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BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

BARREIRA DE SOMBRA

Desde 13.06.1987 ao serviço da Festa Brava

DA BANALIDADE À GENIALIDADE

06.05.11 | António Lúcio / Barreira de Sombra

 

Na generalidade das corridas de toiros, como em muitas outras áreas da cultura e do espectáculo, o que acontece não passa da banalidade, entendida esta com algo de vulgar, trivial ou corriqueiro, incapaz de despertar os grandes sentimentos de todos quantos assistem ao espectáculo. Aquele toque de génio, essa inspiração especial, esse talento que conduz à genialidade, raramente se pode apreciar e a sua ausência faz com que alguns de nós sintam dificuldades acrescidas em escrever sobre o espectáculo que acabámos de presenciar ou, então, sentem-se tocados a escrever sobre algo que acabaram de presenciar e que, de tão sublime, faz com que se soltem as maiores emoções e a vontade de adjectivar este ou aquele momento, afinal o momento genial  que acabámos de ter oportunidade de presenciar.

 

Muitas das vezes a nossa escrita ou a nossa oralidade também não ultrapassa essa banalidade, fruto de mediocridade da maioria dos espectáculos a que assistimos. Por isso a necessidade de parar por vezes para pensar/meditar sobre os assuntos, ou de mudar de ambiente (e ver algumas corridas de grandes figuras do toureio a pé em Espanha por exemplo); ou ainda de ler uns quantos escritos de nível superior sobre aquilo de que tanto gostamos.

 

Vi toureiros geniais em Portugal; cavaleiros de se lhes tirar o chapéu; matadores que procuravam mostrar a sua arte. Mas acima de tudo e porque é a corrida à portuguesa o nosso espectáculo de referência, a genialidade de algumas figuras que nos meus 46 anos de idade tive o privilégio de ver tourear. Referências que faltam a muitos dos actuais escribas do tema taurino e, mais grave, aos jovens cavaleiros.

 

Em vez de trabalharem muito os cavalos, cansando-os mais do que ensinando as bases e a verdade do toureio frontal, seria bem melhor que passassem tempo a ver actuações magistrais de toureiros de excepção que Portugal teve e dos estilos com que fizeram furor nas arenas. De José Lupi e José Mestre Baptista; de Luis Miguel da Veiga; de José João Zoio, João Moura, Paulo Caetano, João e António Telles, Salvador e Bastinhas, Rouxinol... e por aqui me fico...

 

Aos que escrevem, que passem mais tempo a ler escritos de qualidade, de verdadeiros cultores da língua portuguesa – e aconselho-vos, fora do âmbito taurino, Eça de Queirós e Vitorino Nemésio -, e alguns escritores de temática tauromáquica de grande categoria (basta procurar nas bibliotecas e nos alfarrabistas algumas obras de referência). E já agora, procurem aprender, escutando, os mais velhos e mais sábios. Depois tirem as vossas conclusões. Verão que a maioria do que se lê e se escuta, do que se vê nas arenas, não passam, na generalidade, de meras banalidades.