MOURÃO ENCHEU-SE DE UM PÚBLICO ÁVIDO DE TOIROS EM TARDE FRIA
A Festa de Toiros estará sempre bem viva enquanto consigamos transmitir às mais novas gerações todo o conjunto de valores intrínsecos a uma vivência e a uma cultura que vai muito para além do espectáculo tauromáquico formal que se realiza no círculo que constitui a arena, entrecortado por outros dois semi-círculos de sol e de sombra e onde glória e tragédia andam de mãos dadas e arte que aí se desenha é tão efémera quanto o momento em que se consuma e que os olés do povo aprovam. E quando vemos crianças, de lindo e aberto sorriso, caminharem pela arena para ofertar flores aos toureiros... o futuro da Festa Brava está seguramente assegurado.
A 1 de Fevereiro de cada ano a simpática praça de toiros de Mourão abre as suas portas e, apesar do frio, lá estavam os raios de sol a convidar para a primeira tarde de toiros da nóvel época tauromáquica. E a praça estava cheia. Cheia de um público um pouco frio, como o tempo, e que demorou a aquecer, andando um pouco ao sabor do espectáculo, aqui e ali com um ou outro pormenor interessante por parte de cada um dos artistas mas sem conseguirem levar ao rubro o espectador e com este a ficar de mãos nos bolsos para se resguardar das baixas temperaturas.
Um festival é um festival e ponto parágrafo. Não que os toureiros não se tenham aplicado, que não foi o caso. Mostraram novas montadas, os de a cavalo. Houve algum momento de frisson e de perigo com alguns toques. E houve alguns bons ferros a cargo do veterano Joaquim Bastinhas e do seu filho Marcos Tenório (também com uma colhida sem consequências) enquanto Tito Semedo sentiu maiores dificuldades, frente a novilhos de Engº Luis da Rocha que não colocaram demasiadas dificuldades. Todos deram volta no final.
No capítulo do toureio a pé, Luis Procuna, João Augusto Moura e Manuel Dias Gomes tiveram alguns bons muletazos por ambos os pitóns e Dias Gomes também bons lances de capote com as mãos baixas. Mas ambos os intervenientes não tiveram por diante novilhos de codiciosas e bondosas investidas, antes de escasso recorrido e investindo com a cara pelo ar e a buscar por vezes o vulto.
Concretizaram as três pegas de caras os forcados amadores de Monsaraz, todos com facilidade e ao primeiro intento.
Dirigiu este primeiro espectáculo o antigo bandarilheiro Francisco Farinha com assessoria veterinária do Dr. Matias Guilherme, decorrendo o espectáculo em muito bom ritmo.