche.
A temporada na Figueira da Foz terá o seu início no dia 23 de Julho, com uma corrida mista na qual participarão os cavaleiros Rui Fernandes e João Moura Jr. e o matador de toiros espanhol Antonio Ferrera. Serão lidados seis toiros, sendo quatro para a lide a cavalo, da ganadaria de Inácio Ramos, e dois para a lide a pé de Falé Filipe. Pegam os grupos de forcados amadores de Alcochete e do Aposento da Moita.
Na sua Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada, escreveu Jayme Duarte de Almeida:
“SESGO – Uma das várias «sortes» que podem realizar-se com bandarilhas, a pé, e, mais recentemente, a cavalo. *Encicl.: A sorte «a sesgo» realizada a cavalo deve considerar-se de recente aparição porquanto nenhum trabalhosobre o toureio equestre o cita como procedimento aceitável. Tendo aparecido nas arenas através de João Branco Núncio que, se não foi o seu verdadeiro criador, foi, pelo menos, quem mais a divulgou, realizando-a com extraordinária maestria e beleza, ela tornou posível o aproveitamento dos toiros que, em certa altura da lide, buscam as «tábuas» e ali permanecem tornando impossível qualquer outra sorte. Por aqui se depreende que o sesgo é uma sorte «de recurso», porventura a mais bela sorte de recurso introduzida no toureio a cavalo e que, apesar de «recurso», tem incontestável valor técnico e espectacular, até porque para a executar o cavaleiro toureia de frente.
Para realizar o sesgo é condição essencial estar o toiro muito perto da trincheira e mais ou menos paraleo com ela, dando-lhe o seu lado esquerdo. O cavaleiro fará então o cite, de frente, deixando-se fixar perfeitamente para o que irá lentamente avançando até, na altura julgada conveniente, abrir o galope assim provocando a investida do toiro. Verificada esta, o cavaleiro evolucionará levemente sobre o seu lado esquerdo assim proporcionando a reunião , podendo cravar ao estribo, uma vez que desde o início da sorte, o cavaleiro fica senhor de todas as acções do adversário. Por razões fácilmente compreensíveis, ao contrário do que pode acontecer na maioria das sortes do toureio a cavalo, a «saída» do sesgo é realizada segundo uma trajecória quase recta, visto que a proximidade da trincheira não permite ao executante descrever o círculo com que, em regra, se coloca ao abrigo das perseguições perigosas dos toiros. (...)”
(1) in Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada, Jayme Duarte de Almeida., p.600, fascículo 19, Editorial Estampa, Lisboa 1962
A Ganadaria Sol e Toiros esvreveu a letras de ouro mais uma pagina da festa brava no Canada,ao tornar histórico, o dia 14 de Agosto de 2010, ao realizar a primeira corrida de toiros na sua praça sendo também a primeira no século XXI. A ultima corrida que se tinha realizado em terras Canadianas, foi a 21 de de Agosto de 1999 em Montreal, no Estádio Olimpico, com uma assistência de 10.000 espectadores.
As primeiras corridas que se realizaram no Canada foi em Maio de 1973 na arena da antiga casa dos Canadianos equipa de Hoquei no gelo. Sendo estas corridas, ainda organizdas,pelo saudoso Manuel dos Santos que já não viu a sua realização, veio ao Canada Alfredo Ovelha e José Cardal.
Depois foi a vez de José Borges,em Listuel ( Ontário ) ,onde organizou varias corridas de toiros, e touradas à corda ; dai para cá a Ganadaria Olé Toiro de Fernando Marques, em Junho de 2003 tentou organizar duas corridas de toiros, em Bramptom ( Ontário ) mas a Sociedade Protectora dos Animais conseguiu cancelar as duas touradas sob pena de prisão ao ganadero Fernando Marques se leva-se por diante as duas corridas.
Em 2011 a Ganadaria Sol e Toiros de Elio Leal, vai escrever para a história da tauromaquia no Canada, ao inaugurar a sua praça de toiros que vai passar a Monumental Victor Mendes.
5 Bonitos Toiros para a lide a Cavalo vindos da California da Ganadaria Manuel Sousa adqueridos pela Ganadaria Sol e toiros
2 Para a lide a pé da ganadaria Machado da California
São dois dos bons actuais fotógrafs taurinos, aficionados de excelência que, através das objectivas, fixam momentos para a história. Por ocasião da XXII Semana da Cultura Tauromáquica de Vila Franca, ambos terã expostos um conjunto de fotografias de inegável valor entre os dois 25 e 20 do corrente.