AS SORTES DO TOUREIO A CAVALO – “A SORTE A SESGO” (1)
Na sua Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada, escreveu Jayme Duarte de Almeida:
“SESGO – Uma das várias «sortes» que podem realizar-se com bandarilhas, a pé, e, mais recentemente, a cavalo. *Encicl.: A sorte «a sesgo» realizada a cavalo deve considerar-se de recente aparição porquanto nenhum trabalhosobre o toureio equestre o cita como procedimento aceitável. Tendo aparecido nas arenas através de João Branco Núncio que, se não foi o seu verdadeiro criador, foi, pelo menos, quem mais a divulgou, realizando-a com extraordinária maestria e beleza, ela tornou posível o aproveitamento dos toiros que, em certa altura da lide, buscam as «tábuas» e ali permanecem tornando impossível qualquer outra sorte. Por aqui se depreende que o sesgo é uma sorte «de recurso», porventura a mais bela sorte de recurso introduzida no toureio a cavalo e que, apesar de «recurso», tem incontestável valor técnico e espectacular, até porque para a executar o cavaleiro toureia de frente.
Para realizar o sesgo é condição essencial estar o toiro muito perto da trincheira e mais ou menos paraleo com ela, dando-lhe o seu lado esquerdo. O cavaleiro fará então o cite, de frente, deixando-se fixar perfeitamente para o que irá lentamente avançando até, na altura julgada conveniente, abrir o galope assim provocando a investida do toiro. Verificada esta, o cavaleiro evolucionará levemente sobre o seu lado esquerdo assim proporcionando a reunião , podendo cravar ao estribo, uma vez que desde o início da sorte, o cavaleiro fica senhor de todas as acções do adversário. Por razões fácilmente compreensíveis, ao contrário do que pode acontecer na maioria das sortes do toureio a cavalo, a «saída» do sesgo é realizada segundo uma trajecória quase recta, visto que a proximidade da trincheira não permite ao executante descrever o círculo com que, em regra, se coloca ao abrigo das perseguições perigosas dos toiros. (...)”
(1) in Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada, Jayme Duarte de Almeida., p.600, fascículo 19, Editorial Estampa, Lisboa 1962