Chegados ao final de Outubro, e depois do êxito histórico de Santarém nos dias 23 e 24, colocámos ponto final na nossa temporada taurina no que a assistência a espectáculos tauromáquicos diz respeito, ocupando-nos a partir de agora às análises do que vimos e assistimos e áquilo que classificamos como momentos de uma época tauromáquica. Portugal viveu sob o sign de uma crise económico-financeira mas o que mais se fez notar foi a crise de novos e grandes valores e a pouca capacidade de inovar para levar gente ás praças. Salvo duas ou três raras excepções mantiveram-se os cartéis do costume, nas datas usuais e, mesmo assim, nalguns casos, com fracos resultados.
A televisão foi um importante veículo transmissor das virtualidades da nossa Festa Brava e honra seja feita à RTP e TVI pelas corridas transmitidas e à RTP/2 por manter programas como o «Arte & Emoção» e «Três Andamentos» para mostrar a um vastíssimo auditório tudo quanto se passa dentro e fora das arenas, com o toiro e o cavalo como figuras centrais. Nas ilhas dos Açores, e principalmente na Terceira, um programa taurino na TV e na rádio, além das páginas dos jornais, permitiram a muitos milhares de aficionados seguirem essa particular forma de tauromaquia que é a «tourada à corda».
Ainda no que à televisão diz respeito, continuamos a verificar um fenómeno de audiências que é sintomático: de cerca de 300 mil telespectadores numa transmissão a um máximo de 800 mil num directo do Campo Pequeno com toureio a pé. Os shares são elevados assim como as audiências. Alguém duvida da capacidade de penetração transversal a toda a sociedade do fenómeno tauromáquico?
Mas o mais importante acontecimento do ano teve lugar nos dias 23 e 24 de Outubro em Santarém, sob a batuta de Francisco Moita Flores, dos peticionários em defesa da festa brava e da empresa Aplaudir:
Mais de 53000 assinaturas reunidas na petição «Em Defesa da Festa Brava»
mais de 40000 bilhetes vendidos em 4 festivais
3 lotações esgotadas na “Celestino Graça”
30 cavaleiros, matadores e novilheiros
30 toiros e novilhos lidados
15 Grupos de Forcados Amadores
240 forcados fardados
Mais de duas dezenas de bandarilheiros
Duas dezenas de presidentes de Câmara homenageados
Presença de artistas e figuras de diversas áreas da cultura, incluido o Secretário de Estado da Cultura Elisio Summavielle
Alguém terá dúvidas quanto á real-valia do fenómeno tauromáquico nos mais diversos pontos do País e nos diferentes estratos sociais?
A partir de agora dedicar-me-ei à análise da temporada 2010 que o «Barreira de Sombra» acompanhou, num total de 56 espectáculos ao vivo.
"Só os medíocres não erram, só os prepotentes não agradecem"
Na antiguidade clássica, alguém construiu a frase supra mencionada, sublinhando que todos devemos ter a noção dos erros que cometemos, nunca perdendo a capacidade de agradecer o apoio que nos é concedido. É isso que deve honrar o homem.
Finda a jornada festiva de 23 e 24 do corrente em Santarém, com inegável êxito, onde foram ultrapassados todos os objectivos que nos propúnhamos atingir, é tempo de um primeiro balanço. Assim, no início julgamos ser possível juntar em Santarém cerca de 35.000 pessoas, ambição que mesmo alguns de nós consideravam exagerada. Este número foi largamente ultrapassado. O número de bilhetes vendidos ficou perto dos 40.500, mas passaram pela Monumental Celestino Graça nos 4 espectáculos cerca de 45.000 pessoas. Já quanto à petição, a razão suprema deste evento, estabelecemos como objectivo atingir as 40.000 assinaturas. Terminamos o Domingo com um número muito perto das 52.000, quando ainda falta apurar algumas listagens oriundas de vários pontos do país que nos foram enviadas.
Relativamente a este ponto, convém referir que todas as assinaturas que dispomos, tem nome e n.º de Bilhete de Identidade, e partiram de manifestações de vontade das pessoas que aderiram a esta causa. O evento foi realizado para esse efeito, foi anunciado e todos sabiam ao que vinham. Cada assinatura vale efectivamente uma pessoa.
Até nisto somos diferentes daqueles que se dizem anti-taurinos. Não fomos no passado, não vamos no presente, nem iremos no futuro, para as portas de outros eventos, tentar ali obter as assinaturas, como se passou nos dois concertos dos U2 em Coimbra, onde um grupo de jovens no meio daquela confusão, tentava recolher assinaturas contra a festa brava. Algumas das pessoas que assinavam não faziam a mais pequena ideia do que estavam a fazer. Não criticamos, mas apenas refiro que nós os aficionados somos diferentes.
É pois o momento de honrar a frase com que iniciei estas linhas; pedir desculpa pelos erros de organização, que os houve, e mais importante, agradecer a todos. Desde logo aos aficionados que vindos de todo o país quiseram dizer presente. Foi uma extraordinária manifestação da mais pura "aficion". Sentia-se alma taurina na Celestino Graça. Todos responderam ao nosso apelo. Apenas muito obrigado.
Um obrigado enorme também a todos os cavaleiros, matadores, novilheiros, forcados, bandarilheiros e a todos os ganadeiros que graciosamente nos ajudaram a construir estes dois dias de festa. Sem a sua ajuda, o seu profissionalismo, o seu talento, nada disto tinha sido possível.
Obrigado também a todos os que manifestaram vontade de estar presentes e aos quais não pudemos satisfazer essa pretensão. Havia toureiros e novilhos para mais corridas, mas era impossível.
Obrigado a todos os autarcas, de todos os quadrantes políticos e ao actual Secretário de Estado da Cultura, que vieram a Santarém mostrar a sua aficion, e que o fizeram de forma clara, dando a cara, mostrando a todos que ninguém tem motivos para ter vergonha de ser aficionado, antes deve sentir orgulho por essa sua condição.
Um obrigado especial ao João Pedro Bolota. Não o conhecia, nunca tinha falado com ele, nunca tínhamos partilhado o mesmo espaço. De início era apenas o empresário da Celestino Graça e por isso parceiro natural e obrigatório. Não era possível deixá-lo de fora. Depois tornou-se mais do que isso. Ofereceu-nos a sua "máquina" e os serviços da sua empresa, sem pedir absolutamente nada em troca. Diga-se que também não tínhamos nada para lhe dar. Tenho hoje a consciência que foi imprescindível, que sem a sua ajuda tudo teria sido muito mais difícil, talvez até impossível de ter sido realizado. Se a nós nos coube a estratégia, a ele coube a execução. O sucesso da iniciativa é também dele. Um grande abraço.
Um obrigado enorme também à comunicação social, principalmente às rádios locais que passam nas suas emissões programas de tauromaquia, aos "sites" especializados, à imprensa escrita, às revistas especializadas, às televisões pelo apoio incondicional. Gostava de os mencionar um a um, mas existiria o perigo de deixar alguém de fora, e isso não seria justo, pelo apoio que de todos sentimos.
Não vou falar das coisas negativas. Essas não contam, não são importantes, não podem ser importantes. O que temos de sublinhar é o espírito que saiu de Santarém e que não se pode perder. Provámos que juntos somos fortes, e que não existe movimento, associação, grupo excursionista, partido político, seja lá o que for que nos possa derrotar. Mas que fique claro; apenas ganhamos uma batalha. Se o espírito de Santarém sobreviver, se nos mantivermos unidos, ganharemos a guerra, esta e outras que apareçam.
Para que isso aconteça, temos de rapidamente acabar com a pequena intriga, com a pequena maledicência, enfim, temos de derrotar a frase que constantemente ouvimos "que os maiores inimigos da festa estão dentro dela". Se conseguirmos isso, e de seguida nos centrarmos nos reais problemas da festa, então muito dificilmente voltaremos a passar pelo que estamos a passar actualmente.
Por fim, para os críticos do costume, para os profissionais da critica, aqueles que nunca acham nada bem feito, que nunca vem mérito em coisa alguma, mas que também nunca nada fizeram, deixo uma frase de um antigo presidente dos Estados Unidos: "Não critiquem; façam qualquer coisa! " Sendo que é sempre mais fácil criticar do que construir algo.
Vimos por este meio congratularmo-nos com o sucesso da Jornada EM DEFESA DA FESTA BRAVA realizada no passado fim de semana na Monumental Celestino Graça em Santarém. A Aplaudir agradece a todos quantos contribuiram para que o êxito fosse total e as repercussões de tais actos tenham extravazado as nossas próprias fronteiras. Estão de parab´nes em primeiro lugar os Peticionários, os Aficionados, todos os intervenientes da Festa com especial atenção aos Ex.os Ganaderos, Toureiros e Forcados. Também as associações da Festa como o Sindicato Nacional dos Toureiros Portugueses, a APET, a ANGF, a Associação de Criadores de Toiros de Lide, e todas as outras que se associaram a estes eventos. O papel da Aplaudir foi o de prestar um serviço publico e não actuar como empresa comercial. Há alturas na vida de uma empresa em que é preciso saber distinguir o que está acima dos objectivos da empresa e o do que deve abdicar para poder colaborar desinteressadamente a favor de uma cultura, de uma arte da qual todos nós dependemos e amamos.
Queremos agradecer também a toda a Imprensa Taurina sem excepção porque todos eles foram importantes para estes dias de glória que ficarão na memória colectiva. Não excluimos ninguem e repetimos que todos , mas todos mesmo, fazem parte da Festa Nacional e de todos ela precisa!
Agradecemos também ao nosso amigo José André por todo o seu trabalho de interligação e ajuda.
Um agradecimento especial ao Carlos Anjos que esperamos vivamente que continue a "dar a cara ", como é seu timbre em defesa da nossa causa, que tão bem entende e muito nos honra ter trabalhado com este Homem.
E como os ultimos são sempre os primeiros o nosso bem haja, enquanto aficionados e homens de bem, ao Dr. Moita Flores por ter lançado o repto e o desafio de nos unirmos EM DEFESA DA FESTA BRAVA. Sem ele e sem a sua iniciativa, a teoria " do deixa andar" que se tinha instalado na nossa Festa continuaria ,até que um dia chorariamos o nosso passado num presente sem futuro...
As nossas desculpas por algumas falhas que tenham existido porque a responsabilidade das mesmas são unica e exclusivamente da Aplaudir
Estas são algumas das minhas fotos que registam vários dos momentos que se viveram, intensa e emotivamente, em Santarém, no passado fim-de-semana, em defesa da festa brava.
Com o objectivo de incentivar os jovens que serão o futuro da nossa festa, a Centenária Praça de Toiros Palha Blanco volta a abrir as suas portas na temporada de 2010, para um espectáculo de apoio aos novos valores da tauromaquia portuguesa.
No próximo dia 7 de Novembro, domingo, pelas 16 horas, anuncia-se um espectáculo de Variedades Taurinas onde actuarão jovens cavaleiros, forcados e espadas que sonham ser o futuro da nossa tauromaquia, numa jornada dedicada à juventude.
No cartel anunciam-se os nomes dos cavaleiros Paulo de Azambuja e João Maria Branco e dos jovens alunos da Escola de Toureio José Falcão de Vila Franca de Xira, Miguel Murtinho, Tiago Santos, Pedro Noronha, João Carreiras, Miguel Pereira, Pedro Cunha, Juan Gomes e João Sobral, assim como os forcados amadores de Vila Franca de Xira, que lidarão exemplares das ganadarias de Manuel Dias (dois exemplares para a lide a cavalo) e de Falé Filipe (três novilhos e um bezerro) para a lide apeada.
De realçar que neste espectáculo, os jovens com idade igual ou inferior a 16 anos terão entrada gratuita, enquanto que o preço geral é de 2 Euros para o restante público.
Venha pois a Vila Franca apoiar os jovens valores, numa jornada de festa para a nossa tauromaquia.
O cavaleiro praticante Mateus Prieto acordou com a dupla Maurício Vale e José Luís Gomes uma nova etapa de apoderamento da sua carreira por tempo indeterminado a partir do dia de hoje, sexta-feira 22 Outubro 2010. O acordo foi selado á boa maneira antiga com o tradicional aperto de mão, ficando o futuro do jovem cavaleiro que importantes triunfos tem alcançado durante a temporada 2010, destacando-se a sua actuação na Monumental do Campo Pequeno a 12 Agosto último, entregue a esta importante dupla de apoderados depositando todos fortes ilusões no futuro de Mateus Prieto!