BARREIRA DE SOMBRA - TEMPORADA 2015 - 1.ª - EMISSÃO 11/MARÇO/2015
Na última crónica, das 35 que aqui no Barreira de Sombra mantive, e que eram o suporte escrito do que ia para o ar na www.FeelFm.pt, dizia:- “Este espaço, que semanalmente aqui, na www.FeelFm.pt, podem seguir, tem hoje um final.
Teve um final, mas não um fim, um adeus definitivo. Era o que pelo menos assim o esperamos, eu e o meu Amigo António Lúcio. Aquela seria o final, mas de uma série, e de uma sequência, um intervalo”, não da minha contribuição na festa dos toiros, mas de um tributo ao lavor que o meu amigo António Lúcio, com o seu Barreira de Sombra, vem, há cerca de trinta anos, dando à difusão, divulgação e defesa da Festa Brava. A minha contribuição, que é feita porque gosto, é também com gosto, com quem gosto, como diria o José Cárceres, a gosto. Por falar no José Cáceres, aquele programa que alimentava no Canal dois da RTP, o Arte e Emoção, faz muita falta na grelha da televisão, e não pode ou deve ser substituído pelo actual programa 'Cavalo', que também é necessário,mas não o rende como programa dedicado aos aficionados e à festa dos toiros em Portugal. O Arte e Emoção era um programa para o nosso gosto, por quem, como o José Cáceres, que fazia agosto.
E é com muito gosto que volto a poder colaborar com o meu amigo António Lúcio. Uma colaboração que este interregno de Novembro até hoje, teve um intervalo, e que foi um tempo para tratar de outros assuntos, mas também um espaço para com mais tempo, poder ir vendo, lendo e acompanhando o que nestes tempos de 'defeso' se foi passando nesta área, cá, em Portugal, na Europa, onde dizem estamos inseridos, mas também do outro lado do Atlântico, pelas Américas.
Cá, onde este foi o tempo das entregas de prémios, das homenagens, das festas, e de algumas tricas e trocas.
Não sendo uma trica, mas que pode e vai ocasionar algumas trocas, sobretudo na maneira de ser e estar de algumas personagens, das muitas coisas que ocorreram, por cá, naturalmente, destaco, por importante, embora controversa, a conclusão e aprovação no Parlamento, na Comissão de Segurança Social e Trabalho, da Proposta de Lei que estabelece o regime de acesso e exercício da actividade de artista tauromáquico e de auxiliar de espectáculo tauromáquico. Uma regulamentação que é uma arma de dois gumes. Pode ser uma janela de oportunidade, por onde entre o ar que anime a ar bafiento que certos 'artistas' fazem questão de empestar à festa, mas também pode ser a porta que se fecha de vez, encerrando lentamente a festa dos toiros. E como a festa precisa de 'novos ares, novos actores, novos argumentos'! Argumentos, actores e uma outra dinâmica, que sem malbaratar a tradição, a cultura, o 'ambiente', seja capaz de promover a renovação que os novos tempos exigem. Mais que novas regras, novas leis, novos preceitos jurídicos, a Festa dos Toiros em Portugal, necessita de uma mudança de dinâmicas empresariais, profissionais e de respeito pelo espectador e aficionado.
E como aficionado, espectador e português, ao percorrer esta Proposta de Lei, faço votos que o bom senso se derrame sobre as cabeças dos nossos ilustres políticos de serviço, iluminando-os com um pouco de bom senso e sensatez. Bom senso e sensatez, estados de conhecimento, capazes de contornar estados de alma, minudências político/partidárias, onde a natural ignorância, aliada ao preconceito, e a sua associada, estupidez, traços que são um forte apanágio da grande maioria deles, os capacite a verter em forma de lei, o razoável, estripando, por exemplo, aquela enormidade agora em Proposta, de impor limites de idade nas apresentações em público, aos miúdos, que gostarem de ser toureiros, quando isso não é exigido a outros tipo de artes e espectáculos. Mas há mais. Delas falaremos a seu tempo. Falaremos, nós, mas penso que já deveriam estar a falar, discutindo e promovendo a discussão, outros, os empresários, os cultores da tradição, os putativos paladinos da igualdade de direitos, os defensores da liberdade, das liberdades de todos, até dos que não sabem viver em liberdade.
Mas este foi um tempo de intervalo. Um intervalo que agora recomeça, no recomeço, passe o pleonasmo, de uma nova temporada tauromáquica, a temporada de 2015.
Se em Novembro, então, foi o ponto final de uma série, um intervalo após 35 emissões, hoje é o arranque de um novo ciclo.
Se então, em 26 de Novembro era o fim de uma série que coincidia com o fim da temporada tauromáquica de 2014, agora, que já se ouviram os primeiros toques do cornetim para as cortesias em algumas praças com a realização de festivais, estão dados os primeiros passos da temporada de 2015.
Temporada de 2015, que esperamos seja tão boa, senão melhor, do que foi a de 2014. São os meus votos, a minha esperança, a minha ilusão.
Ilusão e esperança, dois sentimentos que se apoiam e reforçam na quimera de ver como será a aplicação do 'novo Regulamento Taurino', um instrumento há muito reclamado. Novas regras, que o tão reclamado novo regime jurídico da actividade tauromáquica veio trazer, impor, e cuja entrada em vigor no passado ano, teve um primeiro ensaio prático, nem sempre por muitos conhecido, entendido e compreendido, quer por artistas, outros participantes no espectáculo, quer pelos aficionados. A aversão ao que é novo, ao que foge ás regras da 'anormal, normalidade' também aqui na Festa dos Toiros, tem seguidores indiscutíveis e empenhados. Depois do 'novo Regulamento', agora só falta ver qual vai ser o resultado final jurídico, e a aplicação prática, do 'novo regime de acesso e exercício da actividade de artista tauromáquico e de auxiliar de artista tauromáquico'. Engraçado, para não dizer bizarro, este longo nome da Proposta de Lei. - São uns pandegos estes nossos deputados quando toca a 'inventarem' o que já está inventado, a começar pelo nome. - É que não lembrava a qualquer um, este soberbo e longo “novo regime de acesso e exercício da actividade de artista tauromáquico e de auxiliar de artista tauromáquico”. Enfim…
E, enfim, cá estamos, numa primeira crónica, embora com sabor a balanço de 'férias grandes', no arranque da temporada taurina de 2015, onde, por certo, muito haverá que comentar, criticar, e louvar.
Como se diz no meio, 'que Deus reparta sorte'.
Do Norte, com um abraço
José Andrade