AS SORTES DO TOUREIO A CAVALO – “A SORTE À TIRA” (1)
Continuando o nosso trabalho de divulgação cultural taurina, e com a Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada (1), de Jayme Duarte de Almeida, editada em 1962 a ser o eixo central desta divulgação, hoje escolhemos a «sorte à tira», tão vulgarmente executada e banalizada nos dias de hoje.
Escreveu Jayme Duarte de Almeida: “TIRA (Sorte à) – Uma das maneiras como se podem «sortear» os toiros no toureio a cavalo com farpa ou rojão. *Encicl.: A sorte «à tira» , das mais belas do toureio a cavalo, marca, a bem dizer, o espírito do toureio «de frente» pois é, nesse aspecto, o mais ant.dos procedimentos regulares. Assim mesmo e como que a representar um movimento evolutivo, a sorte «à tira» pode realizar-se de duas maneiras, tendo o cavaleiro o toiro à sua direita ou tendo-o pela frente, isto, evidentemente, no momento do cite. Considerando o primeiro caso e estando o toiro à direita do cavaleiro mantendo uma direcção que, porlongada daria uma linha que se cruzaria, formando um ângulo sensivelmente recto, com aquela sobre qual se acha o cavalo, o cavaleiro partirá numa marcha lenta e alegrando o toiro, por forma a provocar a investida. Conservando o cavalo a direcção inicial a velocidade da marcha será regulada pelo ímpeto da investida, assim se elegendo um «centro» da sorte que ficará um pouco aquém do cruzamento previsto anteriormente.
Cravado o ferro, o cavaleiro sairá da sorte circulando para o seu lado direito e assim se furtando à perseguição do toiro. Sem dúvida vistosa, esta maneira de realizar a sorte «à tira» baseia-se numa sincronização de movimentos que a torna demasiadamente geométrica, razão por que é francamente superior o segundo dos procedimentos aludidos: a realização tendo o toiro pela frente. Para a levar a efeito, o cite é efectuado estando toiro e cavalo frente a frente sobre a mesma linha. Fixada a atenção do toiro nos seus movimentos, o cavaleiro partirá desviando desde logo a sua marcha para o lado esquerdo, sobre uma nova linha que, relativamente à primitivamente considerada, não deve exceder 45 graus. O toiro, arrancando na direcção do cavalo procurará atingi-lo numa altura que será, justamente, aquela que o cavaleiro antecipadamente marcou para «centro» da sorte, onde realmente se consuma, saindo o cavaleiro como se indicou para o primeiro procedimento. A perfeição executiva do procedimento baseia-se, principalmente, na rigorosa cincronização, por parte do cavaleiro, das trajectórias e velocidade d einvestida manifestadas pelo toiro.”
(1) in Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada, Jayme Duarte de Almeida., p.626/627, fascículo 20, Editorial Estampa, Lisboa 1962