ALCOCHETE - TRIUNFOU A SOLIDARIEDADE E DÁVILA MIURA
Num espectáculo de beneficência e onde os possíveis lucros revertem para uma associação que cuida de jovens em perigo, como é o caso da “Abrigo”, juntar um naipe importante de artistas é sempre tarefa difícil e é a presença do público, que aderiu uma vez mais em massa, que galvaniza os toureiros para se superarem. Aqui existem duas causas e os protagonistas só podem se os artista que, desinteressamente, colaboram na iniciativa e procuram que ela seja de êxito, como o foi para Dávila Miura frente a um excelente novilho de São Torcato.
Serve este introito para dizer que não entendi o porquê dos preciosismos do senhor director de corrida Pedro Reinhardt ao enviar o primeiro aviso ao rejoneador espanhol Fermin Bohórquez ao fim de cerca de 8 minutos de lide e depois mais dois que este ignorou ante o pedido do público para que cravasse o par de bandarilhas ou, depois, quando iniciou a volta sem o ter cumprimentado respeitosamennte como é da praxe. Ou ainda já no final da faena de muleta de Procuna ante um toiro difícil e quando se preparava para rematar essa mesma lide. Só que é pena que estas cenas aconteçam num festival de beneficência e não noutras situações em que algumas figuras iniciam a volta longe da direcção e sem o respectivo cumprimento...
No capítulo do toureio a cavalo gostei francamente da actuação de António Telles frente a um exemplar de Passanha que, quando provocado, investia com raça. Dois curtos de classe e um de palmo em terrenos de tábuas e com o novilho a carregar com força, serviram para António deixar nota da sua maestria e classe.
Fermin Bohórquez esteve bem a receber o toiro da sua ganadaria, com classe e cravou dois curtos de boa nota e um par de bandarilhas já no meio da confusão dos avisos. Uma lide mediana premiada com 2 voltas à arena por ter desobedecido ao director, sinal de que o público que paga o seu bilhete també exige que os directores tenham um pouco mais de atenção nestes casos.
Vitor Ribeiro, com um bom exemplar de La Dehesilla, rubricou uma lide dentro do seu estilo, com alguns curtos entrando em terrenos de maior compromisso e saindo-se a contento.
Manuel Lupi, com um colaborante exemplar de José Lupi, esteve em bom plano. Bons ferros em sortes frontais, com distâncias mais curtas como o toiro pedia, e bons momentos para o publico e aficionados.
No capítulo das pegas, Fernando Quintela abriu praça com uma pega à primeira em que não esteve correcto na reunião; Tiago Ribeiro e Bernardo Cardoso consumaram uma boa pega de cernelha à 2ª entrada; Álvaro Dentinho recuou bem e fechou-se com decisão à 1ª e Diogo Amaro também à primeira a fechar o capítulo dedicado à forcadagem que, uma vez mais, foi comandada por João Simões.
No toureio a pé, Vítor Mendes esteve poderoso e vistoso de capote com verónicas e chicuelinas e deixou um excelente par de bandarilhas. Mas depois o exemplar de Falé Filipe, com 4 anos, apenas permitiu meia dúzia de passes, metendo a cara no chão e não querendo investir em lado algum. Mendes tentou mas o toiro não andava.
Dávila Miura esteve correcto de capote e desenhou uma boa faena de muleta por ambos os pitóns frente a excelente novilho de São Torcato. Passes de qualidade por ambos os pitóns, rematados de peito e, no final, uns circulares invertidos conferiram-lhe o triunfo e a merecida volta na companhia do ganadeiro.
Luis Procuna teve por diante um toiro de Ortigão que não deu facilidades e lidou-o de frma correcta com um capote, preenchendo um bom tércio da bandarilhas. Com a muleta e à custa de muito de expor, conseguiu sacar meritórias tandas de muletazos e obrigar o toiro, manso, a passar. Injusto o aviso que escutou ao finalizar a faena.
Dirigiu, como já referimos, o delegado técnico sr. Pedro Reinhardt assessorado pelo veterinário Dr.Carlos Santos.