O festival taurino organizado pela Tertúlia Tauromáquica Sobralense foi de êxito artístico e muito culpa da qualidade da maioria dos novilhos de toiros de Falé Filipe, os quais deram bom jogo no geral e transmitiram (excepção ao 5º, fraco de mãos mas muito nobre) e onde o novilheiro Manuel Dias Gomes saíu em ombros no final após uma importante faena a um novilho de muita classe e transmissão. Manuel Telles Bastos e Duarte Pinto estiveram em bom plano, com o segundo a destacar-se mais numa lide de muita classe e com alguns ferros a «entrar pelo toiro» levando emoção às bancadas. Duas pegas de caras ao à segunda tentativa não deslustraram a prestação dos Amadores de LIsboa, num festival que serviu para criar aficionados.
A Manuel Dias Gomes tocou em primeiro lugar um novilho que tinha seriedade que logo nos iniciais lances de capote o volteou de forma violenta mas que foi o motor de arranque para se encastar e estar em bom plano á verónica, bem desenhados os lances, de mãos baixas, a mandar nas investidas, facto que repetiria no último recebido com uma largada afarolada de joelhos em terra. A faena de muleta ao seu primeiro teve sabor por ambos os pitóns mas foi no sexto da quente tarde que esteve a grande altura com a muleta. Séries muito bem desenhadas, em redondo, com um jogo de cintura e de «muñeca» exemplares, templadíssimos e de largo traço a generalidade dos muletazos. E depois, rompendo-se, bordou o toureio em dois ou três derechazos e naturais, daqueles que fazem secar as gargantes e arrastar os olés. Foram momentos de puro deleite e prazer e onde o bom toureio, de verdade, de mando e temple se acoplaram numa cumplicidade entre toiro e toureiro só possível nos grandes momentos. A um grande novilho, uma grande faena de um novilheiro em crescendo.
Daniel Nunes não se encontrou em Sobral de Monte Agraço e foi pena pois o seu primeiro, que teve alguns problemas pelo lado esquerdo “colando-se” nas investidas, tinha um bom pitón direito e se bem que esteve em bom plano no manejo do capote em ambos, inclusivé com algunas arrimadas gaoneras, não foi capaz de dar a volta aos seus novilhos, sendo que o segundo era de grande nobreza mas sem forças. Aqui e ali houve uns quantos muletazos soltos e com qualidade mas não foi a sua tarde.
No toureio a cavalo, Manuel Telles Bastos abriu praça com uma lide de muito boa nota, mexendo bem no toiro em termos de brega, e cravando bons ferros mas nem sempre rematando as sortes. É um toureiro em crescendo de forma, e mostrou a classe da sua equitação e a seriedade do seu toureio.
Duarte Pinto é um toureiro clássico e de classe. Em Sobral de Monte Agraço assinou mais um triunfo mercê de uma lide de muito bom nível, com uma brega calmas e serena, deixando o toiro bem colocado para, em viagens serenas, algumas delas saíndo a passo, carregar a sorte ao entrar ao piton contrário e cravar de alto a baixo como mandam as regras, ferros de muito valor. Sem concessões desnecessárias à bancada, optando por um toureio sério e de classe, soube empolgar o público que o aplaudiu fortemente. Momento grande também no toureio a cavalo, a fazer lembrar figuras gradas já desaparecidas.
Os Forcados Amadores de Lisboa consumaram as duas pegas de caras ao segundo intento por intermédio de Daniel Batalha e Rui Gil, não deslustrando no cômputo geral.
No capítulo ganadeiro, triunfo também para a divisa de Falé Filipe. Dois toiros e quatro novilhos de classe, com diversos matizes mas a servirem para o triunfo dos artistas, com destaque para a enorme classe do saído em sexto lugar e para o quarto da ordem e que mereceu a chamada do ganadeiro aos médios. Houve seriedade nas investidas, prontidão nas respostas e recorrido para as lides a que foram sujeitos, nobreza e bravura em quantidade e qualidade mais do que suficientes para justificar este triunfo.
Quanto à direcção do espectáculo esteve a cargo dos delegados técnicos sr. Manuel Jacinto e Dr. José Manuel Lourenço, em bom plano e entendendo na perfeição o que se passava na arena.
A anteceder o festival, a Tertúlia Tauromáquica Sobralense homenageou o antigo matador de toiros Augusto Gomes Jr, que se apresentara de amador naquela praça a 9 de Setembro de 1936, momento de grande significado e sublinhado com fortes aplausos.
A praça registou cerca de ¾ da sua lotação preenchida em tarde de muito sol, calor, e emoções fortes.